26 janeiro 2010

Vale do Ceira – AQUI COLMEAL

O homem que projectou a União Progressiva para o futuro Dois meses volvidos após a fundação da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, em 20 de Novembro de 1931 em face de alguns elementos directivos não colaborarem, não comparecerem às reuniões, nem justificarem as ausências, o presidente Joaquim Fontes de Almeida viu-se forçado a renunciar, apresentando a demissão. Decisão certamente difícil. Todavia, tudo aponta ter sido devidamente ponderado, eventualmente dialogando antecipadamente com personalidades já experientes nas coisas colectivas, avistando-se com conterrâneos e previamente assegurando a sucessão, para a novel agremiação regionalista não cair no vazio directivo. Nove dias ocorridos, e pacificamente, em 29 de Novembro tomou posse o segundo executivo da União Progressiva liderado por Manuel Nunes de Almeida, nascido na Malhada em 16 de Setembro de 1900, filho de António Nunes e Ana de Almeida. Pelo ambiente na colónia colmealense residente em Lisboa, maioritariamente radicada na Mouraria, que ainda não tinha absorvido as propagadas virtualidades do movimento regionalista, a Manuel Nunes de Almeida, e aparentemente, não se apresentavam muitas possibilidades de êxito. Porém, coadjuvado por homens tal como ele de rija têmpera e contrariando previsões menos optimistas, não só deu continuidade à União, firmando-a e credibilizando-a junto de outras agremiações congéneres e dos conterrâneos, como foram concretizados dois benefícios de grande importância no sentido da melhoria social dos residentes nas nossas aldeias. Qualquer natural da freguesia, residente na capital ou em qualquer outra localidade do país, para enviar dinheiro a um seu familiar tinha de efectuar a remessa por intermédio dos correios, essa a única forma existente. Todavia, o destinatário para levantar o chamado “valor declarado” tinha de se deslocar à sede concelhia e por montes e vales palmilhar 30 quilómetros (ida e volta), fosse o escaldante Verão ou o rigoroso Inverno da Serra. Certamente Manuel Nunes de Almeida muitos passos deu, inúmeros contactos efectuou de repartição em repartição, mas finalmente em 8 de Julho de 1932, a ordem de serviço nº 196 dos CTT, determinava “que seja ampliado o serviço de valores declarados à estação do Colmeal”. Tal como noutros cursos de água a travessia do ribeiro do Soito era efectuada através de pontão de tábuas de pinho, cujo estado de podridão representava um perigo para a integridade física dos utentes. Os naturais do Soito mobilizando-se, pensaram na substituição mas os fundos económicos não eram animadores e delegando em natural da aldeia foi a problemática apresentada de viva voz à direcção da União Progressiva. O presidente Manuel Nunes de Almeida que conhecia o trajecto como as suas mãos, o qual era também utilizado pelos residentes na Malhada, Foz da Cova e Carrimá, pelo menos para se deslocarem à sede de freguesia para assistirem à celebração da missa dominical, em reunião de direcção, analisado o assunto com a profundidade indispensável, foi deliberado construir-se a ponte em pedra com largura suficiente para o trânsito de carros de bois e carroças que orçou em 5.836$00, integralmente suportados pela agremiação, cujo montante representa hoje umas largas centenas de contos. O empreendimento foi, pois, a primeira obra material. Como tal, um marco histórico na vida da colectividade. Na nossa opinião, após madura análise e anos de meditação ao passado longínquo, consideramos o malhadense Manuel Nunes de Almeida, o dirigente da transição regionalista, do passar das palavras aos actos, o homem que contribuiu decisivamente para projectar a União Progressiva no futuro, o qual faleceu em 7 de Março de 1946, na freguesia do Socorro, em Lisboa. 10 de Abril de 1999
FERNANDO COSTA
Referências bibliográficas: O Colmeal, nºs 55, 112, 117 e 175; Assento de Baptismo, Conservatória do Registo Civil de Góis, no qual está averbado o passamento. in “O Varzeense”, N.º 310, de Junho de 1999 Do espólio de Fernando Costa

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