“Esta é a primeira biografia de um dos escritores mais importantes da história da literatura portuguesa. Através dela acompanhamos a vida de José Saramago, desde o seu nascimento na Aldeia da Azinhaga, Golegã, até à sua mudança para Lanzarote.
José Saramago decide dedicar-se à escrita ficcional aos 53 anos e, em 1980, lança Levantado do Chão, onde surge o que viria a ser conhecido como o «estilo saramaguiano»: o narrador «oraliza» a escrita como se estivesse de viva voz numa roda de comparsas e desrespeita ostensivamente as regras sintácticas e a pontuação. Mas é o seu terceiro romance, Memorial do Convento, 1982, que o consagra definitivamente.
Em Outubro de 1998, Saramago ganha o Prémio Nobel da Literatura, tornando-se o primeiro e único escritor de língua portuguesa a obter tal distinção.
Onze anos depois, continua a escrever e a gerar polémica. Disso é exemplo Caim, o seu último romance, de 2009.”
Assim se lhe refere o autor, João Marques Lopes, neste livro acabado de sair e onde nas pouco mais de cento e setenta páginas nos dá a conhecer a vida do escritor.
“José Saramago nasce a 16 de Novembro de 1922 na aldeia da Azinhaga, Golegã. Em 1924 os pais mudam-se para Lisboa e aos sete anos, o pequeno José começa a aprender as primeiras letras. Frequenta as escolas primárias da Rua Martens Ferrão e do Largo do Leão. Depois, durante apenas dois anos (1933-1935) continua os estudos ingressando no antigo Liceu de Gil Vicente que ao tempo funcionava dentro do próprio Convento de São Vicente de Fora.
No princípio desta década de trinta, apenas um quinto dos portugueses habitava em centros urbanos, cerca de metade da população activa dedicava-se à agricultura, o analfabetismo passava dos 60% e a esperança de vida era somente de 47 anos.
Por motivos económicos, abandona os estudos liceais e vai para a Escola Industrial de Afonso Domingues onde no ano lectivo de 1939-40 conclui o curso de Serralheiro Mecânico. Começa a frequentar assiduamente bibliotecas públicas com destaque para a Biblioteca Municipal do Palácio Galveias, ao Campo Pequeno, mas foi na própria biblioteca da Afonso Domingues que ele começa a ler Fernando Pessoa.
Datará provavelmente de 1940 o início do namoro de Saramago com Ilda Reis, à qual oferece os seus primeiros versos conhecidos e com quem casa em 1944.
Em 1947 publica o romance Terra do Pecado e nasce a sua filha Violante Saramago.
Apesar de não ter estado envolvido nos meios oposicionistas durante a campanha de Norton de Matos, em 1949 vê-se compelido a deixar o emprego que tinha na Caixa de Abono de Família do Pessoal da Indústria Cerâmica por desavenças de carácter político. Em 1953, porque um seu romance não teve resposta da editora decide suspender o seu afã de escrever e publicar. Só em 1966 Saramago faz sair Os Poemas Possíveis e em Setembro de 68 começa a escrever regularmente crónicas para o jornal A Capital.
Divorcia-se de Ilda Reis em 1970, no mesmo ano em que é fundado o MRPP, onde milita a sua filha Violante. No ano anterior, Saramago entrara para o então clandestino PCP. Com o 25 de Abril vem a trabalhar para os ministérios da Educação e da Comunicação Social. Passa durante alguns meses pelo Diário de Notícias onde foi director-adjunto e depois dedica-se às traduções e à escrita.
Publica Levantado do Chão em Fevereiro de 1980, obra que se torna o primeiro êxito de público e de crítica do autor e que vem a ganhar o Prémio Cidade de Lisboa, o primeiro galardão literário realmente importante recebido por Saramago. Memorial do Convento, considerada a sua obra-prima, é publicado em 1982. Seguem-se O Ano da Morte de Ricardo Reis e A Jangada de Pedra.
Entretanto conhece Pilar del Rio, jornalista, com quem casa em 1988. A publicação de O Evangelho segundo Jesus Cristo em 1991 vem a originar no ano seguinte uma grande polémica face ao veto do Governo à candidatura do romance para o Prémio Literário Europeu. No ano seguinte vai viver para a ilha de Lanzarote.
A partir de 1995 o seu nome começa a circular insistentemente como provável vencedor do Nobel, o que vem a acontecer em Outubro de 1998.
A Fundação José Saramago é instituída em 29 de Junho de 2007 e está sediada na histórica Casa dos Bicos em Lisboa. ”
Biografia – José Saramago, de João Marques Lopes
Guerra & Paz, Editores S.A.
1ª Edição: Janeiro de 2010
José de Sousa Saramago, como já aqui referimos neste espaço, foi casado com Ilda Reis, filha de Adelaide Reis e António Nunes dos Reis, que foram da freguesia do Colmeal. António Nunes dos Reis foi um dos fundadores, e durante muitos anos, dirigente da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, colectividade pioneira no regionalismo e uma das mais antigas no concelho de Góis.
Também Saramago passou pela União Progressiva tendo sido eleito em Assembleia-Geral de 18 de Janeiro de 1948 para 1º Secretário da Direcção, lugar que mantém até 17 de Dezembro de 1950. Após um breve interregno, volta a ser eleito em 24 de Abril de 1954 para o mesmo cargo onde fica até 27 de Dezembro de 1955.
Para a União Progressiva da Freguesia do Colmeal é uma enorme honra ter tido José de Sousa Saramago, um grande escritor e Prémio Nobel, entre os seus dirigentes.
A. Domingos Santos
1 comentário:
Há uns anos atrás, aquando da realização, na Faculdade de Letras de Lisboa, de uma homenagem a José Saramago, inserida num encontro de professores de Português, tive oportunidade de falar uns minutos com o escritor. Disse-lhe que era oriundo do Colmeal e perguntei-lhe se ele se lembrava da nossa terra. Ele respondeu-me que se lembrava muito bem, principalmente dos grandes passeios que dava pelos montes e vales do Colmeal.
No livro "As Pequenas Memórias", ele relembra apenas a sua infância. Penso que seria interessante tentar recolher as memórias que Saramago tem da sua passagem pelo Colmeal e pela colectividade. Como? Não sei... mas fica a sugestão.
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