21 fevereiro 2019

arganilia – revista cultural da beira serra


O movimento regionalista tem nas Beiras, mormente na Beira Serra, um dos seus berços mais profícuos. Diz D. Eurico Dias Nogueira, nesta revista, que “regionalismo, como movimento associativo, nasceu sobretudo no coração dos beirões”.

Dificilmente se encontrará aldeia ou lugar que não tenha uma Comissão de Melhoramentos, uma União, enfim, um conjunto de homens bons e teimosos beirões que, trazendo cada um a sua pedra, foram construindo os melhoramentos imprescindíveis à vida colectiva das populações, longe que se andava do Estado social.

Não fossem estas agremiações e a água canalizada, a luz eléctrica, a estrada, o posto de saúde ou a cabine telefónica não teriam chegado de forma tão célere às serranias deste Portugal que permanece ostracizado.

Hoje, o seu papel é mais de índole sociocultural, pois que os melhoramentos são herculeamente dispendiosos para estas associações, muitas sediadas em Lisboa. Porém, enfrentam desafios de sobrevivência, com dificuldades de captação de associados que desejem prolongar a vida destas agremiações.

Editorial (parte)
Arganilia nº 31 – Dez2018



AROUCA & PASSADIÇOS DO PAIVA – um fim-de-semana com a União


A União preparou para 4 e 5 de Maio, um excelente fim-de-semana que nos levará até Arouca e aos Passadiços do Paiva, conforme informação já prestada aos associados. 

Em hora a indicar partiremos de Lisboa com destino a Arouca, onde faremos uma visita panorâmica. A seguir, uma visita guiada ao Mosteiro de Santa Maria de Arouca, a maior construção granítica do género, em Portugal. Objecto de várias intervenções, o actual edifício data dos séculos XVII e XVIII. Teremos oportunidade de observar ao longo da visita, a Sala do Capítulo, a Cozinha, o Claustro, o Cadeirão, bem como parte do Museu de Arte Sacra, considerado um dos mais ricos da Península Ibérica. 



Após o almoço vamos conhecer “a pedra que pare pedra”. Para melhor compreender estas rochas enigmáticas, que os populares apelidaram de Pedras Parideiras, visitaremos a Casa das Pedras Parideiras – Centro de Interpretação. 
Aberto ao público desde Novembro de 2012, tem como objectivo contribuir para a conservação, compreensão e valorização deste geossítio de relevância internacional. Será exibido um documentário 3D “Pedras Parideiras: um tesouro geológico” que permitirá melhor compreender este importante património geológico. 
Seguiremos depois para uma observação do afloramento rochoso principal das Pedras Parideiras. 


No Radar Meteorológico de Arouca, subiremos ao piso panorâmico, de onde se tem uma magnífica vista. Se a tarde se apresentar límpida, será possível observar desde a Figueira da Foz até ao Grande Porto, perdendo-se de vista até à imponência das montanhas de Montemuro, Estrela ou Caramulo. 
O jantar e a dormida serão no hotel S. Pedro, em Arouca. 

No domingo, após o pequeno-almoço, vamos ter a manhã dedicada aos Passadiços do Paiva. Localizados na margem esquerda do Rio Paiva, teremos oportunidade de percorrer os seus 8,7 km que proporcionam um passeio “intocado”, rodeado de paisagens de beleza ímpar, num autêntico santuário natural, junto a descidas de águas bravas, cristais de quartzo e espécies em extinção na Europa. Uma viagem pela biologia e geologia acompanhados por um guia local, que ficará, com certeza, no coração, na alma e na mente de qualquer apaixonado pela Natureza. 




A seguir ao almoço, iniciaremos o regresso a Lisboa, com paragens durante a viagem. 

UPFC

05 fevereiro 2019

ANTÓNIO FERREIRA RAMOS



A União Progressiva da Freguesia do Colmeal ficou hoje mais pobre, com o falecimento de um dos seus mais carismáticos associados.
Dedicado e entusiasta dirigente, sempre disponível, sempre presente, António Ferreira Ramos, o sócio mais antigo da União, deixou-nos.
Associado da União desde 14 de Abril de 1944 exerceu o seu primeiro cargo na Direcção liderada por Manuel Martins da Cruz, eleita em 25 de Janeiro de 1952. Depois e até 2005, foi uma presença constante nos diversos órgãos sociais da União Progressiva.
Na última Assembleia-Geral foi nomeado Sócio Honorário. Uma homenagem e um reconhecimento justos. Em Maio de 2017, fizemos-lhe entrega de uma placa alusiva, momento que recordamos nesta fotografia.
Nasceu no Colmeal em 10 de Janeiro de 1927. Uma vida nem sempre fácil naquele tempo. Partiu hoje, poucos dias depois de ter completado 92 anos.
Um exemplo a ser seguido por todos nós. Um HOMEM amigo do seu amigo.
A Direcção e os restantes órgãos sociais da União Progressiva da Freguesia do Colmeal apresentam a todos os familiares as mais sentidas condolências.

UPFC

04 fevereiro 2019

MARCAS DA VIDA – Josefina Almeida


Bairro dos Anjos. Lisboa. Sábado passado.
Foi bom percorrê-lo, recordá-lo, redescobri-lo. Tão característico e agora tão diferente.
As mesmas ruas. Não as mesmas pessoas, não as mesmas lojas.
Outros sons, outros cheiros, a ausência “dos populares pregões matinais que já não voltam mais”, como cantaria Amália.
O velho eléctrico, hoje mais turístico que o “operário” de outros tempos.
Prédios que garbosamente mantêm as suas lindas fachadas. Com as suas varandas de ferro trabalhado, uma preciosidade para quem pára e as contempla.
Um antigo estabelecimento que parou no tempo, ao virar de uma esquina, com as suas antiguidades, nossas recordações.
Nós, que também já vamos fazendo parte de uma montra de velharias. A nossa.


E porque andámos pelos Anjos?
Porque ia ser feito o lançamento de um livro. De poesia. De uma amiga nossa. De uma amiga de todo nós. De uma associada da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.
Espaço simpático. De pessoas simpáticas, não fossem elas do concelho de Góis.
Foi no sábado à tarde, dia 2 de Fevereiro, dia de Nossa Senhora das Candeias, como foi recordado, na Livraria & Papelaria Fonsecas, no nº 64 B da Rua Maria Andrade.

MARCAS DA VIDA, de Josefina Almeida, natural de Açor – Colmeal, Góis.


Rodeada de amigos e de familiares.
Uma hierarquia de gerações - filhos, netos e bisnetos. Mais uma irmã também dada às letras, uma sobrinha dada às artes e um cunhado, que admite ter a felicidade de voltar a ver campeão o seu clube do coração.
E também os amigos da União, a associação regionalista mais antiga da freguesia.
Josefina de Almeida estava feliz, denotando é certo, algum nervosismo.
Os seus quadros embelezavam a envolvente da apresentação. Edições Colibri com o lema “Fazemos livros com paixão e profissionalismo!” abriram a sessão. Lisete de Matos, sua irmã, fez a apresentação. Comoção à flor da pele. Catarina, a sobrinha e Américo Jaime, o filho, leram poemas do livro apresentado.
Poemas onde se percebe o entusiasmo da autora e também o seu desânimo, a alegria e a tristeza, as recordações, a força. E também as fraquezas que viraram em força.













Josefina de Almeida é uma mulher de armas. Que não desarma. Luta e ultrapassa barreiras e contrariedades, doenças e tudo o mais que se possa imaginar.
Resistente, resiliente, corajosa, combativa, determinada, vai-nos brindando com as suas frequentes intermediações nos campos da pintura e da poesia.
Um exemplo a seguir.

MARCAS DA VIDA.
170 poemas e mais de três dezenas de fotos de quadros seus.
Num livro, em que nos recorda que “Na vida é proibido parar, há sempre algo que precisamos aprender e conhecer, para melhor compreender.”

Terminamos este apontamento reproduzindo as palavras de Lisete de Matos, insertas na contracapa: “Com a publicação da tua obra, reencontro-te, finalmente, respeitosa e agradecida, na coragem com que agarras o poder da escrita e da pintura, que alguns continuam a considerar privilégio de poucos, para falar da tua experiência e realidade social, para as registar e delas guardar memória, tornando-as património imaterial e colectivo.”
E um poema de Josefina Almeida,

CORRI
Hoje havia vento,
Mesmo assim saí
O vento me fustigou,
Mas eu saí.
Empurrada pelo vento
Com força corri,
De tanto correr
Quase tropecei.
Na pressa de chegar
Os passos alarguei,
Meu Deus, quase voei,
Mas, não cheguei!
                                              
A. Domingos Santos
Texto e fotos