19 julho 2021

UNIÃO PROGRESSIVA - Um caminho de noventa anos


Há nove décadas, mais concretamente em 18 de Agosto de 1931, a imprensa regional, através de A Comarca de Arganil dava-nos a notícia que a seguir recordamos


A Colónia Colmealense em Lisboa vai constituir uma Comissão de Melhoramentos.

Uma semana depois, este trissemanário, em notícia subscrita por José Henriques d’Almeida, informava com mais pormenor:

«Está-se organizando em Lisboa uma comissão de melhoramentos da freguesia do Colmeal, formada por filhos desta importante região.

Muito há a fazer em benefício de tão esquecida freguesia, pelo que nos congratulamos profundamente com a simpática iniciativa do punhado de nossos patrícios que a concebeu e que podem trazer para o Colmeal um progressivo desenvolvimento.»

José Henriques d’Almeida viria a integrar, como Tesoureiro, a Direcção liderada por Joaquim Fontes de Almeida, eleita em Assembleia-Geral de 4 de Outubro, presidida por Joaquim Francisco Neves, secretariada por Francisco Domingos e Manuel João Miranda.

«O regionalismo bem compreendido é aquele que procura dar progresso e civilização às inúmeras localidades do país, aproximando-as cada vez mais dos grandes centros. Tudo que se faça com esse fim é altamente proveitoso, não só para as regiões beneficiadas, mas também para toda a nação de que elas são as células vivas que a alimentam tanto mais fortemente quanto maior é o desenvolvimento civilizador que atingem.

E ainda que se careça da acção do Estado para que esse desenvolvimento se torne uma realidade, o certo é que a iniciativa particular deve ser o movimento impulsor, competindo a ela intervir junto do Estado para que ele realize as obras necessárias ao desenvolvimento das localidades, freguesias e concelhos, contribuindo também directamente, quer pelo trabalho dos indivíduos, quer pelo seu auxílio financeiro, para a realização dessas obras.» Assim continuava a notícia em A Comarca de Arganil subscrita por José Henriques d’Almeida, que trabalhou nesta primeira Direcção com Marcelino de Almeida, Francisco Domingos, Aníbal Gonçalves de Almeida, José Antunes André e Manuel Martins.

«Como intermediárias dessa múltipla acção, surgem essas comissões de melhoramentos que nós vemos constituir-se na nossa região, as quais tomam a seu cargo estimular as iniciativas das terras a que dizem respeito, angariando fundos com que vão em auxílio das câmaras e juntas de freguesia, expondo as suas necessidades e instando pela realização dos melhoramentos que as terras precisam. Foi por conhecerem as vantagens que para o Colmeal podem advir, que alguns seus filhos, cheios de vida e de boa vontade pelo engrandecimento da terra, onde nasceram e que residem em Lisboa, se resolveram constituir-se em comissão para trabalharem em prol do Colmeal.

E assim propõe-se a comissão desenvolver directa e indirectamente a terra que lhes foi berço, levando às entidades competentes uma representação mostrando as obras urgentes de que necessita o Colmeal, como sejam as vias de comunicação, fontes, escolas, etc., etc., tudo enfim quanto é necessário ao engrandecimento dum povo.»

Quase a terminar e com grande esperança e forte convicção «Será sem dúvida notável a acção da nova comissão de melhoramentos do Colmeal e é de esperar que ela possa fortemente contribuir para o desenvolvimento desta freguesia, uma das mais importantes do concelho de Góis.»

A imprensa regional teve um enorme papel no apoio e na divulgação do trabalho da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, no decorrer destes noventa anos. Para além de A Comarca de Arganil, que aqui referimos, também O Varzeense e os extintos Jornal de Arganil e O Colmeal sempre tiveram espaço nas suas páginas para dar a conhecer o percurso, nem sempre fácil, do querer e da determinação de um punhado de lutadores empenhados no bem-estar e desenvolvimento nas suas aldeias.



Lisboa, 19 de Julho de 2021

A. Domingos Santos