31 março 2018

DOMINGO DE RAMOS, 2018



Com a presença do pároco rev. Pedro Simões, celebrou-se há dias o Domingo de Ramos, com o qual se inicia a semana santa, também chamada semana maior, por ser a mais importante para os crentes.

Sem me querer repetir, socorro-me do que escrevi numa outra ocasião (http//upfc-colmeal-gois.blogspot.com, 29 março de 2010; Jornal de Arganil, 1 Abril de 2010) para dizer que, na liturgia católica, o Domingo de Ramos celebra, primeiro a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, depois a sua paixão e morte para que, na Páscoa passagem próxima, se possa celebrar a ressurreição, e a ela ter acesso”. Os ramos que os fiéis trazem para a missa evocam as vestes, palmas e outras folhagens com que a multidão atapetou o chão e aclamou Cristo, gritando “Rei dos Judeus” e “Hosana, ao filho de David! Bendito seja o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!”

Relembre-se, a propósito, a estranheza, que o sacerdote assinalou, de Jesus ter sido condenado à morte na cruz precisamente pelos mesmos que, pouco antes, o tinham aclamado e proclamado rei. Talvez porque Ele se revelou divino e humilde rei do amor, da compaixão, da verdade, da justiça e do perdão. Realmente, dá que pensar!

Como habitualmente, a bênção dos ramos teve lugar junto ao centro de cultura e convívio, onde, em tempos, existiu uma capela devotada a S. Nicolau. Os participantes seriam em número ligeiramente inferior ao de anos anteriores, mas ainda assim bastantes e provenientes de diversas localidades da ex freguesia do Colmeal, o que traduz a comunidade que somos.







Este ano, pareceu-me terem regressado os grandes ramos, especialmente de loureiro. Uma abundância inesperada, devido às perdas de outubro passado, que permitiu a partilha com quem não tinha conseguido encontrar as três plantas. Na zona, os ramos costumam ser de loureiro, alecrim e oliveira. Sendo benzidos, levam-se para casa como testemunho da união na fé em Cristo e proteção contra os malefícios da vida e da natureza. Bem precisamos!

Na procissão a caminho da igreja, com o jovem padre Pedro a andar muito depressa, como me dizia uma senhora já arfante, ouviam-se as vozes poderosas das nossas cantadeiras, e eu pensava no privilégio de podermos contar com elas! Continuo a ouvir o refrão: “Hosana, Tu reinarás, na cruz tu nos salvarás”!





Na missa, uma vez mais, ocorreu a leitura dramatizada do evangelho, dizendo o celebrante as falas de Jesus, a Catarina, as do narrador e o Tiago, as dos restantes intervenientes no julgamento e condenação à morte de Jesus. Se bem entendi e nas minhas palavras, fomos convidados a refletir sobre a nossa própria paixão, isto é, sobre as nossas fraquezas, desvios e incompletudes, para que os possamos superar, e ressuscitar com Cristo, na Páscoa.



A esperança, a renovação e o futuro estiveram presentes, nomeadamente através dos mais jovens. Ternurento, muito o Rodriguinho acarinhou os seus papás. Lindos!


“Ana, Badana, Rabeca, Susana, Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos.”

Lisete de Matos
Açor, Colmeal, 29 de março de 2018

17 março 2018

INTERDEPENDÊNCIAS



Muito a serra tem chorado! De emoção e agradecimento, tão sedenta estava da chuva, mas também de medo. Medo de mais perder e se perder, arrastada pela impetuosidade do pranto, na nudez forçada e desvalida em que se encontra. Sem nada que as demore, as gotas frias e soltas juntam-se rapidamente em riachos truculentos que se despenham declive abaixo, primeiro magros e pardacentos, depois fartos e branquejantes. Antes, porém, não raro limpam do fusco as púcaras que o fogo destapou, deixando ler que vieram da já desaparecida cerâmica da Carriça, em Coja, e lembrando a exploração resineira, que tanto impacto social e económico teve na região.







Pelo caminho, desobedientes e ingratos, ignoram os barrocos e valados que os antigos construíram para os acolher e desviar dos terrenos que cultivavam nas rugas e fraldas da serra. Pedra a pedra, milhões delas, direitos ou enviesados, distâncias enormes, barrocos que marcam a paisagem e configuram a engenharia de uso no seu melhor! Também podem ser eles ou os respetivos aquedutos a ficar obstruídos, tantos os inertes e lenhosas que a água transporta.







Nos terrenos invadidos, os sulcos rasgados são extensos e profundos, algumas das lajes que faziam de estrema desapareceram, a água escorre das paredes que sustentam os cômoros, fazendo-as perigar, o cascalho amontoa-se. Perdas materiais e simbólicas assinaláveis, considerando a escassa dimensão do património!












Entretanto, dessedentadas, há plantas que brotam audazes, ervas que verdejam teimosas, árvores recém-plantados por gente fiel à terra, resiliente e laboriosa.


Pós-incêndios, é a segunda vez que aludo à interdependência entre o homem e a sua envolvente natural e entre os diferentes elementos da natureza. Nunca será de mais, na iminência que dizem estarmos de fenómenos ambientais e atmosféricos cada vez mais extremos e frequentes. Desfeitos os laços …
Algumas fotografias refletem as circunstâncias nubladas e cinzentas dos dias a que se referem.

Lisete de Matos
Açor, Colmeal, 8 de março de 2018

12 março 2018

III PASSEIO TT – ROTA DAS COLMEIAS




A União Progressiva da Freguesia do Colmeal realizou o seu III Passeio TT – Rota das Colmeias no passado dia 18 de Fevereiro.
Agradecemos ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas que nos concedeu a autorização para levarmos a cabo esta iniciativa. Iniciativa que só foi possível pelos vários apoios conseguidos, e que muito agradecemos, não só de patrocinadores como de entidades locais e concelhias, Câmara Municipal de Góis, Junta da União das Freguesias de Cadafaz e Colmeal, Góis Moto Clube, Rádio Clube de Arganil, O Varzeense e A Comarca de Arganil, para além dos voluntários que se disponibilizaram, e tantos foram, para as inúmeras tarefas que uma organização desta envergadura envolve.
O propósito que nos move de divulgação da freguesia, do concelho e da região foi mais uma vez conseguido. Este domingo foi um domingo diferente. Houve gente, muita gente no Colmeal. Houve alegria, houve cor, houve sonoridades diferentes. Apesar da névoa que manhã cedo escondia a aldeia e as encostas envolventes, os visitantes chegavam aos poucos, de localidades tão diversas e mais ou menos distantes, como Lisboa, Penela, Lorvão, Coimbra, Alcarraque, Pampilhosa do Botão, Penacova, Poiares, Lousã, Góis, Arganil, Urgueira, Tábua, Oliveira de Azeméis e naturalmente, Colmeal. Colmeal voltou a estar no mapa graças a esta iniciativa.













As inscrições de última hora eram feitas no Centro de Cultura e Convívio, onde os participantes recebiam uma lembrança – t-shirts e esferográficas alusivas, informação turística e uma pequena árvore, que cada um plantaria onde pudesse de perto acompanhar a sua evolução. O pequeno-almoço foi tomado no piso superior, permitindo, com algum conforto, partir para a estrada.
































No Largo D. Josefa das Neves Alves Caetano, foram dadas as boas vindas e transmitidas as recomendações que deveriam ser observadas nos percursos, diferentes para motos e jipes.
De realçar o companheirismo e espírito de entreajuda verificados em situações de apuro, muito especialmente nas subidas, de acentuada inclinação.
Em locais estratégicos os participantes “enfrentavam” com entusiasmo o reabastecimento, desde a fruta ao presunto, da água à mini fresquinha. Sempre com moderação, o que é de realçar e louvar.








Face ao inusitado número de participantes e de acompanhantes, houve necessidade de proceder a desdobramento durante o almoço. Que estava excelente, segundo os comentários. Todo o serviço às mesas foi garantido por amadores, a quem agradecemos muito sensibilizados, que deram o seu melhor e que continuaram a sua tarefa até bastante tarde, na limpeza e arrumação do espaço e de todo o equipamento utilizado.






















Mais uma vez o “prato forte” foi a pista de obstáculos na Portela. Facultativa, como habitualmente e com respeito pelas indispensáveis medidas de segurança, os mais afoitos fizeram alarde das suas habilidades. Sucesso para uns, frustração para outros, entusiasmo para todos.
A pista de obstáculos da Portela é como que a “cereja em cima do bolo”, local privilegiado para este tipo de actividades, que ano após ano vem atraindo um número crescente de entusiastas.


Uma palavra muito especial para os grandes “motores” desta iniciativa, incansáveis no trabalho que desenvolveram – Tiago Cerejeira Domingos e Carlos Manuel Fontes de Almeida. É um privilégio para todos nós podermos contar com a sua energia, entusiasmo e entrega, para que se traduzisse em sucesso este III Passeio TT – Rota das Colmeias.
Venha o IV Passeio TT – Rota das Colmeias!

Texto e fotos de A. Domingos Santos