Chuviscava e fazia frio. Pouco passava das nove horas e já
estávamos a caminho. Chamava-nos a missão de lembrar aos mais novos que, apesar
da situação difícil que vivemos, o Natal persiste como espaço e tempo de
celebração, renovação e afeto. E foi uma festa porta a porta muito bonita, esta
que a União Progressiva da Freguesia do Colmeal (UPFC) decidiu promover,
através da sua delegação no Colmeal, na impossibilidade da realização do convívio
entre geracional a que estávamos habituados. Uma iniciativa muito louvável e
gratificante, que reflete o carinho das pessoas, o empenho da instituição e a
sua capacidade para fazer diferente, em diferentes circunstâncias.
No Carvalhal, por onde começámos, esperavam-nos, entre alguns
adultos, o Tiago, o Miguel, o Mikael, o Ulisses e a Frida, os últimos da
Ribeira do Carvalhal. A Ester, sua irmã, não compareceu. De poucos meses de
idade e protegida pelo abraço caloroso da sua mãe, lembrará, seguramente, o Menino
cujo nascimento celebramos! Muitos parabéns e felicidades.
Em Aldeia Velha, onde o frio parecia mais intenso, mas o calor humano compensava, teve-se a grata surpresa de encontrar alguns dos mais velhos, que, como eu, são apreciadores do convívio alargado que este ano a UPFC não pôde fazer. Não menciono nomes, para não correr o risco de esquecer alguém, mas gostei muito de os rever. Como aos “caçulas” do Tomaz, da Quinta das Águias, a Sofia e a Maria, com apenas um ano, que parecia um esquimó delicioso! Todos os nossos concidadãos fossem empreendedores como o Tomaz e não teríamos problemas demográficos!
Na Malhada, para onde seguimos, lá estavam a Ambar e a sua mamã, muito cumpridoras, mantendo-se à porta, acolhedoras mas distantes. Logo ali ao lado, a D. Lurdes queixava-se da falta de telefone: “Não tenho visto ninguém, e nem telefone tenho para me distrair”. De pouco lhe serviu a minha solidariedade, por me queixar do mesmo!
Finalmente, no Colmeal, a Maia e o Diniz aguardavam-nos com
expetativa. A Matilde não estava, mas já se agilizou uma forma de a contemplar.
Na terra sede da ex freguesia do Colmeal, onde os convívios de Natal tinham
lugar, implicando um movimento significativo, foi para mim algo estranha e
penosa aquela entrega das lembranças, no largo, e com a presença apenas dos
pais das crianças. Tão pouca gente e a necessidade de tanta, saturação do
isolamento e do confinamento!
Enquanto presidente da assembleia geral da UPFC, agradeço a
iniciativa à direção, presidida por António Domingos Santos e aos elementos da
delegação local - Catarina Domingos, José Álvaro Domingos, Tiago Domingos e
Elizabete Castanheira - o esforço, mas também o gosto e a alegria da sua
concretização. Conforme anteriormente referido, não serão esquecidos os sócios
e utentes do Lar da Sagrada Família, na Cabreira.
Desejo a todos – colmealenses, amigos e vizinhos - um Natal e
um Novo Ano com muita saúde e tão feliz quanto possível.
Açor, Colmeal, 06 de dezembro de 2020.
Lisete de Matos