07 agosto 2021

UNIÃO PROGRESSIVA - Um caminho de noventa anos - II

«Da numerosa colónia de Góis, actuando na capital, destacam-se os Colmealenses como sendo um dos seus mais fortes contingentes. Espalhados por toda a cidade, nas modalidades várias dum trabalho persistente e probo, os filhos da freguesia do Colmeal teem também a «sua casa», uma colectividade modelar que os defende e acarinha ao amor votivo à terra que os viu nascer. Trata-se da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, fundada em 20 de Setembro de 1931 e contando, hoje, mais de 200 sócios.»

 Assim começava um extenso relato produzido por Luiz Ferreira, redactor em Lisboa de A Comarca de Arganil, ao tempo jornal trissemanário. Inserido na página 5 do número 1890, publicado em 28 de Outubro de 1932, que a seguir recordamos.

 


Procurando saber das aspirações dos Colmealenses e da acção já desenvolvida, fala com Manuel Nunes de Almeida, que presidia a uma Comissão Administrativa, nomeada após a primeira Direcção se ter demitido quarenta e cinco dias depois de eleita. «Sinto-me feliz por ter vingado a ideia inicial. A semente lançada à terra, em boa hora, germinou e a União Progressiva da Freguesia do Colmeal tem hoje assegurada a sua espinhosa mas consoladora missão.» O estado de abandono a que fora votada a freguesia, levou-os a reagir «reunindo esforços e boas-vontades para uma obra construtiva».

Com estatutos aprovados pelo Governo Civil de Lisboa, em 1 de Agosto passado, realça o propósito de «conseguir o máximo de solidariedade de toda a colónia da freguesia do Colmeal; educar, instruir e proteger os seus membros necessitados; auxiliar moral e materialmente todos os melhoramentos da freguesia do Colmeal e promover por todos os meios ao seu alcance manifestações de actividade que de qualquer modo possam contribuir para o engrandecimento da freguesia.»

Elenca alguns valores aplicados em melhoramentos e no auxílio aos mais necessitados. Não esconde a sua satisfação por já se ter conseguido receber valores declarados e a esperança de haver em breve o serviço de encomendas postais. Com bastante detalhe e conhecimento refere-se à falta de estradas, de escolas, das ligações telefónicas, da iluminação pública e da urgente necessidade da eliminação das fontes de chafurdo.

«E se de estradas derivarmos para os caminhos que ligam as povoações da freguesia, entre si, não podemos deixar de exteriorizar nossa mágoa! Esses caminhos estão quási que intransitáveis. De Inverno, principalmente, é um horror!»

Esta é a fotografia que surgia a ilustrar o excelente trabalho jornalístico de Luiz Ferreira, e que faz parte do arquivo histórico da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.



 

Lisboa, 04 de Agosto de 2021

A. Domingos Santos