28 dezembro 2021

AQUILO QUE SOMOS

 

                                   Em repousantes goles,

                                   Bebemos a vida na terra.

                                   No meio de boa gente,

                                   Apertando mão fraterna.

 

                                   Sentimos o calor do Sol,

                                   O frio das madrugadas,

                                   Chuva caindo mansinho,

                                   O encanto das nevadas.

 

                                   E pla estrada da vida,

                                   Vamos sempre andando.

                                   Olhamos a terra, o céu…

                                   Até vamos tropeçando!

 

                                   Assim passando Primaveras,

                                   Igualmente os Outonos.

                                   Caminhos abertos ou ermos

                                   Faz de nós aquilo que somos.

 

            Josefina Almeida, Marcas da Vida, Edições Colibri, Fev2019

           


14 dezembro 2021

UNIÃO PROGRESSIVA DA FREGUESIA DO COLMEAL, NATAL DE 2021

 

O Natal celebra o nascimento de Jesus, para os crentes, Deus feito menino e depois homem por amor e para salvação dos homens. Celebração do amor por excelência, é a festa, que deveria ser todos os dias, da reaproximação das famílias e amigos, da partilha, da solidariedade e da generosidade.

Foi Natal ontem no Colmeal, por iniciativa da União Progressiva da Freguesia do Colmeal (UPFC). Conforme anunciado, dado o agravamento da crise sanitária, por precaução e com muita pena, voltou a não ser possível à União a realização da habitual festa de Natal. Um convívio que alguns tanto prezam, pela sua abrangência social e pelo acolhimento caloroso dos anfitriões. Tal como no ano passado, o Natal traduziu-se na visita às crianças nas suas comunidades e pela entrega das lembranças natalícias nesse contexto. Para minimizar o risco, sempre em espaço aberto, à boa maneira de antigamente, quando o convívio se fazia no largo das povoações, no adro das capelas e igrejas ou simplesmente à porta das casas.



Nas terras, aguardavam-nos crianças expetantes, que os pais e alguns adultos acompanhavam. Ao conforto do sol que brilhava resplandecente, juntava-se o calor aconchegante do reencontro e do espírito natalício.

Começou-se pelo Carvalhal. Na imensidão da serra circundante, esperavam-nos o Tiago, o Miguel, o Mikael, o Ulisses, a Frida e a Ester, os últimos residentes na Ribeira do Carvalhal. Agora que a Ester já tem um ano, conhecê-la foi um privilégio. Uma lindeza e um encanto, as crianças! Como os pais e vizinhos presentes.









Seguimos para a Quinta das Águias. Não pensávamos que fosse tão longe, por uma estrada de terra batida, a precisar de manutenção. Valeu a pena, porém, para revermos a Sofia, a Maria e a sua mãe. De cestinho na mão e sisuda, a Maria distribuía nozes, sorridente, a Sofia fazia balões festivos de sabão, que se desfaziam a dar-nos as boas vindas. Um encontro mágico, ali no meio da natureza, a lembrar duendes misteriosos, anjos da guarda protetores, promessa de futuro auspicioso. As melhoras do Tomás.







No Soito, encontrámos o André, o Loan e o Salomão, que vieram da Foz da Cova. Todos impecáveis e inexcedíveis em simpatia, à-vontade e loquacidade! O António Duarte tinha feito um pão de ló delicioso e havia café e bebidas. Pessoalmente, gostei muito de rever todos os presentes e, muito especialmente, o Iuri, e a Cristiana, que já não via há anos.







No Colmeal, finalmente, a Maia e o Dinis, saudaram-nos com cordialidade e grande desenvoltura. Não fora um cliché, e diríamos: “Como estão grandes e enquanto o tempo passa!” Repetindo-me, não deixou de entristecer a falta de mais crianças e adultos, a sugerirem a revitalização social e a retoma demográfica de que carecemos.





A Frida e o Loan, que no próximo ano terão excedido a idade para serem contemplados, receberam um livro de António Domingos dos Santos, com o convite para continuarem a comparecer nas festas de Natal da UPFC. Um gesto duplamente simbólico, de transição e estímulo à leitura, a voz embargada e lágrimas teimosas a toldarem o olhar afetuoso!




Uma manhã repleta de emoção e significado natalício. Sentimos a falta do convívio mais alargado dos tempos anteriores à pandemia, mas o nosso coração rejubilou com o ambiente de expetativa, partilha e contentamento com que fomos acolhidos. De modo muito adaptado aos tempos difíceis que vivemos, antecipando-se, o Menino Jesus, para uns, e o pai natal, para outros, concretizaram o desígnio de descer pelas chaminés, para preencher o vazio dos sapatinhos e alegrar os corações. Chegando o pai natal de carro puxado a cavalos, por impedimento à circulação das renas e trenós! Também poderia falar-se de “Takeaway”!

Em nome da mesa da assembleia geral da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, agradeço à direção, presidida por António Domingos Santos, e aos elementos da sua delegação local que estiveram presentes – Anabela Domingos, José Álvaro Domingos e Tiago Domingos. Nunca será de mais sublinhar a disponibilidade, a generosidade e a dedicação inerentes à organização do evento. Muitos parabéns pela persistência no contributo para um Natal mais pleno dos residentes do Lar da Sagrada Família, que não serão esquecidos. Ao presidente da União de Freguesias de Cadafaz e Colmeal, senhor Carlos de Jesus, agradecemos a presença e o estímulo.

Desejo a todos, associados, membros de órgãos sociais, amigos e conterrâneos um feliz Natal e um Ano novo repleto do melhor.


Açor, Colmeal, 13 de dezembro de 2021.

Lisete de Matos

FOTOGRAFIAS: António Domingos Santos e outros.


12 dezembro 2021

UNIÃO PROGRESSIVA – Um caminho de noventa anos – lll


Decorre ainda 2021, ano em que a União Progressiva da Freguesia do Colmeal completou nove décadas de existência. Temos aos poucos tentado, como se de uma escavação arqueológica se tratasse, procurar na imprensa regional desse tempo, relatos de acontecimentos relevantes da nossa União.




Encontramos na edição nº 2385 do então bissemanário A Comarca de Arganil, de 1 de Outubro de 1937, um pormenorizado relato do que fora a inauguração do chafariz no Colmeal, dias antes, em 26 de Setembro.

Foi a primeira obra que a União Progressiva, fundada em 20 de Setembro de 1931, fez no Colmeal.

 

Inauguração do chafariz no Colmeal


«COLMEAL, 26. – Procedeu-se hoje, como estava marcado, à cerimónia da inauguração do chafariz desta localidade, melhoramento levado a cabo pela União Progressiva da Freguesia do Colmeal, com a comparticipação do Estado. Foi uma festa simples mas simpática, pelo alto significado que encerra.




Como é já do conhecimento dos leitores, organizou-se em Lisboa uma excursão de conterrâneos nossos que vieram propositadamente com o fim de assistir àquele acto; e entre os excursionistas, vinham os srs. António Domingos Neves e António Martins Mendes, respectivamente secretário e tesoureiro da União, representando a colectividade a que pertencem.

Constituíam a excursão mais as seguintes pessoas: Alfredo Bastos, Horácio Tavares de Sousa, Ludovina da Conceição Mendes, Emília Fernandes, Maria Amélia Ferreira Mendes, Leopoldo Fernandes, Manuel Simões da Costa, Alfredo Silva, Luís Neves, Júlio Domingos, Manuel Domingos, Manuel da Fonte, Maria Jesus Almeida, Ermelinda Antunes Almeida, Manuel Duarte, Maria Preciosa, Maria Gertrudes, Manuel Machado, Noémia Mendes Ferreira, Patrocínia de Jesus, Maria das Neves, Manuel Silva Valério, Joaquim Luíz Pinto, Américo Ferreira Mendes e Maria dos Anjos.




Eram 16 horas quando se procedeu à inauguração. A mesa foi constituída pelos srs. Padre André d’Almeida Freire, António Domingos Neves e António d’Almeida Freire, respectivamente presidente e secretários.

Este último leu a correspondência recebida, que constava dum ofício do sr. Presidente da câmara municipal de Góis, uma carta de “A Comarca de Arganil”, que representava; um ofício do sr. administrador do concelho, outro do presidente da direcção da União Progressiva e outro do sócio António Domingos Júnior, os quais lamentavam não poder assistir ao acto, por motivos de força maior disso os impedirem.

Com a assistência dos habitantes da freguesia e dos povos circunvizinhos, que enchiam o vasto recinto, promoveu-se, nesta altura, ao descerramento duma lápida com a seguinte inscrição “U.P.F.C. – Comparticipação do Estado – 26-9-1937”

Ao ar sobem foguetes e há palmas e vivas à União Progressiva, Estado Novo, aos srs. Presidente da República e dr. Oliveira Salazar, etc., etc. E é entre aclamações do povo que começa a série de discursos, à qual deu princípio o sr. António dos Santos Duarte, representando o presidente da assembleia geral da União.

Falou, depois, o sr. João Mendes, congratulando-se com o povo do Colmeal.

Seguiu-se o sr. Manuel d’Almeida Estevam, saudando os empreendedores desta obra, os quais, disse, “gostava de ver todos juntos neste acto, para mais de perto lhes dar os seus agradecimentos”.

Falou a seguir o sr. António Martins Mendes, que começou por convidar os colmealenses a integrarem na União, para, deste modo, se poderem fazer muitas obras iguais à que se estava inaugurando. Elogiou o construtor do chafariz, elogio aliás bem merecido.

O sr. José Henriques d’Almeida enalteceu a acção da União, que tão bem levou a cabo este melhoramento e elogiou também o Estado Novo e o seu ilustra chefe, sr. Dr. Oliveira Salazar, pelo modo como se está interessando pela iniciativa particular.

A seguir, o sr. Manuel Simões Costa disse estar satisfeito por ver no novo chafariz uma obra boa, bem digna do povo do Colmeal. Apelou para os colmealenses no sentido de se agregarem à União, para que ela possa levar a efeito outros melhoramentos de que a nossa terra carece.

O sr. Francisco Luís, espírito bairrista, regionalista acérrimo, leu um discurso em que pôs em evidência o amor que dedica ao regionalismo. Disse que a União alguma coisa tem feito, mas muito mais faria, se todos os colmealenses ingressassem nas suas fileiras. Recorda a cerimónia do assentamento da primeira pedra para o chafariz, feita há dois anos, e as afirmações feitas nesse dia, hoje felizmente cumpridas. Convidou todos para sócios da colectividade, para juntamente com o Estado Novo, se levarem a cabo muitos mais melhoramentos. Por último descreveu o custo da obra do chafariz.

O sr. António Domingos Neves, como representante da União, de que é secretário, saudou a assistência e agradeceu ao sr. Presidente da sessão a sua presença e a boa vontade com que acedeu ao convite para aquela cerimónia. Aludiu à excursão de há dois anos e ao pessimismo que notou da parte de alguns habitantes. Agradeceu em seu nome e da direcção ao empreiteiro a forma como executou as obras, manifestando à delegação local os mesmos agradecimentos por se ter empenhado cabalmente da sua missão. Pediu, por último, um voto de agradecimento, por aclamação, ao sr. José Francisco Mendes, por desinteressadamente ter cedido todo o terreno necessário às obras do chafariz e lembrou para se enviar um telegrama ao sr. Ministro das Obras Públicas, ideia que foi muito aplaudida pela assistência.

Pediu, depois, a palavra, o executor da obra, sr. Cristiano Alves Baptista, do Sarzedo, para agradecer as referências que lhe estavam sendo dispensadas, agradecendo à União e em especial à delegação o auxílio que lhe prestaram para a boa execução dos trabalhos.

Por fim, o sr, presidente da mesa, numa voz forte e clara, fez um elogio aos que tanto trabalharam e se sacrificaram com esta obra, convidando os colmealenses a unirem-se à colectividade como sócios, demonstrando duma maneira bem significativa que “a união faz a força”.

Todos os oradores foram muito ovacionados e todos eles levantaram vivas aos srs. Presidente da República e do Conselho, ministro das Obras Públicas, presidente da câmara municipal de Góis. À União Progressiva, etc., etc., os quais foram freneticamente correspondidos pela numerosa assistência.

Seguiu-se a leitura da acta da inauguração, a qual foi assinada por muitos dos assistentes.

No meio do estralejar de foguetes, iniciou-se, depois, um baile, no Largo da União, o qual decorreu com muita animação até alta madrugada.

E assim terminou a festa da inauguração do nosso chafariz, orgulho dos habitantes do Colmeal.

Bem hajam, pois, os que tanto trabalharam em prol deste melhoramento, pioneiros infatigáveis do progresso da freguesia. Oxalá seja bem compreendido o esfôrço dispendido, para que, todos compenetrados do seu dever, possam fazer mais e muito mais. – A. P.»

Conhecemos e recordamos com saudade muitos dos que são mencionados neste relato. Com alguns deles privámos mais de perto e deles recebemos ensinamentos que nos ajudaram a continuar o caminho por eles iniciado.

É muito provável que ao lerem estas linhas encontrem o nome de um familiar ou de alguém de quem ainda se lembram. Muitos foram aqueles que ao longo de noventa anos trilharam esse caminho. Todos merecem o nosso respeito e a nossa gratidão. A caminhada tem que continuar.

A. Domingos Santos

Lisboa, 21Nov2021

  

01 dezembro 2021

COLMEAL – União Progressiva

 Estamos em Dezembro, no mês em que a União nos habituou ao já tradicional convívio da sua festinha de Natal no Colmeal, reunindo não só os mais jovens mas também a população em geral.


Tal como aconteceu no ano passado, a situação de pandemia que vivemos e se encontra agora numa nova fase preocupante, levam-nos, prudentemente, e com grande pena nossa, a evitar a reunião em espaço fechado, de elevado número de pessoas, respeitando as recomendações das autoridades de saúde.


Na manhã do próximo dia 12 (domingo), os nossos colegas da Delegação da União no Colmeal, farão entrega de um brinquedo e de um miminho aos mais pequenos, percorrendo as várias aldeias e casais da antiga freguesia.

Os nossos associados, que se encontram na Cabreira, na Unidade Residencial Sagrada Família, bem como os restantes utentes, não serão esquecidos e a acção de solidariedade será feita de acordo com as restrições em vigor.

Como em anos anteriores, contaremos naturalmente com a generosidade dos nossos associados e das entidades que habitualmente nos têm acarinhado.

UPFC


16 novembro 2021

José Saramago faria hoje 99 anos

Recordamo-lo com este apontamento, colocado no nosso blogue há 14 anos, precisamente em 20Nov2007.

Saramago no Colmeal




José Saramago a receber o seu Prémio Nobel das mãos de Sua Majestade o Rei Carl XVI Gustaf da Suécia em Estocolmo no Concert Hall, em 10 de Dezembro de 1998

Saramago, que agora comemora os seus 85 anos de vida, volta ao Colmeal.

Já anteriormente e pelos laços do casamento com Ilda Reis em 1944, Saramago ali estivera.
Na União Progressiva da Freguesia do Colmeal, foi seu Primeiro Secretário da Direcção.
Eleito em 18 de Janeiro de 1948, numa Assembleia Geral presidida por Manuel João Miranda e secretariada por António Domingos Neves e Manuel da Fonte.
Reeleito para o mesmo cargo em 1949 e 1950.
Após uma pequena pausa, regressa em 1954 mantendo-se até final do mandato seguinte.
Em 1998 foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, o que naturalmente nos encheu de orgulho.
Agora, passados todos estes anos, regressou ao Colmeal, à Biblioteca da União com alguns dos seus livros, dos quais destacamos, Memorial do Convento, A Jangada de Pedra e O Ano da Morte de Ricardo Reis.
Também Eça, Camilo, Aquilino, Namora e Jorge Amado estão no Colmeal.
Assim como outros autores de língua portuguesa e estrangeira.
E todos aguardam pela sua leitura.

UPFC
Foto: Anders Wiklund

05 novembro 2021

90 anos ao serviço do Regionalismo

 

UPFC em Assembleia Geral


A União Progressiva da Freguesia do Colmeal completou, em 20 de setembro último, noventa anos ao serviço do Regionalismo e, tal como havia recordado o Presidente da Direção, apelando à participação dos sócios, é na sua Assembleia-Geral que reside toda a soberania de uma coletividade.

Foi assim que, considerando-se finalmente reunidas as condições de segurança, exigidas pela pandemia de Covid 19, se realizou no sábado, dia 23 de outubro, a Assembleia-geral da UPFC, em segunda convocatória, como vem sendo hábito. Desde sempre.

A referida situação de pandemia, que não deixou ainda de ser preocupante, inviabilizou neste último mandato, muitas das atividades que haviam sido programadas. No entanto, apesar dos constrangimentos impostos, ainda foi possível desenvolver uma atividade diversificada ao longo dos dois anos, descrita detalhadamente no Relatório distribuído aos presentes, de que se salienta:

- Passeio a Arouca e passadiços do Paiva, que envolveu mais de meia centena de associados;

- Caminhada pelos trilhos antigos, com a prestimosa colaboração do Grupo de Amigos do Sobral, Saião e Salgado, que juntou cerca de sete dezenas de caminheiros;

- IV Passeio Turístico Rota das Colmeias, que contou com mais de duas centenas e meia de participantes;

- Almoço-convívio nos Cepos, juntando cerca de quatro dezenas de convivas, muitos idos de Lisboa;

- Viagem à Polónia, envolvendo cinquenta e cinco viajantes, sócios e amigos da União;

- Almoço comemorativo dos 88 anos da UPFC, em Fazendas de Almeirim, que reuniu centena e meia de participantes, alguns dos quais vindos da nossa freguesia e do concelho;

- No Natal de 2019, foi possível conviver e levar alegria e prendinhas úteis aos utentes na Unidade Residencial Sagrada Família, na Cabreira. Mas a pandemia não permitiu em 2020 o contacto e as prendinhas tiveram que passar por uma quarentena.  

No Centro de Cultura e Convívio no Colmeal, foi feito em 2019 o habitual convívio com lanche, prendas para os mais pequenos e para os mais "experientes", com a agradável e simpática presença dos motards vestidos de Pai Natal, que também trouxeram uma prendinha para os pequeninos. Em 2020, face à pandemia, optou-se por uma entrega porta a porta, dos brinquedos e de um docinho; 

- Tarde cultural na Casa do Concelho de Góis, que foi de casa cheia e muita alegria;

- V Passeio Turístico Rota das Colmeias, que atraiu ao Colmeal centenas de pessoas.

 

A organização conjunta de várias atividades, continua a ser o reflexo da preocupação constante em manter e reforçar as relações existentes com as diversas entidades e coletividades locais.

Das ações desenvolvidas, destacam-se as de carácter social, recreativo e cultural, que sempre mereceram uma atenção especial por parte da Direção, resultando numa participação extraordinária dos associados.

Finalmente, neste Relatório, em que é visível a preocupação com o alargamento de horizontes culturais – levar os nossos a outras paragens, e atrair os outros à nossa região – é de salientar que, após a descrição de cada atividade, é apresentado um balanço parcelar, dando aos Sócios uma visão do impacto dessa atividade e dos custos e receitas, reforçando o espírito de transparência da gestão.

A Direção propôs um voto de agradecimento a todas as pessoas e instituições que com ela colaboraram e ajudaram a manter a União Progressiva com o ânimo, entusiasmo, dinâmica e capacidade para continuar a trilhar o caminho do Regionalismo.

Não esquecendo os sócios que partiram, a União propôs para eles um voto de sentido pesar. 

A apresentação da lista para eleição dos Corpos Gerentes, para o próximo biénio, mereceu a total concordância dos presentes.

São os seguintes, os membros eleitos:

Mesa da Assembleia-Geral: Presidente – Lisete Paula de Almeida de Matos; Vice-Presidente – António Santos Almeida; Primeiro Secretário – Jorge Miguel Domingos da Fonte; Segundo Secretário – Maria Deonilde Almeida Bernardo Mendes de Almeida.

Direção: Presidente – António Domingos Santos; Vice-Presidente – Maria Lucília Domingos Pinto Carreira da Silva; Primeiro Secretário – Francisco José Carreira da Silva; Segundo Secretário – Filipe Miguel Duarte de Almeida Iria; Tesoureiro – Artur Domingos da Fonte; Primeiro Vogal – Anabela Cerejeira Almeida Domingos; Segundo Vogal – Joaquim Luis Pinto.

Conselho Fiscal: Presidente – António Manuel Henriques Mendes Domingos; Relator – José Manuel Costa Ramos; Vogal – Álvaro de Jesus Martins.

Delegação no Colmeal: Presidente – José Álvaro de Almeida Domingos; Secretário – Catarina Alexandra C. Almeida Domingos; Tesoureiro – Tiago José Cerejeira Domingos; Vogal – Maria Clara Rodrigues Almeida Loureiro; Vogal – Elisabete Maria Dias Castanheira.

A tomada de posse foi efetuada dez minutos após a Assembleia-Geral.

 

Deonilde Almeida

(2ª Secretária da Assembleia -Geral)

 

14 outubro 2021

Férias no Colmeal

 

Ao longo do tempo, tenho procurado divulgar e enaltecer os talentos criativos dos colmealenses, mas acredito que muitos permaneçam ocultos, por discrição ou desvalorização dos seus detentores. Partilhá-los, porém, contribuiria para o enriquecimento do património cultural da freguesia, e para a visibilidade de grupos populacionais menos favorecidos, em matéria de reconhecimento social e interesse científico.

Neste processo, observável no blogue ou na reedição do artigo de Fernando Costa “A Verdade e a Lenda de António d’Almeida Freire – Cirurgião” (Ass. Amigos do Açor, 2008), tenho deparado com autênticas surpresas e tesouros, nomeadamente no campo da escrita. Foi o que agora se verificou, ao folhear com cuidado uns lençóis amarelecidos do Jornal de Arganil, cujo desgaste resulta do tempo e das dobras que o reduziam, para caber na caixa do correio dos assinantes, na diáspora. Como à Comarca de Arganil e, progressivamente, a outros media locais e regionais, o semanário era esperado com expetativa e lido de fio a pavio, funcionando como elo de ligação às origens. Para muitos, os jornais configuravam, ainda, o principal material de leitura e contexto de escrita, visível nas notícias que se percebe emanarem de uma vasta e ativa rede de correspondentes locais.




Descrito o suporte, voltemos à surpresa em si própria. É constituída pela crónica de umas “Férias no Colmeal”, publicada em quatro partes, no último trimestre de 1959. Trata-se do trabalho de um jovem lisboeta de dezasseis anos, que foi estimulado a escrever pelo pai. É uma peça muito interessante, tanto do ponto de vista do conteúdo, como da forma. Nela, o cronista narra as suas férias no verão daquele ano, começando pela viagem de Lisboa para o Colmeal e terminando com a de regresso. Entretanto, passeia pela povoação e arredores, refresca-se no rio, participa em desfolhadas e festas, farta-se de dançar. Grande bailarino era o nosso cronista! E andarilho, dando razão aos que assinalam as jornadas a pé pelos caminhos ínvios da serra, como um dos temas favoritos dos naturais e oriundos da região. O estilo é surpreendentemente maduro para a idade, permitindo-nos, por um lado, visualizar as situações que descreve, por outro, sentir a emoção às mesmas inerente. Encantaram-me a descrição dos ambientes, as metáforas, a graça de algumas alusões, um ou outro recurso próprio da época ou da idade.



Enquanto documento autêntico e testemunho de uma época, “Férias no Colmeal” é um artigo de leitura imprescindível para quem queira recordar ou conhecer a aventura das viagens naqueles tempos de vai e vem anual atribulado entre a aldeia e a cidade ou o inverso, a perspetiva face à aldeia de um jovem da segunda geração, a entreajuda nas colheitas, as festas dos santos padroeiros, que representavam o expoente máximo do divertimento possível. Subjazem as inacessibilidades e o isolamento e, apesar deles, a coesão social e territorial, que promovia os intercâmbios festivos entre localidades da freguesia e outras.

Com agradecimentos ao saudoso Jornal de Arganil, segue-se o texto. Orgulhosos ficarão, também, os nossos ausentes sempre presentes.

Lisete de Matos

Açor, Colmeal, 5 de outubro de 2021.

 

“Acabaram-se as aulas! Passou mais um ano letivo cheio de trabalho e de canseiras e as férias tão desejadas chegaram finalmente.

Estáva-se em meados do mês de junho e portanto com três meses e meio de férias à minha frente, para poder descansar e preparar-me para o novo ano que começou há poucos dias.

Antes de ir gozar as minhas férias àquela aldeia tão querida, escondida ao fundo dum vale, entre montes cobertos de árvores que dão um aspeto agradável e acolhedor à região, passei uns infindáveis quarenta e cinco dias tristes e monótonos, na cidade, com o seu barulho tão característico, a que já todos estamos acostumados e sem o qual nos parece impossível viver.

Os dias passavam, mas tão lentamente que pareciam anos, até que por fim as últimas folhas do calendário do mês de julho tombaram para sempre e surgiu o primeiro dia de agosto, um sábado radioso de sol, parecendo convidar-nos a abandonar a cidade e a procurarmos o ar puro dos campos

Então começou a azáfama do arrumar das malas, com grande alegria para mim, pois era sinal de que a viagem estava próxima. O dia ia quase ao fim, mas a hora de abalarmos nunca mais chegava.

Fomos finalmente para a estação. Digo, fomos, porque não ia só eu. Os meus pais também iam comigo. A muito custo conseguimos subir para o comboio com a nossa bagagem, que não era pouca e lá nos instalámos. Nem nos podíamos mexer, tal era a avalanche, não só de pessoas, como de malas, cestos, cabazes, etc.

E o comboio começou a deslizar, a princípio lentamente mas depois “a toda a mecha”, como se costuma dizer. A boa disposição reinava entre todos e a aragem fresca da noite, ao entrar pelas janelas abertas, mantinha a carruagem numa temperatura amena. À medida que o comboio devorava quilómetros e o tempo passava, o sono começou a invadir-nos. Fomos então obrigados a utilizar como “Wagon-Lit” aqueles macios e confortáveis bancos de madeira de terceira classe. Mesmo assim, com este conforto todo, dormitámos qualquer coisa.

A viagem decorreu da melhor maneira, quase rápida e às duas e meia já estávamos em Coimbra, a cidade universitária. Mostrava-se-nos toda iluminada, dando-nos uma ideia, mais ou menos, do que é, se a observarmos de dia. Os seus jardins, as suas casas antigas, o Choupal, a Sé Velha, e muitas outras coisas que a tornam bela, sem esquecer o Mondego, as tricanas e os estudantes com as suas serenatas.

Depois de longa espera, o comboio recomeçou a sua marcha, mais lenta, agora, do que fora até aqui.

As estrelas iam desaparecendo no céu, uma espessa neblina cobria os campos e os montes e o frio da manhã, que se fazia sentir, obrigou-nos a vestir alguns agasalhos. Já se podiam observar melhor aqueles campos à beira da linha. Vinhas aqui, árvores de fruto ali, milharais e hortas viçosas acolá, davam um aspeto bonito à região, que já de si é bela.

Às seis e pouco chegávamos à Louzã, onde estava um automóvel à nossa espera, para nos conduzir às proximidades do Colmeal.

Agora os assentos já eram mais confortáveis que os do comboio e fomos melhor instalados. O automóvel seguia pelo meio do arvoredo, enquanto nós, ora olhando para um lado, ora para o outro, não perdíamos aquelas paisagens, tão dignas de serem apreciadas.

Víamos casinhas alvas como a neve sobressaírem da verdura dos campos, dos vergéis próximos, dos campos de cultura; enfim, de todos os lados se viam casas, a dar uma nota de vida e alegria, em contraste com solidão dos montes. À beira da estrada viam-se apesar da hora matutina, os camponeses cuidando uns das suas terras e outros dos animais.

A paisagem é idêntica em todo o percurso. Como no comboio pouco dormira, aproveitei a comodidade do automóvel e … só acordei passada a Catraia do Rolão já na estrada que nos ligará, em breve, à nossa aldeia tão querida e à vista da aldeia do Carvalhal, aglomerado de casas onde àquela hora se elevavam umas colunas de fumo, a indicar que o café se estava a fazer e…, a tomar, é claro.

Aldeia Velha fica-nos ainda mais acima, e já víamos o Soito, com a sua eira verdejante e o Colmeal lá ao fundo, com o rio Ceira a beijar-lhes os pés.

Entretanto o automóvel parava indicando o términus, não da viagem, mas da etapa. Agora, a última etapa era mais difícil, pois tinha de ser feita a pé.

Ultrapassámos o Rossaio e daí a instantes estávamos à Ponte a olhar as águas límpidas do rio, onde eu iria tomar umas banhocas.

O Colmeal estaria à vista dentro de momentos.

O cemitério, onde repousam os restos dos nossos antepassados e a Igreja, que dentro de meses entrará na casa dos quatrocentos anos de existência, foram os primeiros sinais da aldeia a mais uns passos andados …

… Já eu estava no largo da Fonte.

Eram umas nove horas. Pouca gente se via; decerto tinham ido à missa dominical, que àquela hora se estava a celebrar; mas depois o largo começou a animar-se com os que iam chegando, ora dum lado, ora doutro.

Entretanto, eu ia tomar o pequeno almoço. Só à tarde é que vim até à “baixa”, onde alguns rapazes se entretinham a jogar o fito.

O meu primeiro dia no Colmeal estava quase no fim. A sombra cobria tudo com o seu manto e o sol já há muito se tinha escondido por detrás das cercanias distantes.

Ao outro dia, ainda fatigado da viagem, comecei com a minha série de passeios, que se prolongaram quase até ao fim do dia do regresso e que apenas foram interrompidos pelas chuvas arreliadoras, que por vezes caiam do céu cinzento, cor de chumbo.

Da parte da manhã ia para as Seladas, para aquele sítio maravilhoso no meio do espesso arvoredo, com a capelinha do Senhor da Amargura, onde nós vamos, por vezes, fazer as nossas preces. Passeava por entre os pinheiros, jogava à bola no terreiro fronteiro à capela, lia um romance ou fazia jogos com uns primos que geralmente me acompanhavam, para onde quer que eu fosse. À hora do almoço vínhamos para casa, porque era … horas de almoçar.

Da parte da tarde, íamos umas vezes para o rio, ou então passeávamos pelos mais diversos lugares, desde a Cortada, lá no fundo junto ao Ceira, até aos pinhais que circundavam o Ribeiro.

Fomos algumas vezes ao rio, onde tomávamos as nossas banhocas, naqueles dias de muito calor. Nem apetecia sair da água. Era tão agradável estar debaixo das bicas, à Ponte, com a água a cair, límpida e cristalina, sobre as nossas costas … Depois comíamos o lanche que sempre levávamos, pois sabíamos que a água nos abria o apetite.

Um dia, de passeio, fomos até aos Cavões. Depois de colher e saborearmos alguns frutos, viemos para a Cortada, onde nos demorámos até à hora do almoço, a pescar. Éramos três, os pescadores, e fizemos uma grande pescaria; nós somos bons! ...

Ao outro dia era a festa da Malhada e nós não pudemos faltar. Levantámo-nos cedo para irmos pela fresca e percorremos o caminho que separava as duas povoações, sem nos custar nada. Caminhávamos alegremente, pois “íamos para a festa”.

A princípio estava fresco, mas à medida que o sol subia no horizonte, o calor começou a apoquentar-nos.

Os foguetes, estralejando no ar e o desusado movimento nas ruas enfeitadas, davam a indicação de que a aldeia estava em festa.

Subimos até à capelinha de Nossa Senhora de Fátima, onde assistimos às cerimónias religiosas e donde pudemos estender os nossos olhos pelos montes distantes, com povoações e estradas por aqui e por ali.

O baile começava daí a pouco e nós lá fomos, como não podia deixar de ser, dar umas voltinhas. As pernas principiaram-nos a doer mas já o dia ia quase no fim. Assistimos ao fogo de artifício e depois viemos todos embora em cima de uma camioneta até ao Rossaio. Fazia frio, tal como acontecera de manhã. Quando chegámos a casa, cada um caía para seu lado, pois “vínhamos da festa”.

Alguns dias mais tarde, eles vieram-se embora e eu …

… Lá fiquei sozinho.

Sozinho, é como quem diz, sem companheiros para os meus passeios; mas eles não tardaram muito, pois a festa ia-se aproximando e quase todos os dias chegavam ao Rossaio automóveis com colmealenses que iam visitar a sua terra natal.

Quinze dias iam passados desde a minha chegada. Quando, por semana, não tinha nada para fazer, ia até junto dos pedreiros que trabalhavam na ampliação do largo, passar uns momentos de distração a vê-los trabalhar. (é mais agradável ver do que trabalhar) e eles ao verem-me já diziam – “Lá vem mais um engenheiro”.

Aos domingos, da parte da tarde, havia bailarico e então passava um bocado bastante animado. Começávamos o baile cerca das quatro horas e só parávamos depois da meia noite, quando as pernas já não podiam mais. Com a ida dos lisboetas, os bailes tornaram-se mais animados. A mocidade d’outros tempos parecia querer rivalizar com a de agora e diga-se a verdade, eram muito mais alegres e sabiam divertir-se muito melhor do que os de hoje.

Um domingo os “veteranos” fizeram um baile e foi sem dúvida o melhor de quantos lá vi. Pulavam e cantavam como se fossem vinte anos mais novos. As suas danças eram muito diferentes das de hoje. O verde-gaio marcado, o ladrão, o vira balsado, e outras que só eles sabem dançar levavam a palma comparadas com as de agora.

Os dias passavam. A festa dos Cepos chegou por fim. Eu e mais uns rapazes e raparigas combinámos ir e não faltámos. Chegámos àquela aldeia por volta das nove horas e fomos assistir à cerimónia religiosa, depois da qual viemos comer qualquer coisa, pois a caminhada abrira-nos o apetite. Um passeio pela aldeia serviu para fazer horas para o almoço. A seguir a este, fomos para o largo onde estavam a leiloar as fogaças. Findas estas, iniciou-se o baile, o qual só terminou quando viemos embora às duas da madrugada. Ao som dos discos toda a tarde bailámos e regressámos ainda com vontade de ficar. Pelo caminho, mesmo às escuras e aos tropeções, sempre cantámos e descansando aqui e ali chegámos ao Colmeal quase às quatro horas.

Uma semana depois era a nossa festa.

Ainda não rompera a manhã, a alvorada fez-se ouvir com os seus vinte e um tiros e daí em diante os foguetes e os morteiros não mais deixaram de estalar. O dia apresentava-se-nos enevoado com o céu bastante cinzento. O autocarro com a música que abrilhantaria a festa chegava daí a pouco à ”estação” (Rossaio). Em seguida dirigimo-nos a caminho da Ponte, onde recebemos a “Filarmónica Lousanense”, que depois acompanhámos na sua volta à povoação, como que a cumprimentar todos os colmealenses.

A procissão a caminho das Seladas fazia-se mais tarde e com o Senhor d’Amargura voltámos à igreja. Entretanto começava a chover e com a chuva chegava também um numeroso grupo de cepenses, que veio dar uma grande animação, principalmente ao baile, pois traziam toda a espécie de instrumentos.

Enquanto se celebrou a missa e pregou o sermão, sempre choveu, mas depois estiou. Foi só para apagar o pó dos caminhos e o sol mesmo a custo apareceu por entre as nuvens pesadas. A seguir ao sermão reorganizou-se a procissão, agora acrescida com os santos existentes naquela igreja. Com o guião vermelho à frente dirigimo-nos outra vez p’rás Seladas onde ficou o Senhor d’Amargura. Regressámos à igreja e depois a nossas casas onde o almoço nos esperava.

O relógio da torre já tinha dado as quatro horas quando fui até ao largo da Fonte. Este encontrava-se completamente cheio de pessoas que naquele momento dançavam o fado ao som das guitarras, das concertinas e das violas. O baile esteve sempre muito animado e prolongou-se até às cinco horas da manhã, quando já rompia a aurora.

Ao outro dia só para nos contrariar, sempre choveu. E o baile que estava destinado fazer-se …

… Não se fez.

O tempo estava incerto. Nunca se sabia se chovia ou se fazia sol. Logo num dos primeiros dias de setembro caiu uma grande tromba de água sobre a serra da Louzã, a qual fez subir o nível das águas do rio e estas, que até aqui tinham estado sempre límpidas, tomaram uma cor barrenta, cancelando assim os banhos que habitualmente lá ia tomar. Os colmealenses, entretanto, começavam a abandonar a sua terra e a regressar à capital, pensando já no verão de mil novecentos e sessenta, altura em que a igreja comemorará o seu 4º centenário.

Os dias, agora mais pequenos, passavam mais rapidamente.

O tempo das debulhas e das esfolhadas aproximava-se. As terras de milho já tinham perdido a sua cor esverdeada e apresentavam-se agora com uma cor dourada, onde por vezes se viam pequenos grupos de raparigas a colher as espigas.

Nas esfolhadas e nas debulhas juntava-se a mocidade da aldeia e então passavam-se uns momentos bastante animados; mas um dia ia acontecendo precisamente o contrário.

O milho tinha-se apanhado da parte da tarde e a esfolhada combinou-se para essa noite. Tinha-se falado à rapaziada nova e esta não faltara. Um pouco depois de todos já estarmos instalados, sentiu-se o soalho dar um estalido. Ficou tudo alarmado; o peso era muito, a casa era velha e o sobrado também e este não estava escorado.

Verificou-se, então, que três caibros se tinham partido. Passado o pior e depois deste ser escorado voltámos outra vez ao trabalho, o qual se prolongou ainda por algum tempo.

Depois, as chuvas outonais vieram interromper estes momentos de boa disposição, pois não havendo sol o milho não se podia secar.

A primeira quinzena do mês de setembro passara e o dia do regresso ia-se aproximando, com grande tristeza para mim, pois via as minhas férias acabadas.

O derradeiro dia chegou finalmente. Eram umas quatro horas quando eu comecei a fazer as despedidas e a abandonar a aldeia.

Quando embarcámos no Rossaio, eu ao olhar para trás, senti as saudades de deixar aquela aldeia hospitaleira, mas tinha que ser, pois as obrigações assim mo determinavam.

O carro pôs-se em andamento e às sete horas chegámos à Louzã, onde três horas depois tomámos o comboio que nos conduziria a Coimbra. Ainda não era meia noite já nós lá estávamos, mas apenas às quatro da madrugada, depois de muito esperar, conseguimos apanhar lugar no último comboio com destino à capital.

Outra vez a cidade com o seu bulício. Que diferença! … agora que eu vinha tão habituado ao sossego da aldeia, da aldeia que trazia no coração.

Adeus Colmeal! Até à vista. P’ró ano lá estarei a fazer-te mais uma visita.

A.S. “

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[1] A. S.: in: Jornal de Arganil, ano 34º, 1 686, 15 de outubro de 1959; 1 687, 22 de outubro de 1959; 1 688, 29 de outubro de 1959; 1 689, 5 de novembro de 1959.


11 outubro 2021

COLMEAL - UNIÃO PROGRESSIVA



ASSEMBLEIA-GERAL

A União Progressiva da Freguesia do Colmeal completou em 20 de Setembro último noventa anos ao serviço do Regionalismo. Todos sabemos e temos consciência que nem sempre foi fácil o caminho percorrido nessas nove décadas.

Éramos a mais antiga associação regionalista da ex freguesia. Somos a mais antiga da actual união de freguesias. Temos um passado que nos honra.

A situação de pandemia que ainda vivemos inviabilizou neste último mandato, muitas das actividades que haviam sido programadas.

Vamos realizar a nossa Assembleia-Geral, em sessão ordinária, no próximo dia 23 de Outubro, pelas 15 horas, na Casa do Concelho de Góis.

Constam na Ordem de Trabalhos os seguintes pontos: Discussão e votação do Relatório e Contas da Direcção dos anos de 2019 e 2020 e do Parecer do Conselho Fiscal; eleição dos Corpos Gerentes para os anos de 2021 e 2022; discussão de qualquer assunto de caracter regionalista.  

Não havendo o número mínimo de sócios para a Assembleia funcionar em primeira convocação, poderá começar uma hora depois, com qualquer número.

Recordamos que na Assembleia-Geral reside toda a soberania de uma colectividade.

É muito importante para qualquer associação regionalista a presença dos seus sócios.

 

MAGUSTO

De há muitos anos a esta parte, tem a União Progressiva vindo a assumir a realização do já tradicional magusto.

A pandemia com que fomos surpreendidos, no ano passado, inviabilizou este nosso salutar convívio. Apesar de no momento presente a situação indiciar alguma esperança de melhoria, com uma elevada percentagem de pessoas vacinadas, a prudência e o bom senso levaram a Direcção em consonância com a sua Delegação no Colmeal, a decidir pela não realização do magusto, no próximo mês de Novembro.

A concentração de muitas pessoas e por vezes a não observância, mesmo involuntária, dos cuidados essenciais por parte de alguns poderia levar ao aparecimento de novos casos, que, obviamente, a todos preocupariam.

Confiamos que no próximo ano possamos entrar na normalidade.

Contamos com a sua melhor compreensão.

 

A. Domingos Santos

Presidente da Direcção

Lisboa, 10Out 2021