A Câmara Municipal de Góis
teve a gentileza de oferecer, para a Biblioteca da União Progressiva da
Freguesia do Colmeal, livros de inegável qualidade e que certamente despertarão
a curiosidade de quem tem gosto pela leitura.
Para
aqueles que cedo deixaram as suas aldeias e nelas deixaram os seus, as mulheres
e os filhos, filhos que cresciam enquanto longe os pais envelheciam, para os
que rumaram a Lisboa, à capital do Império, esses puderam encontrar um pouco da
Lisboa e redondezas que são descritas e retratadas neste livro.
“Lisboa e Arredores em 1900”.
Facsimile do
original e escrito com a ortografia do princípio do século passado, tem
apontamentos extraordinários, como por exemplo sobre a vista do castelo de S.
Jorge, o Aqueduto das Águas – livres, a Ribeira Nova ou o Terreiro do Paço.
Fotografias e muitas estampas da época mostram-nos o grande portal da Conceição
Velha ou a azáfama matinal na Ribeira Nova, a Torre de Belém ou a Praça do
Rocio.
Ramalho
Ortigão apresenta-nos um formidável apontamento escrito no Porto, em Agosto de
1903, sobre a excelente obra do arquitecto Ventura Terra, que neste livro está
suportada em várias fotografias, com especial realce para a nova câmara dos
deputados em Lisboa.
Escreve
também sobre os Jerónimos, sumptuoso templo que o rei D. Manuel I mandou
erigir, convertendo a pequena capela ali existente, quando Vasco da Gama em
1500 tornou da Índia.
Avenida
da Liberdade, Sé de Lisboa, Sintra, Castelo da Pena, Paço Ducal, Palácios de
Monserrate e de Queluz ocupam largas páginas.
Palácio
Fronteira em Benfica, “A antiga e amável
povoação de Bemfica”, de acordo com mais um escrito de Ramalho.
O
Convento da Madre de Deus, a Xabregas e o Paço- Mosteiro de Mafra, ocupam com
bastante detalhe as últimas páginas.
O
Museu de Artilharia, hoje Museu Militar, merece nas suas páginas especial
relevo. As salas de Dom José I e de Dona Maria II, bem como a de Dona Maria Pia
são descritas por Christovam Ayres “Nas
antigas salas, tão características, com
seus tectos apainelados, pintados a óleo, a sua obra de talha primorosa, as
figuras e ornamentos de grande relevo, os seus dourados ainda vivos,
conservou-se o cunho primitivo; - renques de armas perfilam ao longo das
paredes; hirtas armaduras de ferro, completas,…”.
Um
Museu, que nos dias de hoje, vale uma demorada visita.
Um
livro que, como referimos inicialmente, é interessantíssimo e cuja leitura
aconselhamos. Está à sua disposição na Biblioteca da União no Colmeal.
A
“Crónica
de D. João I” foi escrita por Fernão Lopes, cronista oficial do Reino e
Guarda – Mor da Torre do Tombo, por incumbência do Rei D. Duarte, filho e
sucessor de D. João I. Obra editada em Lisboa em 1644 e apresentada em três volumes,
aqui numa reprodução fiel da obra original.
A
descrição do acontecido após a morte de D. Fernando e a subida ao trono de D.
João I, Mestre de Avis encontra-se fielmente apresentada na primeira parte.
Tudo o que se passa no seu reinado até à assinatura da paz com Castela, em
1411, é-nos relatado no segundo volume, enquanto no último a tomada de Ceuta ocupa
grande parte e termina dando-nos conta do falecimento de D. João I e a
trasladação dos seus restos mortais para o Mosteiro da Batalha, por si mandado
erigir.
A
leitura não é fácil, mas aos poucos vamo-nos habituando e compreendendo a
grafia que era utilizada há cerca de quatrocentos anos.
Três
volumes, com boa encadernação e que enriquecem qualquer estante.
§§§
“Jornalistas
em apuros” é um pequeno livro dedicado aos jovens, com a grata
particularidade de uma das suas autoras, ser nossa associada.
“Maria Deonilde Almeida Bernardo Mendes de
Almeida. Nasceu no Colmeal em 1954, aldeia onde passou os primeiros anos de
vida e onde regressava sempre nas férias grandes. Licenciou-se na Faculdade de
Letras, da Universidade Clássica de Lisboa, no curso de História, tendo
desenvolvido a sua actividade profissional como professora de História e de
Língua Portuguesa, dando assim resposta a uma vocação que lhe apontava o ensino
e o acompanhamento de crianças e jovens como o caminho a seguir ao longo da
vida.”
É co-autora com Maria Isabel
Ângelo Marques. “Colegas de profissão,
amigas na vida pessoal, ambas têm gostos similares e o gosto pela escrita, bem
como a consciência de que vivemos num tempo extremamente rico em novas
tecnologias, extraordinários avanços científicos mas que, na outra face dessa
moeda, se apresenta algo descuidado na preservação de valores que parece terem
ficado para trás na voragem dos dias.
Isso procuraram salientar na
despretensiosa aventura de um grupo de jovens, que, durante um fim de semana,
são levados a experienciar e refletir sobre a importância dos saberes
tradicionais, do respeito pela Natureza, da solidariedade Intergeracional,
entre outros.
Se essa mensagem chegar aos
seus destinatários, terá valido realmente a pena.”
Retirado da badana da contra capa.
Edição
de Setembro de 2017, da Câmara Municipal de Góis, mereceu de Maria de Lurdes
Oliveira Castanheira, sua presidente e para a apresentação do livro, as
seguintes palavras:
“Em boa hora o Município de Góis oferece aos
jovens a oportunidade de ler uma aventura que decorre em Góis. Deonilde Almeida
e Isabel Marques, através de uma leitura fácil e divertida, com “Jornalistas em
apuros” viajam até ao nosso concelho, à serra, às nossas tradições e memórias.
Durante um fim de semana inesquecível e a guardar na alma de cada um, os jovens
personagens da nossa história conhecem o melhor de nós, vivem experiências
únicas, tão perto da Mãe Natureza, de quem nos ensina o que custa a vida, de quem
cuida da nossa terra.
Ler é crescer. Viver.
Aprender. Conhecer. Sonhar. Percorrer locais desconhecidos. Sentir o cheiro e o
seu sabor. Amar as suas gentes. Viver histórias fantásticas. Da leitura
ganhamos a certeza de um mundo melhor.
Com “Jornalistas em apuros”
mais uma oportunidade de leitura é dada aos nossos jovens. Para os que gostam
de ler, este livro vai enriquecer as suas leituras. Para os que gostam menos,
certamente que despertará o prazer de ler.
Faço minhas as palavras das
autoras. Se a mensagem deste livro chegar aos seus destinatários, terá valido
realmente a pena.
Às autoras felicitamos pela
pertinência do tema e pelo meritório gosto. Aos jovens leitores desejamos boas
leituras e aventuras!”
A
União Progressiva da Freguesia do Colmeal agradece muito sensibilizada, a
Deonilde Almeida, nossa associada e amiga, pela gentileza em nos oferecer este
livro “Para a biblioteca da União, com
todo o carinho das memórias que me inspiraram.”
Obrigado
Deonilde Almeida.
É
para nós um enorme privilégio ter uma obra sua, na Biblioteca da União.
JOSÉ
SARAMAGO
Rota de Vida
Uma Biografia
De
autoria do jornalista Joaquim Vieira e publicado por Livros Horizonte, foi
apresentado ao público no passado dia 13 de Novembro, no Palácio Galveias, em
Lisboa, um livro sobre uma biografia
de José Saramago.
Da
contra capa retiramos:
“Vencedor
do Prémio Nobel da Literatura – o primeiro (e único até à data) a distinguir
não só Portugal como a língua portuguesa -, o escritor José Saramago
(1922-2010), autor de romances fundamentais como Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis ou Ensaio sobre a Cegueira, conquistou, por
esse motivo, um estatuto de primordial relevo na nossa história recente.
Trilhou,
porém, um caminho árduo até atingir a consagração: originário de uma família de
trabalhadores rurais ribatejanos, estudou apenas para serralheiro mecânico e
fez toda a sua formação intelectual como autodidacta. Manteve-se na obscuridade
durante a maior parte da sua carreira, fosse como funcionário de escritório,
responsável por uma editora ou até enquanto editorialista, que não assinava os
seus textos, e já só por volta dos 60 anos, ganhou notoriedade como romancista.
Viu-se
envolvido em polémicas que mobilizaram as atenções nacionais: acusado de
praticar censura e de afastar jornalistas como director adjunto do Diário de
Notícias, ele próprio viria a queixar-se, anos depois, de o governo lhe
censurar um livro, afirmando que por tal motivo se afastava do país.
Esta
biografia traça o percurso de uma personalidade única da cultura portuguesa,
debruçando-se tanto sobre a sua intensa atividade criativa como sobre a sua
atribulada vida privada.”
A
União Progressiva da Freguesia do Colmeal esteve presente na cerimónia de
apresentação. É referida no percurso da vida de Saramago, ao que julgamos, pela
primeira vez, a sua passagem pela nossa associação regionalista.
Durante
as pesquisas feitas para este livro, depararam-se, no blogue da UPFC, com
algumas notas da passagem do Nobel da Literatura pelo Colmeal, não só pelo
primeiro casamento com Ilda Reis, mas também pelo facto, desconhecido por
muitos, de ter sido nosso Primeiro Secretário da Direcção, entre os finais da
década de quarenta e primeira metade dos anos cinquenta.
A
Biblioteca da União, no Colmeal, onde José Saramago já está representado com
alguns dos seus livros, passará agora a contar com esta recente obra.
A.
Domingos Santos
Lisboa, 22 de Novembro de 2018