HABITAÇÃO NA BEIRA
SERRA – DO PASSADO E DO PRESENTE PARA O FUTURO é o título do novo livro que Lisete
de Matos nos apresenta. Pelo que já conhecemos da sua obra publicada, e dos
muitos e variados apontamentos com que a todos nos delicia, no nosso blogue ou
na imprensa regional, poderíamos dizer que não nos surpreende. Mas folheando
página a página, temos que reconhecer que este livro nos impressiona pela
qualidade, pelo detalhe, pelo pormenor, pela exaustiva recolha documentada e
seriada em centenas de fotografias e pelo carinho que sentimos nas suas
palavras.
Trabalho de muitos anos, feito com «um olhar atento, com
poesia e sentimento… sobre as estruturas agarradas ao chão, com os seus feitios
e materiais, as suas técnicas e artes, mais de mãos que de pedras. E sobre
espaços de fruição, com as suas venturas e desventuras, as suas alegrias e
tristezas, as suas vozes e silêncios» como escreve João Nogueira Ramos no
seu Postal de um Beirão.
Como na Introdução se refere a autora «É, pois, enquanto
reflexo da atividade humana e componente essencial do património construído e
cultural que elegemos a habitação serrana e, por inerência, a respectiva
arquitetura de produção (fornos e alambiques, galinheiros, palheiros e currais,
moinhos, lagares e tulhas, como objecto de reflexão nesta obra.»
Lisete de Matos percorreu os concelhos de Arganil, Góis,
Pampilhosa da Serra e Lousã, onde procurou o que entende ser, na sua modéstia e
simplicidade, «Um contributo ínfimo, considerando a riqueza, a diversidade e a
beleza cativante do património que por toda a parte nos acena ávido de futuro.»
Dividido em quatro capítulos, de leitura muito interessante e
acessível, é uma obra que se torna obrigatório ter em nossas casas, pelo legado
que nos deixa. A nós, aos nossos filhos e aos nossos netos. São registos
importantes, que ficam. Que alguém se deu ao cuidado de no-los deixar.
Tal como João Nogueira
Ramos termina o seu Postal, também
nós terminamos,
Obrigado, Lisete.
U. P. F. Colmeal
2 comentários:
Li o livro com a maior atenção e grande prazer, e aqui deixo a minha despretensiosa apreciação, para que conste e motive (quem sou eu para motivar mas "presunção e água benta cada um toma a que quer") a autora para que continue a deliciar-nos com esta escrita desempoeirada, cativante e recheada de expressões e palavras que cada vez se ouvem menos. (Um dia destes serão português arcaico, dando lugar à mescla "inglesada" que por aí pulula)
Ficou-me apenas uma (contida) mágoa de não ver as fotografias em formato maior, mesmo que, para isso, fosse necessário reduzir o seu número. Julgo que todos ficaríamos a ganhar se os pormenores fossem (ainda) mais visíveis.
Parabéns e por cá fico a aguardar nova obra de divulgação daquilo que foi, é e será a história de nós todos, mesmo dos que habitam as cidades ...
Muito obrigada pela apreciação, pelo apreço e, muito especialmente, pela crítica construtiva. Compreendo-a perfeitamente, agora que um certo distanciamento já se operou. Muito obrigada. Com mais comentários e sugestões, poderemos sempre melhorar a obra
Lisete de Matos
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