O
que será? Pois, só podem ser os fungos, isto é, os cogumelos em que aqueles se
manifestam, numa espécie de frutificação, eles que não são plantas! Em inícios
de fevereiro, tortulhos igualmente belos e surpreendentes, mas bem diferentes dos
que partilhava em tempos (Um Abraço de
Tortulhos e Ainda os Tortulhos,
upfc-colmeal-gois.blogspot.pt, 19 nov. e 31 dez. de 2009)!
Ao contrário da maioria, estes têm em comum a atração pelos troncos enfermos e inertes de árvores, preferindo as de fruto, os eucaliptos e sobreiros. Muito dados a ajuntamentos e atrevidos, uns trepam pelos troncos eretos acima, subindo, subindo, outros estendem-se pelos deitados abaixo, outros, ainda, juntam-se em tufos aconchegantes e nichos protetores. Todos em busca do melhor lugar e de um lugar ao sol!
Já passados ou ressentidos da idade e do tempo desabrido que fez, há-os de várias formas, feitios e cores. No entanto, predominam os bem-apessoados orelhas-de-pau e afins, instalados em densas colónias de famílias alinhadas, e desalinhadas, que fazem orelhas moucas às ordens para formar! Mas também há os que lembram flores exuberantes, e massas trementes e fofas de gelatina e algodão doce. Um fascínio! Embora semelhantes, variam tanto na disposição que parecem diferentes!
Do ponto de vista do feitio, sempre sedutores e enfeitiçantes, uns são parasitas inveterados que dão cabo do hospedeiro, outros, amigos íntimos que vivem com organismos distintos simbioses idealmente vantajosas para ambas as partes. No caso vertente, a maior parte são decompositores dedicados e laboriosos, muito se lhes ficando a dever. Perante o chão atapetado de troncos acamados que o mato e os arbustos vão cobrindo, muito trabalho os espera! Com as bactérias, os fungos são os principais agentes transformadores da matéria orgânica. Os predadores não são para aqui chamados!
Em termos de cor, cuja pujança vão perdendo, sobressaem
os amarelos a caminho do castanho, mas também há cinzentos, laranjas, brancos, e
discretas combinações multicolores.
Enfim, seres fantásticos e peculiares, que contribuem para o equilíbrio ecológico e para a beleza natural, fazendo parte da biodiversidade e do estimado milhão e meio de espécies de fungos existente. Distribuídos por cogumelos, leveduras, bolores, mofos e entre bons e maus, servem múltiplos fins. Chamo maus aos que funcionam como agentes patogénicos, inclusive do homem, e aos que, como referia antes, são tão gostosos, tão gostosos, que só se degustam uma vez. É o caso da cicuta verde, (amanita phalloides), também chamado chapéu-da-morte e outros menos comuns por aqui!
Para uma próxima oportunidade ficam os líquenes e musgos, fungos e plantas que também são fãs dos troncos das árvores.
Lisete de Matos
Açor, Colmeal, 2 de fevereiro de 2021.