As
conversas são como as cerejas, sempre se ouviu dizer. Mas, isso era no tempo em
que as pessoas falavam, porque hoje comunicam, teclam e…
Numa recente visita a
uns amigos, às tantas falava-se de livros, de Saramago, do seu modo de
escrever, da dificuldade na leitura e de uma sua obra que tem por título “As Intermitências
da Morte”. Que eu não lera. A curiosidade levou-me a adquiri-lo poucas horas
depois e já ultrapassei as primeiras vinte páginas.
É uma recente edição na
Porto Editora.
Espero não cometer
nenhuma infracção grave face aos impedimentos legais de reprodução, mas não
resisto a transcrever as primeiras linhas
“No dia seguinte ninguém
morreu. O facto, por absolutamente contrário às normas da vida, causou nos
espíritos uma perturbação enorme, efeito em todos os aspectos justificado,
basta que nos lembremos de que não havia notícia nos quarenta volumes da
história universal, nem ao menos um caso para amostra, de ter alguma vez
ocorrido fenómeno semelhante, passar-se um dia completo, com todas as suas
pródigas vinte e quatro horas, contadas entre diurnas e nocturnas, matutinas e
vespertinas, sem que tivesse sucedido um falecimento por doença, uma queda
mortal, um suicídio levado a bom fim, nada de nada, pela palavra nada. Nem
sequer um daqueles acidentes de automóvel tão frequentes em ocasiões festivas,
quando a alegre irresponsabilidade e o excesso de álcool se desafiam mutuamente
nas estradas para decidir sobre quem vai conseguir chegar à morte em primeiro
lugar.”
José Saramago está
presente na Biblioteca da União Progressiva no Colmeal, com algumas das suas
obras.
Das badanas do livro
acima referido retiramos a seguinte informação:
“Autor de mais de 40
títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga.
As noites passadas na
biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a
sua formação. «E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela
curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se
desenvolveu e apurou.»
Em 1947 publicou o seu
primeiro livro que intitulou A Viúva,
mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em
1953, terminaria o romance Claraboia,
publicado apenas após a sua morte.
No final dos anos 50
tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que
conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário.
Regressa à escrita em
1966 com Os Poemas Possíveis.
Em 1971 assumiu funções
de editorialista no Diário de Lisboa
e em Abril de 1975 é nomeado director-adjunto do Diário de Notícias.
No princípio de 1976
instala-se no Lavre para documentar o seu projecto de escrever sobre os
camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção
novelesca.
Até 2010, ano da sua
morte, a 18 de Junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra
incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O
Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio
sobre a Cegueira, Todos os Nomes
ou A Viagem do Elefante, obras
traduzidas em todo o mundo.
No ano de 2007 foi
criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da
literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como
documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a
Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa.
José Saramago recebeu o
Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998.”
Na União Progressiva da
Freguesia do Colmeal, associação regionalista do concelho de Góis, fundada em
20 de Setembro de 1931, desempenhou o cargo de 1º Secretário da Direcção, de 18
de Janeiro de 1948 a 17 de Dezembro de 1950 e de 24 de Abril de 1954 a 27 de
Dezembro de 1955.
E tal como Saramago,
leia, desenvolva o seu gosto pela leitura.
A. Domingos Santos