22 abril 2016

FOLHAS SOLTAS DE CADAFAZ


Arminda Silva é uma presença assídua em “O Varzeense”, quinzenário da imprensa concelhia, com o seu cantinho da página 6 a que por bem baptizou com o nome de “Folhas Soltas de Cadafaz”.

Escrevendo sobre os mais variadíssimos temas, o último dos quais a propósito de «O Sal de que não prescindimos», Arminda Silva procura documentar-se para com rigor proporcionar aos seus leitores textos interessantes e de qualidade. E linha a linha e com muito agrado sempre se vai aprendendo alguma coisa ou se calhar muita coisa. Sabia que os chineses terão sido os primeiros a obter o sal? E há tantos séculos? E o que se passou ao longo dos tempos pelo nosso jardim à beira mar plantado em que no século X foi nomeado um titular eclesiástico para umas marinhas ou que na Roma antiga o sal era parte do salário?

Arminda Silva sempre atenta ao que se passa na freguesia ou na aldeia onde reside, por vezes traz as mágoas e também as suas perguntas ao cantinho da página 6, como aconteceu no final de Janeiro, em que com duas fotografias de placas toponímicas a complementar o texto, manifestava o seu desencanto, perguntando: a quem compete?

Em Fevereiro continuou a escrever sobre as Imagens da Igreja Paroquial do Cadafaz revelando pormenores certamente para nós desconhecidos. Interessante também o tema que abordou no número de meados do mês de Março «As Cozinhas Económicas e as Sopas do Sidónio», o que vem confirmar a sua preocupação na procura de temas oportunos e atraentes ao leitor e a facilidade com que no-los apresenta.


«Homenagem à Escrita de Lisete de Matos» é o título do texto com que manifesta no número de 28 de Fevereiro o seu enorme respeito e apreço pelo seu percurso, pelos seus livros dos quais destaca “Dos Objectos paras as Pessoas” e “Gente da Serra Do seu Quotidiano e Costumes” e da participação recente na última Revista ARGANILIA com um extraordinário trabalho sobre o Padre André de Almeida Freire.

A União Progressiva da Freguesia do Colmeal tem um enorme orgulho em poder contar entre os seus associados, com Arminda Silva e Lisete de Matos.

A. Domingos Santos 

16 abril 2016

União Progressiva visita FAJÃO


No passado domingo 10 de Abril fomos a Fajão concretizar um desafio lançado em 31 de Maio do ano anterior quando por ali passámos durante um fim-de-semana dedicado a conhecer as nossas “Belezas Serranas”.
E o desafio foi o de voltarmos a Fajão, uma das 27 Aldeias do Xisto, e almoçar no restaurante O Pascoal, onde predominam as especialidades mais características da região. A sua localização privilegiada permite-nos contemplar uma bela panorâmica para os cumes da Serra do Açor.









Entradas com destaque para a morcela assada e o queijo da serra com doce de chila. A seguir, truta de escabeche e nas carnes, cabrito assado no forno com castanhas, javali e chanfana de cabra. Tudo uma delícia. Como se costuma dizer “de comer e chorar por mais”. Saber e sabores numa conjugação perfeita. Tigelada, arroz doce, leite-creme, baba de camelo e salada de frutas antes do café. Alegria e boa disposição estiveram sempre presentes.









Seguiu-se uma visita ao Museu Monsenhor Nunes Pereira.
Grande parte da sua obra artística concretizou o seu sonho de salvar e divulgar as memórias e a cultura das gentes da Serra do Açor, onde cresceu e viveu até à adolescência em contacto directo com a vida dura e agreste das gentes da serra. Autor de vitrais, painéis e gravuras em madeira, trabalhos em ferro forjado e cobre, xilogravuras, desenhos artísticos a buril, água-forte, ponta seca e lápis, gravuras em lousa, marfim e calhau rolado.


Fajão já foi concelho. Estatuto adquirido por foral concedido em 1233 por D. Pedro Mendes, Prior de S. Pedro de Folques (Arganil), que obrigava a pagar uma renda de 10 alqueires de trigo e 10 galinhas ao Mosteiro de Folques. Extinto com a reforma administrativa de Mouzinho da Silveira em 1855, passa na recente reforma a constituir uma união de freguesias com Vidual.









Era obrigatório passar pelo Colmeal, onde se fez uma paragem para visitar a Igreja Paroquial e tomar um café no Centro antes do regresso a Lisboa.
Satisfação total na apreciação final.

UPFC
Fotos de A. Domingos Santos

07 abril 2016

COLMEAL - UNIÃO PROGRESSIVA PREPARA CAMINHADA



A União Progressiva da Freguesia do Colmeal está a preparar com entusiasmo a sua próxima caminhada, a realizar no sábado, dia 7 de Maio.
Reserve na sua agenda este dia para connosco vir descobrir trilhos antigos e deliciar-se com toda a beleza envolvente.

A concentração será no Colmeal, no Largo, pelas 8 horas. Os participantes serão transportados até Capelo, onde depois de um café d‘avó e uma filhós será dada a partida, cerca das 9 horas. Um moinho antigo que irá certamente despertar o interesse dos participantes surgirá logo após as primeiras passadas.
Depois, pelos caminhos hoje raramente utilizados seguiremos pelo cimo da Candosa até ao Sobral. Vamos de novo percorrer aquele trilho que tanto agradou e que tanto trabalho deu a desobstruir quando há seis anos andámos pelos “Trilhos da Mimosa”.
O convívio, será no Parque de Merendas das Seladas, por volta da uma da tarde.

O valor da inscrição mantém-se nos 10 euros, sendo que os mais jovens, entre os 6 e os 10 anos, pagam apenas metade.
Convém inscrever-se o mais cedo possível, para que possamos programar tudo com tempo e da melhor maneira possível.
Os contactos são os habituais: José Álvaro – 235761490 (noite) / 967546505; Catarina Domingos – 933344904; Tiago Domingos – 965344190; António Santos – 962372866; Maria Lucília – 914815132.
  
Foi em 2006, em 3 de Junho, que nos abalançámos com a nossa primeira caminhada, pelo Cabeço do Gato, com a deslumbrante vista que a todos maravilhou. Daí para cá nunca mais parámos.


Para a caminhada deste ano ainda não temos nome. Aceitamos sugestões.
Antecipamos uma jornada saudável, com alegria e um excelente convívio.

Não esqueça de reservar esse dia na sua agenda.
Inscreva-se já. Vai valer a pena.

A Direcção

01 abril 2016

COLMEAL, VISITA PASCAL 2016


Celebrou-se a Páscoa, no domingo passado. Para os cristãos, a Páscoa festeja a ressurreição de Jesus Cristo, filho de Deus, depois de ter sido cruxificado e morto na cruz para salvação dos Homens. Celebrando a vitória da vida sobre a morte, é a principal festa da liturgia cristã e uma das mais antigas.

No âmbito da mesma, ocorreu a Visita pascal, também chamada de Boas festas e Compasso. É uma tradição cristã que consiste na deslocação do sacerdote ou de quem o represente a casa dos paroquianos, para anunciar a ressurreição de Cristo, representado pela Cruz, e abençoar as casas e famílias. Recebendo-O, estas expressam fé e aceitação do mistério e dogma da ressurreição e divindade de Jesus. 

Festivamente paramentados de vermelho, acompanham o sacerdote ou quem o substitua: um sacristão, que transporta a Cruz e a dá a beijar; dois acólitos, um que transporta a caldeirinha com a água benta e outro que vai soando uma sineta em sinal de júbilo; um mordomo, que recolhe e transporta num saco o folar que as pessoas oferecem como contributo para o funcionamento da paróquia. 

O rito é eloquente, na sua simplicidade. Depois dos fiéis, a Cruz é a primeira a entrar nas casas, dizendo o seu portador:

- Bom dia (ou boa tarde),Cristo ressuscitou, boas festas, aleluia, aleluia!

De imediato, o pároco asperge os presentes e a sala com água benta, enquanto reza, sendo acompanhado por todos nas aleluias: 

- Este é o dia que o Senhor fez. Exultemos e cantemos de alegria. Aleluia, aleluia, aleluia!

A seguir, a Cruz é dada a beijar aos presentes, começando pelos donos da casa, a quem o respetivo portador deseja de novo boas festas e o pároco ou o seu representante o vem fazer também. Seguem-se momentos de partilha e convívio informal, com os anfitriões a insistirem para que os visitantes tirem amêndoas, comam, bebam ... 

Embora possa ocorrer em meio urbano, a Visita pascal é uma tradição essencialmente rural. Consequentemente, em linha com a importância que é atribuída à família e à Páscoa, continua a verificar-se a deslocação dos que residem fora às suas aldeias de origem, onde muitos participam no evento. Uma vez que têm de regressar, as Boas festas realizam-se no próprio domingo de páscoa, não se prolongando pelos seguintes, como antigamente. Devido à extensão dos territórios e à falta de sacerdotes, esta metodologia implica o envolvimento de leigos, quem sabe se numa antecipação precoce do futuro. 

É o que acontece na paróquia do Colmeal, onde se organizam dois grupos: um que assegura as Boas festas nas localidades da margem esquerda do Ceira, (Malhada, Foz da Cova, Carrimá, Soito, Aldeia Velha, Carvalhal e alternadamente o inverso) e outro que as assegura na margem direita (Colmeal, Ádela, Açor, Sobral e Saião e Salgado, se for caso disso). Este ano, as equipas foram empossadas pelo pároco - padre Carlos Cardoso - na sequência da missa pascal. 


Entre residentes e visitantes, diria que a maior parte abre a porta da sua casa. Infelizmente, de ano para ano, também as há que ficam fechadas, por ausência ocasional ou incontornável, permanecendo presença inolvidável. Algumas famílias continuam a enfeitar a entrada com flores e ramagens, ainda em alusão à entrada de Cristo em Jerusalém e outras práticas ancestrais. 

Sobre a mesa hospitaleira, podem ver-se iguarias tão diversas como amêndoas, bolos caseiros e industriais, filhós, salgados, fruta, bebidas com e sem álcool, café. Dizem-me que nas terras onde a Visita tem lugar perto da hora do almoço, é possível encontrar a mesa posta para o mesmo, sendo os visitantes convidados a partilhá-lo. Admiro mesmo a sua disponibilidade e capacidade para a todos honrarem, servindo-se de alguma coisa! Discretamente, o mordomo recolhe e guarda o folar. 

Presentemente, quando muitos permanecemos poucos, há terras onde toda a gente se desloca em comitiva, beijando o Senhor em todas as casas onde entra, mal lembrando a multidão que acompanhava as Visitas pascais de antigamente. Ao tempo, as aldeias pululavam de gente, as deslocações faziam-se a pé pelas veredas sinuosas da serra, o Natal contava pouco e uma das promessas devotas que as pessoas mais faziam era a de andar a alumiar o Senhor, de lanterna de azeite acesa, em todas as Visitas da freguesia ou apenas em algumas. Enfim, tudo concorrendo para tornar as Boas festas - como o próprio nome indica – uma oportunidade maior de expressão religiosa, interação social e convívio. Recentemente, alguém me dizia que só foi ao Carvalhal quando teria os seus catorze anos, e andava a alumiar o Senhor. Quinze dias antes, já as mulheres andavam de sabão amarelo e escova em punho, a “escafonar” o soalho! 

Imagine-se a extensão, o colorido e o simbolismo daquele cordão andante pela serra, em alegria sacrificada, cantando hinos de ressurreição! E os mais novos divertindo-se ao mesmo tempo! Nas aldeias, parte dos acompanhantes ficava às portas, pois era costume entrar apenas nas casas de familiares e amigos. Mas havia sempre quem tirasse umas amêndoas, nomeadamente os párocos, para os que estavam lá fora. Um gesto inesquecível para os que então eram crianças, como se viu no trabalho sobre o Padre André de Almeida Freire!

Na pessoa de os elementos que promoveram a Visita pascal deste ano, agradeço aos próprios e a todos os que, ao longo do tempo, têm mantido a tradição viva, em prol da religiosidade e da cultura, património imaterial, que nos identifica e une. 

-Margem esquerda: José Álvaro Domingos, em representação do padre Carlos Cardoso; Carlos da Conceição Jesus, com a Cruz; Tiago Domingos, com a sineta; Artur Domingos Fonte, com a caldeirinha; Miguel Iria, com o saco.

-Margem direita: João Freire, em representação do padre Carlos Cardoso; Leonel Henriques, com a Cruz; Américo Jesus com a cadeirinha e a sineta; José Braz Vitor, com o saco.

Obrigada pela generosidade e dedicação.

A fotografia do grupo foi tirada pela Catarina Domingos, que já tem integrado as equipas.


Lisete de Matos

Açor, Colmeal, 31 de março de 2016