29 novembro 2018

Biblioteca da União no Colmeal



A Câmara Municipal de Góis teve a gentileza de oferecer, para a Biblioteca da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, livros de inegável qualidade e que certamente despertarão a curiosidade de quem tem gosto pela leitura.

Para aqueles que cedo deixaram as suas aldeias e nelas deixaram os seus, as mulheres e os filhos, filhos que cresciam enquanto longe os pais envelheciam, para os que rumaram a Lisboa, à capital do Império, esses puderam encontrar um pouco da Lisboa e redondezas que são descritas e retratadas neste livro.


Lisboa e Arredores em 1900”.
Facsimile do original e escrito com a ortografia do princípio do século passado, tem apontamentos extraordinários, como por exemplo sobre a vista do castelo de S. Jorge, o Aqueduto das Águas – livres, a Ribeira Nova ou o Terreiro do Paço. Fotografias e muitas estampas da época mostram-nos o grande portal da Conceição Velha ou a azáfama matinal na Ribeira Nova, a Torre de Belém ou a Praça do Rocio.

Ramalho Ortigão apresenta-nos um formidável apontamento escrito no Porto, em Agosto de 1903, sobre a excelente obra do arquitecto Ventura Terra, que neste livro está suportada em várias fotografias, com especial realce para a nova câmara dos deputados em Lisboa.
Escreve também sobre os Jerónimos, sumptuoso templo que o rei D. Manuel I mandou erigir, convertendo a pequena capela ali existente, quando Vasco da Gama em 1500 tornou da Índia.

Avenida da Liberdade, Sé de Lisboa, Sintra, Castelo da Pena, Paço Ducal, Palácios de Monserrate e de Queluz ocupam largas páginas.
Palácio Fronteira em Benfica, “A antiga e amável povoação de Bemfica”, de acordo com mais um escrito de Ramalho.
O Convento da Madre de Deus, a Xabregas e o Paço- Mosteiro de Mafra, ocupam com bastante detalhe as últimas páginas.

O Museu de Artilharia, hoje Museu Militar, merece nas suas páginas especial relevo. As salas de Dom José I e de Dona Maria II, bem como a de Dona Maria Pia são descritas por Christovam Ayres “Nas antigas salas, tão características, com seus tectos apainelados, pintados a óleo, a sua obra de talha primorosa, as figuras e ornamentos de grande relevo, os seus dourados ainda vivos, conservou-se o cunho primitivo; - renques de armas perfilam ao longo das paredes; hirtas armaduras de ferro, completas,…”.
Um Museu, que nos dias de hoje, vale uma demorada visita.  
Um livro que, como referimos inicialmente, é interessantíssimo e cuja leitura aconselhamos. Está à sua disposição na Biblioteca da União no Colmeal.


A “Crónica de D. João I” foi escrita por Fernão Lopes, cronista oficial do Reino e Guarda – Mor da Torre do Tombo, por incumbência do Rei D. Duarte, filho e sucessor de D. João I. Obra editada em Lisboa em 1644 e apresentada em três volumes, aqui numa reprodução fiel da obra original.
A descrição do acontecido após a morte de D. Fernando e a subida ao trono de D. João I, Mestre de Avis encontra-se fielmente apresentada na primeira parte. Tudo o que se passa no seu reinado até à assinatura da paz com Castela, em 1411, é-nos relatado no segundo volume, enquanto no último a tomada de Ceuta ocupa grande parte e termina dando-nos conta do falecimento de D. João I e a trasladação dos seus restos mortais para o Mosteiro da Batalha, por si mandado erigir.
A leitura não é fácil, mas aos poucos vamo-nos habituando e compreendendo a grafia que era utilizada há cerca de quatrocentos anos.
Três volumes, com boa encadernação e que enriquecem qualquer estante.

§§§

Jornalistas em apuros” é um pequeno livro dedicado aos jovens, com a grata particularidade de uma das suas autoras, ser nossa associada.

Maria Deonilde Almeida Bernardo Mendes de Almeida. Nasceu no Colmeal em 1954, aldeia onde passou os primeiros anos de vida e onde regressava sempre nas férias grandes. Licenciou-se na Faculdade de Letras, da Universidade Clássica de Lisboa, no curso de História, tendo desenvolvido a sua actividade profissional como professora de História e de Língua Portuguesa, dando assim resposta a uma vocação que lhe apontava o ensino e o acompanhamento de crianças e jovens como o caminho a seguir ao longo da vida.”

É co-autora com Maria Isabel Ângelo Marques. “Colegas de profissão, amigas na vida pessoal, ambas têm gostos similares e o gosto pela escrita, bem como a consciência de que vivemos num tempo extremamente rico em novas tecnologias, extraordinários avanços científicos mas que, na outra face dessa moeda, se apresenta algo descuidado na preservação de valores que parece terem ficado para trás na voragem dos dias.

Isso procuraram salientar na despretensiosa aventura de um grupo de jovens, que, durante um fim de semana, são levados a experienciar e refletir sobre a importância dos saberes tradicionais, do respeito pela Natureza, da solidariedade Intergeracional, entre outros.
Se essa mensagem chegar aos seus destinatários, terá valido realmente a pena.” Retirado da badana da contra capa.

Edição de Setembro de 2017, da Câmara Municipal de Góis, mereceu de Maria de Lurdes Oliveira Castanheira, sua presidente e para a apresentação do livro, as seguintes palavras:
Em boa hora o Município de Góis oferece aos jovens a oportunidade de ler uma aventura que decorre em Góis. Deonilde Almeida e Isabel Marques, através de uma leitura fácil e divertida, com “Jornalistas em apuros” viajam até ao nosso concelho, à serra, às nossas tradições e memórias. Durante um fim de semana inesquecível e a guardar na alma de cada um, os jovens personagens da nossa história conhecem o melhor de nós, vivem experiências únicas, tão perto da Mãe Natureza, de quem nos ensina o que custa a vida, de quem cuida da nossa terra.
Ler é crescer. Viver. Aprender. Conhecer. Sonhar. Percorrer locais desconhecidos. Sentir o cheiro e o seu sabor. Amar as suas gentes. Viver histórias fantásticas. Da leitura ganhamos a certeza de um mundo melhor.
Com “Jornalistas em apuros” mais uma oportunidade de leitura é dada aos nossos jovens. Para os que gostam de ler, este livro vai enriquecer as suas leituras. Para os que gostam menos, certamente que despertará o prazer de ler.
Faço minhas as palavras das autoras. Se a mensagem deste livro chegar aos seus destinatários, terá valido realmente a pena.
Às autoras felicitamos pela pertinência do tema e pelo meritório gosto. Aos jovens leitores desejamos boas leituras e aventuras!

A União Progressiva da Freguesia do Colmeal agradece muito sensibilizada, a Deonilde Almeida, nossa associada e amiga, pela gentileza em nos oferecer este livro “Para a biblioteca da União, com todo o carinho das memórias que me inspiraram.”
Obrigado Deonilde Almeida.
É para nós um enorme privilégio ter uma obra sua, na Biblioteca da União.


JOSÉ SARAMAGO
Rota de Vida
Uma Biografia
De autoria do jornalista Joaquim Vieira e publicado por Livros Horizonte, foi apresentado ao público no passado dia 13 de Novembro, no Palácio Galveias, em Lisboa, um livro sobre uma biografia de José Saramago.
Da contra capa retiramos:
“Vencedor do Prémio Nobel da Literatura – o primeiro (e único até à data) a distinguir não só Portugal como a língua portuguesa -, o escritor José Saramago (1922-2010), autor de romances fundamentais como Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis ou Ensaio sobre a Cegueira, conquistou, por esse motivo, um estatuto de primordial relevo na nossa história recente.

Trilhou, porém, um caminho árduo até atingir a consagração: originário de uma família de trabalhadores rurais ribatejanos, estudou apenas para serralheiro mecânico e fez toda a sua formação intelectual como autodidacta. Manteve-se na obscuridade durante a maior parte da sua carreira, fosse como funcionário de escritório, responsável por uma editora ou até enquanto editorialista, que não assinava os seus textos, e já só por volta dos 60 anos, ganhou notoriedade como romancista.

Viu-se envolvido em polémicas que mobilizaram as atenções nacionais: acusado de praticar censura e de afastar jornalistas como director adjunto do Diário de Notícias, ele próprio viria a queixar-se, anos depois, de o governo lhe censurar um livro, afirmando que por tal motivo se afastava do país.

Esta biografia traça o percurso de uma personalidade única da cultura portuguesa, debruçando-se tanto sobre a sua intensa atividade criativa como sobre a sua atribulada vida privada.”

A União Progressiva da Freguesia do Colmeal esteve presente na cerimónia de apresentação. É referida no percurso da vida de Saramago, ao que julgamos, pela primeira vez, a sua passagem pela nossa associação regionalista.
Durante as pesquisas feitas para este livro, depararam-se, no blogue da UPFC, com algumas notas da passagem do Nobel da Literatura pelo Colmeal, não só pelo primeiro casamento com Ilda Reis, mas também pelo facto, desconhecido por muitos, de ter sido nosso Primeiro Secretário da Direcção, entre os finais da década de quarenta e primeira metade dos anos cinquenta.
A Biblioteca da União, no Colmeal, onde José Saramago já está representado com alguns dos seus livros, passará agora a contar com esta recente obra.

A. Domingos Santos                                         
Lisboa, 22 de Novembro de 2018

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma biblioteca com um acervo notável!
Sem prejuízo do interesse das demais obras, parabéns a Deonilde Almeida e a Maria Isabel Ângelo Marques, pela criatividade, pela sua, como dizem, despretensiosa aventura de um grupo de jovens sobre a importância dos saberes tradicionais, do respeito pela natureza, da solidariedade intergeracional, entre outros temas. Seguramente escrita de modo atrativo, professoras de português que são! Considerando um bom livro infantojuvenil sempre um bom livro para adultos, vou lê-lo com interesse e agrado redobrados.
Mais um talento colmealense que se revela, muito obrigada pela obra e pelo enriquecimento do património cultural local.
Lisete de Matos
Açor, Colmeal




Açor, Colmeal
Lisete de Matos