Festejaram-se,
no Colmeal, o Dia de Todos os Santos do calendário católico e o magusto anual da
União Progressiva da Freguesia do Colmeal (UPFC).
O
Dia de Todos os Santos é uma celebração em honra de todos os santos conhecidos
e desconhecidos. Uma grande multidão, que ninguém pode contar, como consta da
primeira leitura do dia (Ap. 7.2-12),
constituída pelos que foram proclamados santos e por muitos dos que viveram com
fé e amor a Deus e aos outros. Entre eles, encontram-se muitos dos nossos
familiares, amigos e conhecidos. Seguramente!
Na sequência da liturgia do dia, e nomeadamente do evangelho (Mat. 5.1-12), o diácono Manuel Cabral fez uma homilia muito esclarecedora, compreensiva e ecuménica sobre a felicidade da vida eterna e a santidade como desiderato e possibilidade, através da prática das Bem-Aventuranças. Muito apaziguador.
Por
antecipação do Dia de Finados, também chamado dos Fiéis Defuntos ou dos Mortos,
seguiu-se a romagem ao cemitério, em oração pelos “nossos santos” e por todos
os que já partiram. Para além da presença de um número significativo de
paroquianos, também as flores naturais aludiam ao carinho dos que vieram de
longe para homenagear os seus. Mitigadas a saudade e a solidão, todos se
sentiram muito mais acompanhados.
No
que se refere ao magusto, foi um acontecimento muito animado e concorrido, uma
vez mais realizado no Dia de Todos os Santos, como era costume na zona. Atraídos
pelo convívio e o apelo da tradição, havia participantes de tantas localidades,
que nem me atrevo a referi-las. Claro, tratou-se de um magusto muito genuíno,
com as castanhas assadas na fogueira de caruma seca, leve e facilmente
inflamável. Um grande molho dela, atado com corda de gancho! A operação exige sabedoria,
mas o José Álvaro já é perito na arte!
Depois,
é sempre um gosto observar a satisfação com que muitos afagam as castanhas escurecidas,
descascando-as e deliciando-se com elas. Só resistem à tentação os que não as podem
comer ou não querem sujar as mãos, preferindo os torresmos, que exalavam um
aroma muito saboroso. Percebi que foram preparados pela Bela e pelo Artur, estão
aprovados, esperamos que continuem!
Nos
tempos de abundância em que temos o privilégio de viver, não deixa de ser
surpreendente o apreço significativo por uma iguaria que, outrora, constituiu o
principal e parco alimento do povo. As castanhas comiam-se, então,
essencialmente cozidas, sendo frequentes as histórias do “Ti” fulano ou
beltrano que, até debelar o apetite, nem a camisa (pele interior) lhes tirava!
Tal como não partilhava os filhos, fazendo compadres e comadres das castanhas.
Este ritual de afeto era indissociável dos magustos e consistia em oferecer a alguém, abraçando-o ou
beijando-o, a mais pequena das castanhas existentes dentro da mesma casca, dizendo:
- “Raminhos de
bem-querer, compadres (ou comadres) amigos até morrer”;
- “Raminhos de
alecrim, compadres amigos até ao fim”;
- “Raminhos de serpão”, compadres e amigos do coração”.
Simultaneamente,
bafejados pelo calor aconchegante da fogueira ou da jeropiga e da água-pé, o
bom ambiente e o agrado dos convivas eram evidentes. Através da troca de contatos
e aproveitando as facilidades comunicacionais de hoje, até houve quem falasse
com amigos que já não vê há décadas, enquanto outros mandavam castanhas
virtuais para Bruxelas e outras paragens da fantástica aldeia global a que
pertencemos.
Como
dizia recentemente, é
sempre com emoção que participo nas iniciativas da UPFC. Entre outras razões:
por constituírem oportunidades preciosas de encontro e convívio; por serem uma
manifestação da comunidade que somos e dos laços que nos prendem às origens;
por permitirem a afirmação e o reforço da identidade e da pertença ao Colmeal;
algumas, também por contribuírem
para o enriquecimento cultural ou prestarem homenagem aos que se têm dedicado à causa do regionalismo.
Parabéns a todos pela presença e participação; parabéns à
direção da UPFC e à respetiva delegação local, pela organização do evento e pelo
empenho e disponibilidade para o fazerem. Obrigada.
Agradeço
a cedência das fotografias a António Domingos Santos, António Marques e
Conceição Neves.
Lisete
de Matos
Açor,
Colmeal, 6 de novembro de 2018
Fotografias:
António Domingos Santos, António Marques e Conceição Neves.
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