04 fevereiro 2019

MARCAS DA VIDA – Josefina Almeida


Bairro dos Anjos. Lisboa. Sábado passado.
Foi bom percorrê-lo, recordá-lo, redescobri-lo. Tão característico e agora tão diferente.
As mesmas ruas. Não as mesmas pessoas, não as mesmas lojas.
Outros sons, outros cheiros, a ausência “dos populares pregões matinais que já não voltam mais”, como cantaria Amália.
O velho eléctrico, hoje mais turístico que o “operário” de outros tempos.
Prédios que garbosamente mantêm as suas lindas fachadas. Com as suas varandas de ferro trabalhado, uma preciosidade para quem pára e as contempla.
Um antigo estabelecimento que parou no tempo, ao virar de uma esquina, com as suas antiguidades, nossas recordações.
Nós, que também já vamos fazendo parte de uma montra de velharias. A nossa.


E porque andámos pelos Anjos?
Porque ia ser feito o lançamento de um livro. De poesia. De uma amiga nossa. De uma amiga de todo nós. De uma associada da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.
Espaço simpático. De pessoas simpáticas, não fossem elas do concelho de Góis.
Foi no sábado à tarde, dia 2 de Fevereiro, dia de Nossa Senhora das Candeias, como foi recordado, na Livraria & Papelaria Fonsecas, no nº 64 B da Rua Maria Andrade.

MARCAS DA VIDA, de Josefina Almeida, natural de Açor – Colmeal, Góis.


Rodeada de amigos e de familiares.
Uma hierarquia de gerações - filhos, netos e bisnetos. Mais uma irmã também dada às letras, uma sobrinha dada às artes e um cunhado, que admite ter a felicidade de voltar a ver campeão o seu clube do coração.
E também os amigos da União, a associação regionalista mais antiga da freguesia.
Josefina de Almeida estava feliz, denotando é certo, algum nervosismo.
Os seus quadros embelezavam a envolvente da apresentação. Edições Colibri com o lema “Fazemos livros com paixão e profissionalismo!” abriram a sessão. Lisete de Matos, sua irmã, fez a apresentação. Comoção à flor da pele. Catarina, a sobrinha e Américo Jaime, o filho, leram poemas do livro apresentado.
Poemas onde se percebe o entusiasmo da autora e também o seu desânimo, a alegria e a tristeza, as recordações, a força. E também as fraquezas que viraram em força.













Josefina de Almeida é uma mulher de armas. Que não desarma. Luta e ultrapassa barreiras e contrariedades, doenças e tudo o mais que se possa imaginar.
Resistente, resiliente, corajosa, combativa, determinada, vai-nos brindando com as suas frequentes intermediações nos campos da pintura e da poesia.
Um exemplo a seguir.

MARCAS DA VIDA.
170 poemas e mais de três dezenas de fotos de quadros seus.
Num livro, em que nos recorda que “Na vida é proibido parar, há sempre algo que precisamos aprender e conhecer, para melhor compreender.”

Terminamos este apontamento reproduzindo as palavras de Lisete de Matos, insertas na contracapa: “Com a publicação da tua obra, reencontro-te, finalmente, respeitosa e agradecida, na coragem com que agarras o poder da escrita e da pintura, que alguns continuam a considerar privilégio de poucos, para falar da tua experiência e realidade social, para as registar e delas guardar memória, tornando-as património imaterial e colectivo.”
E um poema de Josefina Almeida,

CORRI
Hoje havia vento,
Mesmo assim saí
O vento me fustigou,
Mas eu saí.
Empurrada pelo vento
Com força corri,
De tanto correr
Quase tropecei.
Na pressa de chegar
Os passos alarguei,
Meu Deus, quase voei,
Mas, não cheguei!
                                              
A. Domingos Santos
Texto e fotos

1 comentário:

Anónimo disse...

Um poema também, este escrito!
Fruto de muito talento, sonho e querer, da grande sensibilidade, inteligência e sentido estético da autora, é imperativo ler o livro! Uma inspiração, a minha irmã e a sua obra criativa!

Lisete de Matos
Açor, Colmeal