Bairro dos Anjos. Lisboa. Sábado passado.
Foi bom percorrê-lo, recordá-lo,
redescobri-lo. Tão característico e agora tão diferente.
As mesmas ruas. Não as
mesmas pessoas, não as mesmas lojas.
Outros sons, outros
cheiros, a ausência “dos populares pregões
matinais que já não voltam mais”, como cantaria Amália.
O velho eléctrico, hoje
mais turístico que o “operário” de
outros tempos.
Prédios que
garbosamente mantêm as suas lindas fachadas. Com as suas varandas de ferro
trabalhado, uma preciosidade para quem pára e as contempla.
Um antigo
estabelecimento que parou no tempo, ao virar de uma esquina, com as suas
antiguidades, nossas recordações.
Nós, que também já
vamos fazendo parte de uma montra de velharias. A nossa.
E porque andámos pelos
Anjos?
Porque ia ser feito o
lançamento de um livro. De poesia. De uma amiga nossa. De uma amiga de todo
nós. De uma associada da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.
Espaço simpático. De pessoas
simpáticas, não fossem elas do concelho de Góis.
Foi no sábado à tarde,
dia 2 de Fevereiro, dia de Nossa Senhora das Candeias, como foi recordado, na Livraria & Papelaria
Fonsecas, no nº 64 B da Rua Maria Andrade.
MARCAS
DA VIDA, de Josefina
Almeida, natural de Açor – Colmeal, Góis.
Rodeada de amigos e de
familiares.
Uma hierarquia de
gerações - filhos, netos e bisnetos. Mais uma irmã também dada às letras, uma
sobrinha dada às artes e um cunhado, que admite ter a felicidade de voltar a
ver campeão o seu clube do coração.
E também os amigos da
União, a associação regionalista mais antiga da freguesia.
Josefina de Almeida
estava feliz, denotando é certo, algum nervosismo.
Os seus quadros
embelezavam a envolvente da apresentação. Edições Colibri com o lema “Fazemos livros com paixão e
profissionalismo!” abriram a sessão. Lisete de Matos, sua irmã, fez a
apresentação. Comoção à flor da pele. Catarina, a sobrinha e Américo Jaime, o
filho, leram poemas do livro apresentado.
Poemas onde se percebe
o entusiasmo da autora e também o seu desânimo, a alegria e a tristeza, as
recordações, a força. E também as fraquezas que viraram em força.
Josefina de Almeida é uma
mulher de armas. Que não desarma. Luta e ultrapassa barreiras e contrariedades,
doenças e tudo o mais que se possa imaginar.
Resistente, resiliente,
corajosa, combativa, determinada, vai-nos brindando com as suas frequentes
intermediações nos campos da pintura e da poesia.
Um exemplo a seguir.
MARCAS
DA VIDA.
170 poemas e mais de
três dezenas de fotos de quadros seus.
Num livro, em que nos
recorda que “Na vida é proibido parar, há
sempre algo que precisamos aprender e conhecer, para melhor compreender.”
Terminamos este
apontamento reproduzindo as palavras de Lisete de Matos, insertas na
contracapa: “Com a publicação da tua
obra, reencontro-te, finalmente, respeitosa e agradecida, na coragem com que
agarras o poder da escrita e da pintura, que alguns continuam a considerar
privilégio de poucos, para falar da tua experiência e realidade social, para as
registar e delas guardar memória, tornando-as património imaterial e colectivo.”
E um poema de Josefina
Almeida,
CORRI
Hoje havia vento,
Mesmo assim saí
O vento me fustigou,
Mas eu saí.
Empurrada pelo vento
Com força corri,
De tanto correr
Quase tropecei.
Na pressa de chegar
Os passos alarguei,
Meu Deus, quase voei,
Mas, não cheguei!
A. Domingos Santos
Texto e fotos
1 comentário:
Um poema também, este escrito!
Fruto de muito talento, sonho e querer, da grande sensibilidade, inteligência e sentido estético da autora, é imperativo ler o livro! Uma inspiração, a minha irmã e a sua obra criativa!
Lisete de Matos
Açor, Colmeal
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