Um poema
O rio Ceira nasce na Serra do Açor e, entre serranias, as suas águas «correm de mansinho» – como dizia a canção – por diversos concelhos e freguesias. O rio Ceira é uma atracção para os veraneantes e tem sido, igualmente, fonte de inspiração para jornalistas, artistas e poetas…
Da autoria do nosso conterrâneo José Fernandes Almeida, segue-se poema intitulado «RIO CEIRA»:
Sua capela gelada
Nasce nas escarpas heróicas
Da Estrela de Viriato,
Faz-se à vida e vai abrindo
Sulcos de profunda dor
Nos sopés das altanias,
Vai regando e vai sorrindo…
Serpenteando, beija os pés
De Cepos e de Fajão
Enlaça a Ribeira de Ádela
Banha, doce, o Colmeal
E, sobre um trilho arenoso
De desgaste, de beleza,
Corre para a sua princesa
Para a linda vila de Góis…
Corre corre o Rio Ceira
Para os braços dos seus irmãos
E com eles (unos) em Coimbra
Beija as tricanas lavando,
Canta o Fado dos doutores
E segue mais pachorrento
Rumo à cidade Figueira
Rumo ao seu Atlântico
Rumo aos Descobrimentos!...
Ai Ceira do meu Mondego,
No teu percurso peregrino
Quantas ribeiras abraçaste
Quantas lágrimas bebeste
Do rosto das lavadeiras
Da fronte das enxadas.
Eu sei que viste, meu Ceira
Quando lento ias passando,
Lavradores em penhascos
Nas falésias tecedeiras
Fusos feitos nas encostas
Lagares moendo sem água
Vinho pouco nas ladeiras…
Eu sei que viste, meu Ceira
Mulheres e homens crispados
No brejo da interioridade,
Viste peitos radiantes
De Viriatos e Infantes
Chamados de Lusitanos!...
Obrigado “Zé” Fernandes e continua a tua epopeia poética.
28 de Julho de 1999
FERNANDO COSTA
In “O Varzeense”, de Agosto de 1999
3 comentários:
Que poema magnífico!
Não imajinava que haviam almas que cantassem o rio ceira de forma tão sublime.
obrigados por nos mostrarem o que de tão bom existe sobre as nossas terras e gentes.
Parabéns ao autor pelo poema que nos oferece. Não o conhecemos, mas como homem da serra, deverá ser pessoa simples e boa.
Um exemplo a ser apontado e a ser seguido.
Parabéns a vocês por se terem lembrado de colocar no blogue o que de mais genuíno temos nas nossas gentes.
Poetas sempre os teve o povo.
Quem não conhece António Aleixo?
E tantos há que vivem escondidos na sua simplicidade ou que não têm ninguém que os divulgue.
Bem hajam vocês do Colmeal e da União, que se lembram destas pessoas.
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