No recentemente publicado “Dicionário de Autores da Beira-Serra” de João Alves das Neves, encontramos alguns nomes de filhos da nossa freguesia do Colmeal, o que muito nos orgulha.
António Duarte de Almeida (Colmeal), Josefina de Almeida (Açor), Manuel Nunes de Almeida (Foz da Cova), Fernando Costa (Colmeal) e Lisete de Matos (Açor), já foram por nós aqui referidos neste espaço.
Hoje, da citada obra e dos nossos autores, vamos transcrever os seus currículos.
Almeida, António Duarte de
(n. Colmeal, Góis, 22 de Abril de 1929 – f. Coimbra, 29 de Abril de 1999)
Frequentou os seminários da Diocese de Coimbra, onde se ordenou presbítero em 1951.
Professor do Seminário da Figueira da Foz, exerceu ao mesmo tempo o múnus sacerdotal em várias paróquias. Estudou Teologia na Universidade de Camillas (Espanha) e, de regresso, seguindo um desígnio interior, partiu para Moçambique em 1954, fixando-se em Lourenço Marques. Seguiu depois para a Beira, onde missionou durante vários anos e desenvolveu acção notável em diversos campos de apostolado. Foi professor, director espiritual e vigário geral do bispo da diocese. Mas notabilizou-se, sobretudo, como director do Diário de Moçambique. Pressionado pelo regime político de então, regressou à Diocese de Coimbra em 1973 e voltou a paroquiar em diversas localidades. Foi chefe de redacção do semanário Nova Terra (Lisboa). Em Coimbra, para onde se deslocou definitivamente, foi ecónomo da Diocese, capelão do Carmelo de Santa Teresa e director do Correio de Coimbra. Era um homem de acção e um intelectual de inteligência viva e acutilante. De grande profundidade teológica e filosófica, legou-nos obras que ainda hoje não perderam a sua actualidade.
Livros principais: Cursos de Cristandade em Renovação (Gráfica de Coimbra); O Erguer das Nossas Mãos Vazias (Gráfica de Coimbra); Senhor Não Te Canses (Gráfica de Coimbra); Leigos Segundo o Espírito (Gráfica de Coimbra); No Alvor do Quarto Dia (Gráfica de Coimbra).
Almeida, Josefina
(n. Açor, Colmeal, 28 de Dezembro de 1937)
Artista plástica, com incursões que vão desde a pintura a óleo, mas que se tem destacado igualmente nos bordados a matiz sobre linho, cujos princípios se dividem entre o artesanato e as obras plásticas.
Dedica-se igualmente à poesia e já participou nas Antologias de Poesia Contemporânea (volumes de 1988, 1989), além de haver sido incluída na Antologia de Poesia Erótica Contemporânea (1989) e nas Antologias de Poesia Portuguesa Contemporânea (1990 e 1991), lançadas pelas Edições Orpheu.
Realizou exposições de bordados, em 2004, em Arganil e em Góis, mantendo uma mostra permanente no Hotel de Arganil, ponderando alguns críticos que os trabalhos de Josefina Almeida sobre linho – que sugerem a tradição de Castelo Branco – são «de grande sensibilidade», destacando-se os motivos de flores e árvores. Quanto às pinturas a óleo podem ser consideradas de inclinação naïf.
Almeida, Manuel Nunes de
(n. Foz da Cova, Colmeal, Góis, 23 de Maio de 1917)
Só pôde aprender a ler aos 19 anos, mas passados seis meses, fez o exame da quarta classe. Depois do serviço militar, trabalhou na indústria hoteleira, fez o curso do liceu e, depois, a admissão à Faculdade de Direito, desistindo por ter de trabalhar, quando estava já no terceiro ano.
Colaborador de várias publicações, é autor dos livros, em prosa e verso: O Homem e a Montanha (1971), Levante-se o Réu (1973), Missão de Mãe (1997) e O Homem Procura-se (2005). Tem 4 livros para editar.
Costa, Fernando
(n. Colmeal, Góis, 2 de Setembro de 1939 – f. Lagoa de Albufeira, 23 de Março de 2003)
Colaborador da Imprensa Regional, publicou também trabalhos sobre História na Revista Arganília, mas foi principalmente como pintor naïf que se projectou, sobretudo por meio de exposições colectivas do género em numerosos salões de artes plásticas, em Portugal e até no estrangeiro.
Uma observação especial merece ser feita: deu relevo muito especial na sua pintura às pessoas, paisagens e casas da Beira-Serra.
Matos, Lisete de
(n. Açor, freguesia do Colmeal, 3 de Junho de 1945)
Lisete de Matos frequentou a escola de Cepos (Arganil), e estudou em Lisboa.
No plano profissional, exerceu funções técnicas e dirigentes no Ministério da Educação, desempenhando ultimamente as funções de coordenadora da Unidade Regional do centro da Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos (Ministérios da Educação e do Trabalho e da Solidariedade), com sede em Arganil.
É autora de múltiplos artigos sobre educação de adultos e co-autora de monografias. Sobre a região, publicou Gente da Serra, Do seu Quotidiano e Costumes (1990), enquanto aguarda publicação da sua dissertação de mestrado em Sociologia, Gente da Serra. Modos de Vida na Cidade (2000). Escreve pontualmente para A Comarca de Arganil e Jornal de Arganil.
Às notas insertas na breve antologia organizada pela Biblioteca Municipal de Arganil acrescentaremos que o livro Gente da Serra é uma recolha muito oportuna de coisas e loisas da Beira-Serra, recordando também certos provérbios que começam a ficar esquecidos. E a soma de informações, que vão desde a demografia até aos vocábulos e usos de antigamente, continua encerrando um profundo saber: há quanto tempo não os líamos e muito mais raramente os ouvíamos? E as histórias que os nossos avós nos contavam foram reconstituídas por Lisete de Matos – e ainda bem! De resto, um outro dos costumes ora reescritos ainda aparecem desgarrados, de vez em quando, nas conversas dos mais velhos das aldeias da nossa terra. E para quem não conhece a povoação de Açor a leitura desta Gente da Serra aqui se faz um convite, porque a autora nos conduz a um passado que podemos reviver, graças às páginas deste belo livro.
A. Domingos Santos
1 comentário:
Uma mão cheia de pessoas ilustres, diferentes, interessantes e interessadas.
Tantas outras aqui poderiam figurar.
Que pena não aproveitarmos melhor o nosso tempo e as nossas capacidades, que as temos.
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