União Progressiva da Freguesia do Colmeal
Esta colectividade, a mais antiga na freguesia do Colmeal e uma das primeiras no concelho de Góis, foi fundada em 20 de Setembro de 1931 e abrangia a totalidade das aldeias, lugares e casais.
Tudo terá começado numa conversa entre dois guardas-nocturnos na cidade de Lisboa – Abel Joaquim de Oliveira e José Antunes André, que no decorrer do seu trabalho, dialogavam sobre a sua terra. “Com uma agremiação regionalista talvez seja possível que os nossos filhos e netos tenham um futuro melhor e se consigam para o Colmeal e terras da freguesia os melhoramentos a que têm direito.”
Os fundadores da União Progressiva da Freguesia do Colmeal eram oriundos de quase todas as aldeias da freguesia e da sua primeira Direcção faziam parte Joaquim Fontes de Almeida (presidente), Marcelino de Almeida, Francisco Domingos, Aníbal Gonçalves de Almeida, José Henriques de Almeida, José Antunes André e Manuel Martins.
Registemos as homenagens que foram prestadas, em 1946, a três dos seus fundadores, Abel Joaquim de Oliveira, José Antunes André e Joaquim Francisco Neves, “colaboradores incansáveis que tinham elaborado os estatutos da União”, e, na década seguinte ao Dr. Manuel Martins da Cruz, que durante vários anos liderou os destinos da colectividade, muito contribuindo para o desenvolvimento da freguesia.
Joaquim Fontes de Almeida, Manuel da Costa, João de Deus Duarte e António Domingos Neves, homens que muito se distinguiram pelo seu trabalho em prol da colectividade têm os seus nomes perpetuados em ruas do Colmeal, tal como mais recentemente, aquando das comemorações dos 75 anos da União, António dos Santos Almeida (Fontes) e Fernando Costa.
Do muito que a União fez ao longo da sua existência, destaca-se e por ter sido a sua primeira obra, a construção da ponte sobre o ribeiro do Soito, “feita totalmente a expensas da União Progressiva, tendo custado elevada importância.”
Uma das primeiras ambições centrava-se na construção de uma estrada que viesse tirar a freguesia do isolamento. A não ser possível a ligação Celavisa-Colmeal, a solução que mais conviria, as atenções viraram-se para outra alternativa, a ligação Rolão-Colmeal, que foi avançando, pouco a pouco, tendo chegado ao Colmeal trinta anos após o seu início.
A estrada do Vale do Ceira, unindo Góis ao Colmeal, uma estrada considerada quase lendária, era talvez a maior aspiração das povoações de toda esta zona serrana. O seu estudo data de 1886 e foi planeada para três fases: Góis-Cabreira, Cabreira-Candosa e Candosa-Colmeal. Apenas 19 quilómetros. Depois de ter arrancado em 1889, com a construção de cerca de cem metros à saída de Góis, estaria parada durante 62 anos, recomeçando em 1951, em grande parte devido ao empenho e perseverança das Comissões de Melhoramentos de Cadafaz e do Colmeal.
Em 26 de Setembro de 1937, eram inaugurados o chafariz e o abastecimento de água que “… só foi possível, mercê de grandes sacrifícios…, foi preciso nomear comissões para angariação de fundos, não só na sede de freguesia como em Lisboa, na América do Norte e França, onde ao tempo existiam regulares colónias de emigrantes nossos conterrâneos…”.
Na área escolar, a luta pela construção de novos postos espalhados pelas localidades da freguesia, viria a originar novas escolas na Malhada e Carvalhal, comparticipadas pela Comissão.
A assistência médica foi outra das suas preocupações, com instalação de posto na antiga escola do canto, ficando a seu cargo o pagamento da deslocação do clínico.
E muitos outros mais melhoramentos fazem parte do já longo historial da União, como o projecto para ampliação do Largo da Fonte e vários abastecimentos de água em substituição do velho “chafurdo”. A preocupação pelas estradas, algumas delas pressionando para a sua concretização, outras com a sua participação directa, como foram a da Malhada para o Soito, a de Celavisa para o Colmeal, passando por Sobral, e a do Colmeal para Ádela. A rede telefónica e a expedição de encomendas postais. A colaboração nos levantamentos topográficos que estiveram na origem da electrificação das aldeias, o calcetamento das ruas, a preocupação com os idosos, etc., etc.
Em 1942, foi criada uma Secção de Beneficência, sob a presidência de Manuel da Costa, com sócios próprios, para amparo das pessoas mais necessitadas.
Em 1972 é criada uma Comissão de Juventude, onde, pela primeira vez na história da União, surge o nome de uma senhora, Maria Antonieta Fontes de Almeida.
O Largo D. Josefa das Neves Alves Caetano é inaugurado em 16 de Agosto de1961 com a presença do Prof. Marcello Caetano e sua família. Voltaria mais tarde, como Primeiro-ministro, em 9 de Novembro de 1968.
Em 15 de Novembro de 1970 realiza-se o primeiro Convívio de todas as colectividades da freguesia, que se repetiria durante os dez anos seguintes, com manifestações de grande entusiasmo.
Por curiosidade, assinale-se que, nos anos de 1948/50 e 54/55 o 1º Secretário da Direcção foi o escritor e Prémio Nobel de Literatura, José de Sousa Saramago, casado então com Ilda Reis (filha de Adelaide e António Nunes dos Reis), que se viria também a notabilizar na arte de gravura.
Depois de um período de menor actividade tem-se verificado, de há anos a esta parte, maior dinamismo nas realizações efectuadas. Convívios, passeios, caminhadas pelos trilhos da freguesia, canoagem no Ceira, magustos, mostra/venda de artesanato e produtos locais, festas de Verão com provas desportivas, animação e picnic, distribuição de brinquedos pelo Natal e os tradicionais almoços de convívio, com número sempre crescente de presenças.
A Direcção tem investido bastante em termos de informação e aproximação com os associados através da comunicação social regional e mais recentemente, da Internet. Mostrar a freguesia do Colmeal e a região tem sido uma aposta ganha, pelo número de visitantes que tem conseguido levar. Pena é que não existam infra estruturas de apoio.
Com o apoio de “memórias e esperanças”, de João Nogueira Ramos, edição da C. C. Góis, 2004.
A. Domingos Santos
18 de Janeiro de 2009
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