06 janeiro 2009

Manuel Pinto Caetano

“Em Outubro de 1976 veio para o nosso meio o Padre Pinto. Desde o início nos surpreendeu o seu empenhamento na solução dos problemas sociais da região. Viemos depois a saber que já nos cinco anos que passou em Angola a sua acção na formação sócio-cultural do povo foi notável. Também na imprensa muito trabalhou para a solução dos problemas do bairro onde vivia, pois foi ali o responsável pelo jornal «Em Família». A sua acção na nossa freguesia não se tem limitado ao aspecto pastoral. Sabemos que visita com regularidade todas as povoações e dialoga com naturalidade e à vontade com o povo simples. O jornal «O Colmeal» sob a sua direcção converteu-se numa imprensa por vezes cheia de controvérsia mas ao mesmo tempo verdadeiramente útil ao povo que serve. Fundando o Rancho Folclórico «Serra do Ceira», deu um sentido cultural à ocupação dos tempos livres e promoveu a união da juventude da freguesia e não só. … Quando cheguei aqui apercebi-me que este povo estava isolado e simultaneamente havia-se criado a psicose do isolamento. As pessoas não conviviam. … Primeiramente pôs-se a funcionar o Centro Paroquial e criaram-se passatempos para juntar as pessoas. Faziam-se inclusive bailes nas tardes de domingo, bailes sãos note-se. Para criar um à vontade e um espírito sadio nestes divertimentos, eu próprio participei neles… … Embora eu gostasse de folclore, a verdade é que eu não percebia nada de folclore. Porém, verifiquei que nas festas anuais, quando se tocava uma moda do folclore, todos dançavam, novos e velhos. Aí pus-me a pensar: talvez seja um meio de juntar as pessoas. Começaram as trocas de impressões… Lança-se a campanha e o rancho aparece em público no dia 14-8-77. A partir daí nunca mais parou. Conheceram-se momentos difíceis, mas tudo se venceu e o Serra do Ceira hoje faz história. … Fazem-se projectos, calcula-se, sonha-se e o 1º Festival de Folclore Beirão, com a presença de seis ranchos, foi uma realidade que causou impacto. Nunca afluiu ao Colmeal tanta gente! O 1º Festival marca também o início de uma viragem dentro do Serra do Ceira. Há que converter o Serra do Ceira num valor cultural dentro da região. … Desde a sua fundação contámos com o apoio da União e com a simpatia dos seus dirigentes. Dentro das limitações da U.P.F.C., recebemos da mesma algum apoio económico, valeu-nos sobretudo em momentos difíceis. Cremos porém que caminhando o regionalismo para outra visão, num futuro próximo os movimentos regionalistas da freguesia deverão dar ainda maior apoio a este agrupamento. Ele será um promotor sócio-cultural inegável.” Foram excertos de uma longa entrevista que Fernando Costa fez ao Padre Pinto e que veio publicada no Boletim Paroquial “O Colmeal”, número 175, de Julho/Agosto de 1981, comemorativo dos 50 anos da União Progressiva da Freguesia do Colmeal. Fernando Costa terminava assim: “Esperamos que os regionalistas, os verdadeiros regionalistas, cheguem finalmente à conclusão que regionalismo não é unicamente empreendimentos de ordem material mas também promoção sócio-cultural.” Sabemos que o Rancho Serra do Ceira está a ser reactivado e que já foi feito um primeiro ensaio. Sabemos que a sua Tocata vai estar presente em Lisboa, na Casa do Concelho de Góis, em 31 de Janeiro, no Dia da Freguesia do Colmeal. Sabemos que quando se quer nada nos pára, nada nos demove. Acreditamos que o Rancho Serra do Ceira vai voltar a viver dias grandes como há anos atrás e que voltará a ser um valor cultural dentro da freguesia e da região. A. Domingos Santos

7 comentários:

Anónimo disse...

Bem o rancho enquanto durou foi bom, uniu as pessoas que havia na freguesia e acho que valeu a pena,Teve um triste fim e julgo que nunca mais recupera. O seu tempo passou!!!
Para tudo é preciso ter esperança mas aqui para reiniciar nem com toda a agua do ceira transformada em esperança lá iamos.
O que é lamentavel.

Anónimo disse...

Espero que a aprovação pelo proprietario não se transforme em "censura", desde que não se ofenda ninguem todos têm direito a expor as suas ideias

Anónimo disse...

Como é que é possivel que uma coisa para juntar as pessoas comece logo com elementos que eles proprios afastam e dividem as pessoas?
Para uma coisa destas singrar tem que haver coesão no grupo que se forma, e buscar a qualidade a todos os níveis dos intervenientes.

Anónimo disse...

Trinta anos passaram entretanto desde que o Rancho foi criado.
Vivemos tempos diferentes, com mentalidades também diferentes.
Provavelmente alguns dos que hoje tentam colaborar na reactivação do Serra do Ceira, nesse tempo não teriam ainda nascido ou seriam muito pequenos.
Juntar, integrar jovens com outras gerações nem sempre é fácil. Mas é interessante a convivência e a partilha de experiências.
Acredito nas capacidades das pessoas do Colmeal e das outras aldeias e tenho a certeza de que o Serra do Ceira vingará.
Os beirões nunca desistiram, nunca voltaram as costas às dificuldades e não seria agora que o iriam fazer.
Força meus amigos!
Sei que vamos voltar a ter Rancho Serra do Ceira muito brevemente.
Há muito trabalho pela frente, pois há. Mas um Rancho não se vai comprar ao pronto a vestir... tem que se fazer, construir, ensaiar, repetir, parar para pensar, avançar, ensaiar de novo, etc., etc.
Colmealenses mostrem que são capazes! Não liguem aos Velhos do Restelo!
Força! Sempre em frente!

Anónimo disse...

Dos fracos não reza a História.
Mostrem que são capazes.
Calem a boca aos que não acreditam.
Incrédulos e maldizentes sempre os houve ao cimo da terra.
Não liguem. Não percam tempo.
Passem ao lado.

Anónimo disse...

O Colmeal e a freguesia deverão estar eternamente agradecidos a este HOMEM que tanto fez, que tanto se empenhou, que tanto dinamizou estas terras e estas gentes esquecidas.
Haja quem continue o trabalho que ele iniciou. Seria o melhor agredecimento que lhe poderiam dar.

Anónimo disse...

Foi realmente um dos grandes homens que que passou por o Colmeal. Trazer o Rancho "Serra do Ceira" novamente para o Colmeal seria um grande orgulho para ele e para todos nós. Apoio o comentário do Senhor António. Força sempre em frente. Um grande bjo e um abraço ao senhor Manuel Pinto Caetano
Fátima