A cerca de um mês de partirmos à redescoberta dos Açores e depois de termos dado a conhecer alguns elementos sobre duas das quatro ilhas que iremos visitar entre 5 e 12 de Junho, vamos hoje dar um salto à ilha do Faial.
Situa-se no extremo ocidental do Grupo Central do arquipélago dos Açores, separada da ilha do Pico por um estreito braço de mar, conhecido por canal do Faial, que Vitorino Nemésio imortalizou na sua obra “Mau tempo no Canal”.
A ilha do Faial com uma área de aproximadamente 172 km² tem um relevo e clima irregulares, onde as quatro estações podem ocorrer num só dia. A cidade da Horta é a sua localidade mais importante, onde maioritariamente se encontra a população residente e onde se localiza o parlamento açoriano e sede do único concelho da ilha.
Foi povoada inicialmente por flamengos e começou a prosperar pela sua agricultura e exportação de uma planta tintureira, o pastel.
O Porto da Horta, abrigado e excelentemente localizado, era nos seus primeiros tempos assolado por corsários e piratas, mas foi-se convertendo com o passar dos anos num importante entreposto nas ligações marítimas e aéreas (hidroaviões) e por cabo submarino no Atlântico Norte, mantendo uma actividade relevante como porto comercial atraindo muitos navios de comércio e de baleeiros da Nova Inglaterra e como local de escala de iates nas travessias entre o continente americano e a Europa.
Por tradição, estes iatistas deixam uma pintura alusiva à sua embarcação no molhe da Marina, transformando-a numa impressionante galeria de arte ao ar livre.
O Peter Café Sport, em frente à marina da Horta, é um estabelecimento comercial, tal como o nome indica, e deverá ser talvez o ponto da ilha do Faial mais conhecido no planeta terra. No piso superior encontra-se um pequeno museu com a maior e a mais bela colecção de scrimshaw do mundo.
Nos dias de hoje, o Faial é uma ilha com uma economia baseada principalmente na agricultura, pecuária, lacticínios, pesca e comércio. É localmente conhecida por ilha Azul, designação que foi popularizada a partir da descrição feita por Raul Brandão em “Ilhas Desconhecidas”.
O ponto mais alto situa-se a 1.043 metros no Cabeço Gordo e daí se podem avistar os contornos das ilhas do Pico, de São Jorge e da Graciosa.
Percorrendo a estrada da Caldeira podemos ainda ver e apreciar três antigos moinhos de vento, marcos históricos da influência Flamenga no chamado Vale dos Flamengos.
Continuando a subir chegaremos à Caldeira, uma formação de origem vulcânica, com uma cratera cercada por várias espécies de vegetação de pequenas dimensões, sendo considerada uma reserva natural da ilha.
Entra-se depois numa zona de pastagens, chamada “O Cabouco”, para se descer e ir dar à “Estrada das Hortênsias”.
Rumando seguidamente para oeste vamos ver a zona do Vulcão dos Capelinhos ou de como a Natureza conseguiu transformar radicalmente a paisagem. Em 1957/58 surgiu, numa erupção submarina, o último vulcão açoriano. Campos e casas ficaram cobertos por cinzas e o local transformou-se numa paisagem desértica e inóspita a recordar-nos o sucedido de há pouco mais de meio século.
Fotos de Francisco Silva e A. D. Santos
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