Ela derramou água na farinha de milho
e acrescentou-lhe uma malga de
fermento.
Tudo dentro duma artesa de madeira.
Com os dois braços e as mãos de dedos
fortes
pôs nos seus gestos a força e a
vontade.
Bateu, rolou, bateu mais e rolou mais
toda a massa espalhada pela artesa
borrifando-a com farinha muito seca
não fosse ela agarrar-se na madeira.
Só parou quando já, trabalho feito,
fez uma cruz na massa a levedar.
Horas depois, aberto o forno quente,
saíu a broa, castanha, estaladiça.
Oh, quem diria que a broa, pão de
pobres,
se tornaria num manjar que dá cobiça!
in Seara de Palavras – Poemas, de Américo
Gonçalves
Livro
oferecido pelo Autor para a Biblioteca da União
1 comentário:
Como eu ainda me lembro do entusiasmo da miudagem quando se cozia a broa, sempre à espera que alguém nos fizesse uma merenda com chouriço ou sardinha lá dentro.
E como nós apreciávamos o afã do aquecimento do forno e de todo o processo. Não há dúvida que os tempos eram outros. E eram.
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