Oviedo
é a capital das Astúrias e também é apelidada de Capital do Paraíso, já que as Astúrias são elas próprias um Paraíso Natural. Situa-se entre as cinco
cidades espanholas com menores índices de poluição atmosférica e é conhecida
pela limpeza das ruas do seu centro histórico. O facto de ser a capital do
Principado das Astúrias traz-lhe a fama de cidade aristocrática, elegante e senhorial,
que merece ser percorrida a pé e onde se desenvolve uma extensa actividade
cultural. A magnificência dos seus edifícios e uma população de trajes e
hábitos fidalgos concedem-lhe o proveito. Mantém o porte altivo, sem ser
austera. Cultiva a arte, mas não renega prazeres plebeus como um prato de fabada – um potente guisado de favas e
feijão branco, carne curada e toucinho, ou um copo de sidra, que segundo os
especialistas deve ser bebido numa fracção de segundos, pois se se deixar
repousar perde todas as suas características.
Em
Oviedo toda a sua arquitectura está longe de reflectir os comportamentos das
cidades actuais. A maior parte das casas parece ter sido feita para comemorar
alguma ocasião em especial, e não apenas para celebrar o quotidiano; são
apalaçadas, com as colunas e as varandas ornamentadas, e os prédios quase nunca
ultrapassam a meia dúzia de andares; a estes juntam-se inúmeros relógios,
candeeiros e floreiras de ferro forjado – com o brasão do principado – que lhe
concede uma positiva homogeneidade.
A
capital das Astúrias recompensa quem a trata bem. Basta ir até à rua Milícias
Nacionales, bem perto do Parque San
Francisco - a horta e o jardim de um antigo convento franciscano hoje
transformados na maior zona verde do centro citadino, para apreciar uma
escultura do realizador norte-americano Woody Allen, apenas uma das 105 obras
que se multiplicam a cada esquina – com tamanhos e temáticas variadas, desde a
homenagem a figuras conhecidas, referência a valores universais, até à
representação de costumes antigos da cidade e da região -, o que torna Oviedo a
cidade do mundo com maior número de esculturas por habitante.
A
catedral de Oviedo assenta sobre a primitiva basílica, consagrada no ano 802.
No século XII realizou-se a primeira ampliação, e no século XIV levantou-se o
actual templo gótico sobre o templo românico anterior. No interior é possível
observar os diversos estilos que, pouco a pouco, foram conformando o edifício
actual. É a única catedral gótica com uma única torre.
Cangas
de Onis é uma pequena cidade asturiana muito bem aproveitada em termos
turísticos e uma das entradas para os Picos da Europa. É uma terra histórica e
a capital do concelho, como outrora o foi do reino asturiano. Foi aqui que se
iniciou a reconquista da Península com Pelágio, no século VIII. Aqui
estabeleceu a corte depois de ter vencido os árabes na batalha de Covadonga. Com
méritos próprios, Cangas de Onis é considerada uma das povoações mais belas dos
Picos da Europa. Sobre o rio Sella, patenteia a beleza arcaica da sua chamada Ponte Romana, cuja traça medieval
constitui a imagem tradicional das Astúrias e onde se pode apreciar a cruz da
Vitória. Entre os seus edifícios considerados mais representativos destaca-se o
Palácio Cortés, de estilo
renascentista, o Palácio “Casa Dago”,
um exemplo da arquitectura montanhesa ou o edifício do Ayuntamiento.
A
subida aos lagos de Covadonga fez-se após o almoço, em mini-autocarros, por uma
estrada estreita e empinada que trepa ao longo de 12 km por entre curvas e
contracurvas. Estes lagos que já habitam estas montanhas há milhares de anos, testemunhas
da última glaciação, brindam-nos com as suas águas cristalinas e uma inebriante
paisagem ao seu redor, por vezes dificultada pela névoa que surge de repente. O
primeiro lago que encontramos é o Enol
e um pouco mais acima, o Ercina. O
miradouro Buferrera, um pouco mais abaixo, lembra-nos a era da actividade
mineira que ali se desenvolvia e permite-nos alongar a vista pelos vales
glaciares e pelas montanhas circundantes. É seguramente a zona mais famosa,
mais visitada e mais fotografada da região. A sua beleza é inequívoca e a sua
importância natural única. Um autêntico postal ilustrado.
O
Santuário de Covadonga é um local carregado de histórias e lendas. As suas
legendárias origens remontam à época da Reconquista. O lugar, encaixado numa
paisagem bonita entre desfiladeiros arborizados, recorda a batalha que ali
ocorreu no dia 28 de Maio do ano 722, onde Dom Pelayo, que comandava um punhado
de fiéis, conseguiu deter os exércitos árabes. A aparição da Virgem Maria (“La Santina” para os Asturianos) terá
sido fundamental para o triunfo. Num enorme rochedo abre-se a Santa Gruta que
alberga no seu interior a imagem da Santina
e o sepulcro de Dom Pelayo que ali teria tido o seu quartel-general.
Quase
ao final da tarde rumou-se ao acolhedor hotel que nos esperava na bela praia de
La Franca onde as ondas do Cantábrico vinham adormecer na areia…
Fotos de Francisco Silva e
A. Domingos Santos
1 comentário:
Adorei este passeio pelos olhos dos autores da reportagem.
Imagine-se que eu tivesse igualmente vivido toda esta experiência. Estaria, sem dúvida, mais rica de beleza e conhecimento.
Liiiindo!
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