José Henriques de Almeida
Quando surgiu a ideia de se fundar uma agremiação regionalista, para defender os interesses da freguesia do Colmeal, os iniciadores de tal movimento avistaram-se com José Henriques de Almeida, a fim de lhe exporem a decisão que tinham tomado, e tentarem conseguir a sua colaboração ao movimento, visto como bom bairrista se tornar imprescindível a sua presença, e apesar de bastante jovem, ser pessoa conhecedora e com uma certa experiência em assuntos desta natureza.
Como era de prever não só acarinhou a ideia, como a fez chegar a todos os Colmealenses através de crónicas da sua autoria publicadas nos jornais de Arganil.
Em face de tudo isto, a fundação da União Progressiva da Freguesia do Colmeal foi um facto, e um dos grandes impulsionadores foi José Henriques de Almeida, natural do lugar do Sobral.
Da colectividade foi o primeiro tesoureiro, e com a sua sabedoria e óptima administração, nunca existiu desânimo entre os dirigentes. Surgia sempre a palavra amiga de José Henriques, a levantar o moral aos seus colegas e a criar-lhes ânimo para lutarem por um futuro melhor, que é como quem diz por um Colmeal melhor e mais progressivo.
Uma boa parte da construção da ponte sobre o ribeiro do Soito, se lhe fica devendo, porque foi um dos que mais pugnou e trabalhou pela sua concretização.
Quando da construção dos fontanários, no Largo da Fonte e na Cruz da Rua, foi dos elementos mais activos e empreendedores, desde a captação de águas até à sua conclusão.
A estrada Rolão-Colmeal, na sua valiosa opinião, como mais tarde havia de ficar provado, deveria ter início na «Selada do Braçal», e desta forma ter-se-ia evitado a construção de uma trincheira, que absorveu à colectividade umas dezenas de contos, e que na actualidade tem um interesse muito reduzido, para não dizer nulo. Neste pormenor, de evitar a construção de semelhante trincheira nos Picos do Rolão, José Henriques mostrou a sua larga visão no respeitante ao futuro, mas da mesma não foi possível «fugir», porque as entidades competentes assim o deliberaram, e como tal aos então dirigentes, mais não havia que seguir os projectos.
Quer como membro directivo ou simples associado nunca se poupou a esforços tendo inclusivamente e do seu próprio bolso, feito diversas deslocações à sede do concelho e à própria sede do distrito, a fim de pessoalmente contactar com as entidades oficiais para desta forma tentar a mais rápida resolução de assuntos de interesse regionalista.
Quem uma vez se liga à União Progressiva, nunca mais a pode esquecer e a confirmar, em 1958, acedeu a que o seu nome viesse a figurar como presidente de direcção nas listas para votação em Assembleia-Geral. Como não podia deixar de ser, foi eleito por unanimidade, visto o seu nome e os serviços já prestados até então à causa regionalista serem uma garantia de bem servir.
Durante esta sua gerência, mandou concretizar uma das mais grandiosas obras que existem na freguesia, o actual Largo D. Josefa das Neves Alves Caetano, o qual foi inaugurado em 14 de Agosto de 1961, por Sua Ex.ª o Senhor Professor Marcello Caetano, oriundo do Colmeal, e filho da homenageada.
Foi na verdade uma data festiva para a freguesia, porque acorreram à nossa terra as mais altas individualidades concelhias, distritais e bem assim da própria capital. Tudo isto se fica devendo a este homem que hoje com cerca de 60 anos ainda é, e desejamos que por muitos anos, um dos bons filhos da nossa freguesia.
Daniel
In Boletim “O Colmeal”, Nº 60, de Julho de 1965
Quando a Colectividade é criada em 20 de Setembro de 1931 José Henriques de Almeida tem apenas 23 anos (nasceu em 1908).
“Aos dias quatro do mês de Outubro de mil novecentos e trinta e um, na sua sede social, na Rua da Fé número vinte e três, primeiro andar, nesta cidade de Lisboa, reuniu a Assembleia-Geral Ordinária da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, presidida por Joaquim Francisco Neves, secretariada por Francisco Domingos e Manuel João Miranda.”
Foi esta a primeira Assembleia-Geral da União e tal como Daniel (pseudónimo que Fernando Costa usava) refere no seu texto, José Henriques de Almeida é eleito para Tesoureiro. Na Direcção liderada por Joaquim Fontes de Almeida encontramos os nomes de Marcelino de Almeida, Francisco Domingos, Aníbal Gonçalves de Almeida, José Antunes André e Manuel Martins.
Depois de ter integrado uma Comissão Administrativa face ao pedido de demissão que a Direcção apresentou, faz parte da lista que, com Manuel da Costa na presidência, foram eleitos em 29 de Julho de 1934.
Após alguns anos de ausência nos corpos directivos surge de novo, como 2º Secretário em 7 de Janeiro de 1945. Em 20 de Janeiro de 1946 passa a 1º Secretário na Direcção presidida por António Domingos Neves. Entre 2 de Fevereiro de 1947 e 17 de Dezembro de 1950 exerce o cargo de Relator do Conselho Fiscal quando Joaquim Francisco Neves e António Santos Almeida (Fontes) assumiam os destinos da colectividade.
Volta à Direcção em 24 de Abril de 1954 como Vogal e já com Manuel Martins da Cruz na liderança. Em 21 de Abril de 1957 passa a 1º Secretário da Assembleia-Geral assumindo na eleição seguinte, em 30 de Março de 1958, o lugar de Presidente da Direcção. Trabalham com ele José Nunes de Almeida, Rui Francisco Neves, Manuel Martins Barata, João de Deus Duarte, António Luís Nunes Duarte, Eduardo dos Santos Ferreira, Fernando Henriques da Costa e Horácio Nunes dos Reis.
Na AG de 13 de Março de 1960 passa para a vice-presidência cedendo o lugar a António Santos Almeida (Fontes). Dois anos mais tarde, em 18 de Fevereiro de 1962 assume o lugar de Vice-Presidente da Assembleia-Geral, com Manuel Martins da Cruz na presidência e os irmãos Armando e Horácio Nunes dos Reis como secretários.
De novo Relator no CF entre 15 de Março de 1964 e 30 de Janeiro de 1966, data em que volta à vice-presidência da AG e trabalha com a mesma equipa de há quatro anos.
Foi o último cargo que ocupou antes de falecer em 25 de Outubro de 1967.
Um grande exemplo de dedicação à causa regionalista.
Nesta fotografia de um almoço de aniversário da União vemos José Henriques de Almeida (o terceiro a contar da direita) entre Alfredo Pimenta Braz e Manuel da Costa. Reconhecem-se outros grandes nomes do regionalismo colmealense, como Francisco Luíz, Manuel Martins da Cruz ou João de Deus Duarte e o jornalista Luís Ferreira.
A. Domingos Santos
Arquivo da UPFC
1 comentário:
Obrigada pela homenagem.
Sandra Henriques
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