01 março 2013

Montaria mista no concelho



A recente montaria aos javalis e veados no concelho foi organizada pela Câmara Municipal de Góis e pela Associação Florestal. De acordo com um título a encimar a notícia em A Comarca de Arganil “Montaria com muitos caçadores mas foram poucos… os animais abatidos”.
Parece que, tal como acontece nos Parques nacionais de alguns países do continente africano, caçadores furtivos andaram na zona em noites anteriores a destruir o trabalho que vinha sendo efectuado de atracção dos animais à mancha.





Os javalis são animais de grandes dimensões, podendo os machos pesar entre 130 e 250 kg e as fêmeas, de menor porte, entre 80 e 130 kg. Escolhem locais com bastante vegetação “manchas” onde descansam e com facilidade se possam esconder. Passam grande parte do dia a fuçar a terra à procura de comida, preferencialmente raízes, frutos, bolotas, castanhas e sementes. Também invadem terras cultivadas, especialmente campos de batata e milho, que normalmente procuram durante a noite.


Em várias regiões da Europa a caça excessiva levou os javalis quase à beira da extinção, mas, ultimamente, os animais têm aumentado em número e regressado a áreas de onde haviam desaparecido. Esta recuperação e isso está a verificar-se no nosso país, tem a ver com o êxodo das populações para os centros urbanos, com consequente diminuição de área cultivada, a reflorestação e a eliminação dos predadores naturais do javali.




Reintroduzidos na Serra da Lousã no início dos anos noventa do século passado, os veados dispersaram-se um pouco por toda esta linda região montanhosa, mantendo apreciável estabilidade em termos de população, segundo as contagens que periodicamente são efectuadas. Desde o início do programa Rede Natura 2000, que o número destes cervídeos tem vindo a ser seguida através de várias técnicas, entre as quais a detecção directa. Segundo o Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro esta técnica revela-se mais eficaz na época de reprodução que ocorre, na Serra da Lousã, entre Setembro e Outubro. Por esta altura os machos constituem e defendem os seus haréns de fêmeas ou protegem das incursões de outros machos, territórios onde ocorram fêmeas. Para isso, emitem sons (bramidos) bastante intensos, que permitem, ao amanhecer e entardecer, a sua fácil detecção e espectacular observação.

Fotos de José Nunes de Almeida

3 comentários:

Anónimo disse...

Bom trabalho. Mesmo em pleno dia e aproveitando as courelas abandonados os javalis andam á vontade. Não têm quem os importune na sua refeição de vegetais.
É excelente "caçá-los" com a máquina fotográfica.

Anónimo disse...

Sim, o ideal seria caçá-los com um olho compreensivo e uma máquina fotográfica simpática. Todavia, no caso, temos de reconhecer que a falta de controlo dos efetivos das espécies contribui para fragilizar as condições de vida e residência na zona. Com efeito, nomeadamente os javalis, não apenas destroem os pequenos cultivos que as pessoas fazem, desse modo as dissuadindo disso com os consequentes prejuízos materiais e de bem-estar físico e psíquico, como destroem património edificado (caminhos, levadas, paredes e paredões) que deixará de existir para falar dos modos de vida de esforço e resistência dos nossos pais e avós.
De qualquer modo, enquanto não são postos em prática outros métodos de controlo das espécies, um abate rápido e o mais possível sem sofrimento é o que se espera. O que de todo desespera é a captura vil, traiçoeira e covarde com laços e armadilhas que alguns usam impunemente. E, depois, até consomem a carne, cheia do veneno da adrenalina que o animal produziu no sofrimento do laço apertado e da espera.

Lisete de Matos
Açor, Colmeal

António Santos disse...

"Veados e corços
Esquivos e fascinantes, estes belos animais vagueiam por grande parte da serra da Lousã e é frequente avistá-los. Em Setembro, por altura da brama (cio), os machos tornam-se mais afoitos e mostram-se exibindo as enormes hastes e bramindo na busca de fêmeas. Existem várias empresas de animação turística que levam grupos organizados a assistirem a este espectáculo único na Natureza."

in Aldeias do Xisto, Nº 4