Já lá vão três anos em que, pela primeira vez, se realizou na nossa terra uma peça teatral. Desde então, poderíamos dizer que se tornou imprescindível. O povo gostou, aplaudiu e disse sim à boa vontade da juventude colmealense. O povo compreendeu que alguma coisa de útil existia naquilo que os jovens faziam. O povo habituou-se a ver «algo de novo», e, agora, quase juraríamos que se sentiria triste se, na festa deste ano, em honra do Senhor da Amargura, não fosse incluída a habitual peça teatral.
No primeiro ano, em que se fez teatro no Colmeal, foram à cena duas peças, além das variedades. Duas peças pequenas, mas que marcaram um bom início, que esperamos ver prolongar-se por muito tempo como tudo o indica. Duas peças pequenas, não restam dúvidas, mas pequenas apenas em tempo, porque o seu conteúdo, o seu valor, o seu significado, eram bem grandes.
Foram interpretadas por alguns jovens, que empregaram todo o seu esforço, tudo o que sabiam, para que se conseguisse algo de bom e positivo.
E, neste aspecto, estão de parabéns, porque, na realidade, isso foi conseguido: - as peças saíram até com um «certo sabor profissional».
Segundo o velho ditado, «a união faz a força».
Daí todo o mundo saber que não restam dúvidas quanto ao êxito, pois viu-se que, no ano imediato, ou seja em 1971, essa obra continuou, contribuindo até para uma maior e melhor união da nossa juventude, uma maior amizade e até uma maior camaradagem, camaradagem essa que, aliada à boa vontade, colaboração mútua, desejo e ansiedade por fazer algo de útil se desenvolveu, se multiplicou.
Assim, verificando-se que o teatro é uma forma de instruir e recrear o nosso povo e tornar cada vez mais conhecida a nossa terra – para assistirem aos espectáculos já se deslocam ao Colmeal de outras terras da freguesia – a juventude colmealense, no ano anterior, concretizou mais uma vez um serão recreativo. E de tal maneira que o apresentou em três noites consecutivas, sempre com a lotação esgotada.
Colaboraram todos da melhor vontade. O nosso recordado Amigo Anselmo e o Ivo como ensaiadores. Interpretaram: «Guilai», Antonieta, António, Helena, Fernando, Pinto, Noémia, João Manuel, Paula e Ana Maria, na farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente.
No mesmo serão, tivemos como apresentadora, a Aurora. E ainda uma peça cómica «Um doente sem doença», desempenhada pelo Ivo e Pedro Freire, sendo este substituído pelo Anselmo na última apresentação. A Maria do Carmo e a Idalina Freire, acompanhadas à guitarra pelo Sr. Eng. Fontes, preencheram a parte de variedades, que constou de apetecido e castiço fado, interpretado a primor por estas duas senhoras da nossa terra. O público que o diga, na medida em que não se cansou de as ouvir e aplaudir.
Já lá vão três anos que, no Colmeal, e praticamente de improviso, se deram os «primeiros passos» ao levarem-se à cena peças teatrais; e, hoje, podemos afirmar que o entusiasmo progride no espírito dos jovens da nossa aldeia, criando-se até um grupo de amizade, intitulado «Comissão de Juventude», que, com a devida antecedência está a estudar novas peças para serem apresentadas em Agosto deste ano.
Para vós, juventude da freguesia do Colmeal, parabéns, pois! E continuem assim, exemplares de um franco, alegre e são convívio.
G e T
In “Correio da Serra”, de 1 de Março de 1973
Do espólio de Fernando Costa
2 comentários:
Será que esta juventude, de agora, não seria capaz de fazer umas coisas parecidas? Acho que sim.
Seria interessante, ter no Colmeal um grupo de teatro e outras tantas iniciativas, que em anos anteriores se concretizaram.
Olhando para trás, vejo como os jovens, apesar de vivenciarem tempos difíceis e com menos possibilidades que os jovens actuais, conseguiam com grande entusiasmo e força de vontade, desenvolver actividades que a todos nos deixa orgulhosos.
Actualmente, a realidade do Colmeal é outra, está mais despovoada, o que torna mais difícil implementar iniciativas viáveis, mas com persistência e determinação, penso que somos capazes de fomentar actividades interessantes.
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