11 maio 2009

VALE DO CEIRA – AQUI COLMEAL

Teatro – tema de ontem, de hoje, de amanhã… de sempre!
Já lá vão três anos em que, pela primeira vez, se realizou na nossa terra uma peça teatral. Desde então, poderíamos dizer que se tornou imprescindível. O povo gostou, aplaudiu e disse sim à boa vontade da juventude colmealense. O povo compreendeu que alguma coisa de útil existia naquilo que os jovens faziam. O povo habituou-se a ver «algo de novo», e, agora, quase juraríamos que se sentiria triste se, na festa deste ano, em honra do Senhor da Amargura, não fosse incluída a habitual peça teatral. No primeiro ano, em que se fez teatro no Colmeal, foram à cena duas peças, além das variedades. Duas peças pequenas, mas que marcaram um bom início, que esperamos ver prolongar-se por muito tempo como tudo o indica. Duas peças pequenas, não restam dúvidas, mas pequenas apenas em tempo, porque o seu conteúdo, o seu valor, o seu significado, eram bem grandes. Foram interpretadas por alguns jovens, que empregaram todo o seu esforço, tudo o que sabiam, para que se conseguisse algo de bom e positivo. E, neste aspecto, estão de parabéns, porque, na realidade, isso foi conseguido: - as peças saíram até com um «certo sabor profissional». Segundo o velho ditado, «a união faz a força». Daí todo o mundo saber que não restam dúvidas quanto ao êxito, pois viu-se que, no ano imediato, ou seja em 1971, essa obra continuou, contribuindo até para uma maior e melhor união da nossa juventude, uma maior amizade e até uma maior camaradagem, camaradagem essa que, aliada à boa vontade, colaboração mútua, desejo e ansiedade por fazer algo de útil se desenvolveu, se multiplicou. Assim, verificando-se que o teatro é uma forma de instruir e recrear o nosso povo e tornar cada vez mais conhecida a nossa terra – para assistirem aos espectáculos já se deslocam ao Colmeal de outras terras da freguesia – a juventude colmealense, no ano anterior, concretizou mais uma vez um serão recreativo. E de tal maneira que o apresentou em três noites consecutivas, sempre com a lotação esgotada. Colaboraram todos da melhor vontade. O nosso recordado Amigo Anselmo e o Ivo como ensaiadores. Interpretaram: «Guilai», Antonieta, António, Helena, Fernando, Pinto, Noémia, João Manuel, Paula e Ana Maria, na farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. No mesmo serão, tivemos como apresentadora, a Aurora. E ainda uma peça cómica «Um doente sem doença», desempenhada pelo Ivo e Pedro Freire, sendo este substituído pelo Anselmo na última apresentação. A Maria do Carmo e a Idalina Freire, acompanhadas à guitarra pelo Sr. Eng. Fontes, preencheram a parte de variedades, que constou de apetecido e castiço fado, interpretado a primor por estas duas senhoras da nossa terra. O público que o diga, na medida em que não se cansou de as ouvir e aplaudir. Já lá vão três anos que, no Colmeal, e praticamente de improviso, se deram os «primeiros passos» ao levarem-se à cena peças teatrais; e, hoje, podemos afirmar que o entusiasmo progride no espírito dos jovens da nossa aldeia, criando-se até um grupo de amizade, intitulado «Comissão de Juventude», que, com a devida antecedência está a estudar novas peças para serem apresentadas em Agosto deste ano. Para vós, juventude da freguesia do Colmeal, parabéns, pois! E continuem assim, exemplares de um franco, alegre e são convívio.
G e T
In “Correio da Serra”, de 1 de Março de 1973 Do espólio de Fernando Costa

2 comentários:

Anónimo disse...

Será que esta juventude, de agora, não seria capaz de fazer umas coisas parecidas? Acho que sim.

TIN disse...

Seria interessante, ter no Colmeal um grupo de teatro e outras tantas iniciativas, que em anos anteriores se concretizaram.
Olhando para trás, vejo como os jovens, apesar de vivenciarem tempos difíceis e com menos possibilidades que os jovens actuais, conseguiam com grande entusiasmo e força de vontade, desenvolver actividades que a todos nos deixa orgulhosos.
Actualmente, a realidade do Colmeal é outra, está mais despovoada, o que torna mais difícil implementar iniciativas viáveis, mas com persistência e determinação, penso que somos capazes de fomentar actividades interessantes.