Colmeal, a «pérola do Ceira» como lhe chamam, é uma linda aldeia serrana situada à beira do rio, numa das pregas das altas montanhas do «Cabeço do Gato».
Colmeal, ao contrário de quase todas as aldeias serranas que tiveram o seu maior desenvolvimento nos séculos XVII, XVIII e XIX, é já uma aldeia bastante desenvolvida.
Em 1558 figura já como sede de freguesia. Os meios de subsistência foram o milho, trigo, batatas e legumes sem faltar o azeite, vinho e mel. Os habitantes por cá viviam modestamente ligados à terra, mourejando de sol a sol, no cultivo e amanho das propriedades.
Há cinquenta anos a esta parte a indústria e o comércio desenvolveram-se. Facilitou-se a vida do trabalhador nos meios urbanos, criaram-se novas exigências e o povo serrano encaminha-se para a cidade procurando meios de subsistência. Foram-se os pais, chamaram os filhos e com eles foi o resto da família. Muitas casas se fecharam, umas mais tarde restauradas com o dinheiro ganho na capital, outras caem aos poucos abandonadas pelos herdeiros.
Actualmente a cifra de emigração do Colmeal é a seguinte: indivíduos naturais do Colmeal, em Lisboa, cerca de 306; no Brasil, 23; nos Estados Unidos, 15; na Venezuela, 10, etc.
Colmeal, neste momento, sobretudo no Inverno, dá a impressão de uma colmeia quase vazia. A totalidade dos habitantes ausentes e presentes é de 487 ou sejam 152 fogos. Tem hoje apenas 161 habitantes ou sejam 56 fogos. Deste modo vemos que 96 fogos se encontram ausentes.
A emigração continua à medida que os filhos da terra vão crescendo. Muitos destes emigrantes já estão desenraizados, isto é, não têm já intenção de regressar ao lugar de origem. Algumas famílias tendem a desaparecer porque os filhos casaram na cidade e na terra só se encontram os pais envelhecidos que ao desaparecerem deixarão fechadas as suas casas.
As aldeias serranas lutam pela sobrevivência. Não há quem trabalhe nos campos. Já se vêem campos abandonados. Não há quem alugue terrenos.
Esta é a situação actual do lugar do Colmeal, assim como de muitas aldeias serranas.
in Boletim “O Colmeal” Nº 24, de 15 de Fevereiro de 1962
Arquivo da UPFC
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