Chegou
finalmente a chuva. Diz a minha prima Maria
Amélia que já choveu num mês o que devia ter chovido em três.
Com a chuva, a serra florida rejubilou, a
terra e as terras sequiosas
rejuvenesceram, o rio e os barrocos recobraram, as plantações e sementeiras
amuaram, o telefone e a internete abalaram, faz tanto tempo e não voltaram. Silenciadas
uma vez mais, algumas terras e vidas ficaram ainda mais distintas e distantes, o
tempo mais desigual e díspar no devir do próprio tempo.
Em contrapartida e para animar, voltaram as
poupas, que andam por aí despreocupadas, o casal sempre junto a alimentar-se, a
observar a paisagem ou à procura de casa. São aves muito tontas, que convivem
relativamente bem com as pessoas, não raro optando, quando pousadas, por se
alapar no chão, em vez de fugirem.
Também voltaram o cuco misterioso e as rolas
comuns, que são muito ariscas, os chapins, que são um mimo de pequenez e
desassossego e os tentilhões que passam a vida a cantar ou a comer trinca. Há
outros, mas nunca fomos apresentados.
Dos pássaros que passaram o inverno connosco,
os gaios continuam a rasgar as roupas coloridas que vestem, os melros a debicar
comida de pardal, enquanto esperam que a terra agora molhada crie minhocas, o
peto pica pau às risadas descaradas …
Enfim,
em abril águas mil e em maio também, embora neste momento o sol até brilhe
por entre as nuvens que correm apressadas para leste. Bom fim de semana.
Lisete de Matos
Açor, Colmeal, 4 de maio de 2012.
1 comentário:
Excelentes fotos e texto da Drª. Lisete Matos, publicado no Blog da UPF Colmeal. De salientar o atual caudal do rio Ceira, após cerca de 3 semanas de chuva bem caída na nossa zona, o que constitui um bom prenúncio da época balnear que se avizinha e que esperamos traga muita gente à Freguesia do Colmeal, ao Concelho de Góis e a toda a Beira Serra.
Parabéns à autora.
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