A luz da manhã vai tomando o lugar das luzes da noite. O nosso último dia na “Pérola do Atlântico” estava a começar. Uma olhadela final da varanda do nosso quarto do hotel quando o movimento na rua nos parecia estar ainda adormecido. Ou seria a cidade a ficar triste pela nossa partida?
O programa deste último dia levava-nos até à vila da Camacha, que integra o concelho de Santa Cruz. Chamam-lhe a vila dos fabricantes de cestos. É o centro da indústria de vime madeirense. Hoje em dia, fabricam móveis, chapéus, ornamentos, utensílios de cozinha e cestos de todos os tamanhos e feitios. Logo ali, no Largo da Achada, é obrigatória a visita ao Bazar de Vimes, onde se comercializa o tradicional artesanato em vime. Apresenta a maior exposição de obras de vime da Camacha, colocando ao nosso dispor mais de mil artigos manufacturados pelos artesãos locais que, ao vivo, demonstram como se realiza esta arte secular.
Continuamos para o Pico do Areeiro que até dias antes tivera o acesso interditado por causa dos fogos devastadores que criminosamente devastaram a região.
É um dos mais altos da ilha, com 1818 metros de altitude, de onde partem vários trilhos e de onde se pode admirar o interior montanhoso e com sorte, se a visibilidade o permitir, consegue-se ver o Pico do Ruivo, este, o número um.
Continuamos a embrenhar-nos para o interior da ilha para uma pequena paragem em Ribeiro Frio, que se situa a 860 metros de altitude. Sendo um ponto de acesso para algumas das mais fascinantes levadas da ilha da Madeira, aqui existe uma luxuriante vegetação no Parque Florestal, onde se poderá observar um pouco da flora original madeirense denominada “Laurissilva”, considerada pela UNESCO Património Mundial.
De particular interesse são os viveiros de trutas arco-íris. A água fria, pura e oxigenada deste ribeiro permite que sejam criadas trutas, que são quase exclusivamente usadas para o repovoamento das ribeiras da Madeira.
Depois, já a pensar no almoço, seguimos pela estrada das Cruzinhas para o Faial. O seu nome deriva de faia, arbusto ou árvore abundante localmente. Atravessa-se a moderna ponte sobre a Ribeira de Metade ao lado da antiga que fora construída na primeira década do século passado e que ruiu nos anos oitenta.
Para os amantes do turismo ecológico é um ponto de paragem a considerar, pois esta paisagem magnífica de floresta laurissilva serve de habitat a diversas aves como mantas, francelhos, fura-bardos, corujas e morcegos.
Ambiente agradável em que tivemos oportunidade de cantar os parabéns a mais um aniversariante. De realçar o gesto muito simpático da gerência do restaurante que ofereceu um grande e lindo bolo de aniversário.
Seguiu-se Santana, cidade situada na costa norte da ilha muito conhecida pelas suas casas típicas, em triângulo, primitivas, construídas com pedra natural e canas, com telhado feito de colmo e que durante séculos abrigaram gentes laboriosas.
Nascida à beira de uma ermida que lhe deu o nome, Santana foi fundada em 1552.
A caminho do Machico seguimos pela Portela, um dos mais belos e célebres miradouros da Madeira, de onde pudemos observar magníficas vistas sobre o Porto da Cruz e a rocha Penha d’Águia, que é uma saliência com a forma de uma pirâmide truncada e que se ergue à beira mar.
Machico foi o primeiro local onde desembarcaram em 1419, Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, os descobridores oficiais da ilha da Madeira.
Recebeu foral e categoria de vila em 1450, sendo elevada a cidade em 1996. Além do porto de pesca é também uma atraente estância turística.
A igreja matriz do Machico foi construída nos finais do século XV e é dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Ao longo dos séculos, sofreu obras e modificações no interior, tendo no entanto conservado a sua estrutura primitiva.
Todos os anos, a 9 de Outubro e para comemorar a maior e mais grave de todas as cheias que ocorreu em 1803, afluem ao Machico milhares de pessoas para participar numa das mais importantes procissões que se realizam na ilha.
Uma bonita flor, mais uma das muitas que encontramos durante a nossa estada nesta bela ilha e que fazemos questão de partilhar consigo.
Sem comentários:
Enviar um comentário