15 novembro 2010

A União foi à ilha da Madeira (III)

No horizonte raiava um novo dia. O Sol tentava subir por detrás daquela nuvem e adivinhava-se um dia agradável e sem chuviscos. Após o pequeno-almoço buffet no hotel partimos em direcção ao centro do Funchal onde àquela hora o movimento ainda era diminuto. Dava para se apreciar a típica calçada à portuguesa bem cuidada dos seus passeios e o verde das árvores e dos jardins ladeando o nosso percurso. Um grande navio de cruzeiros começava a despejar milhares de turistas que se iriam dividir pelas várias excursões opcionais ao seu dispor. Nós iríamos fazer uma visita de meio-dia que começava com um agradável passeio de teleférico entre o Funchal e o Monte.
Enquanto se aguardava organizadamente a entrada para as cabinas notava-se em alguns dos participantes uma certa ansiedade. Para meia dúzia deles seria uma nova experiência mas que depois, lá no cimo, confessariam ter adorado. A paisagem vista lá das alturas era impressionante, não só pelas vias e túneis mesmo por debaixo de nós mas também pelo casario envolvente da cidade do Funchal.
A estação do teleférico do Monte fica mesmo junto do Jardim Tropical Monte Palace, no Caminho das Babosas, num cenário encantador. Antes de se iniciar a visita a nossa guia procedeu às necessárias explicações sempre indispensáveis e que o grupo ouviu atentamente. O jardim que ocupa uma área de cerca de 70.000 metros quadrados encontra-se integrado na Quinta Monte Palace e é propriedade da Fundação Joe Berardo e desde a sua aquisição tem vindo a ser enriquecido com plantas exóticas endémicas dos quatro cantos do mundo. A colecção de painéis de azulejos colocados ao longo dos passeios é considerada uma das maiores e ricas colecções do Pais depois da do Museu Nacional do Azulejo, agrupando exemplares hispano-mouriscos do séc. XV e XVI até painéis mais contemporâneos e retratam acontecimentos religiosos, sociais e culturais marcantes à época e referências da História de Portugal. Também estatuetas de arte africana se podiam admirar ao longo do caminho que íamos percorrendo. Foram plantadas grande número de espécies vegetais, entre azáleas, urzes, sequóias, acácias e árvores diferentes, para além da enorme variedade de fetos.
O jardim apresenta-nos um espaço dedicado à flora madeirense no qual se encontram a maior parte das variedades da Laurissilva da Macaronésia, além de outras espécies em vias de extinção. Na vegetação riquíssima podemos destacar e apreciar fetos, cedros, loureiros e loureiros das Canárias. Muitas das estátuas situam-se por entre a folhagem e casam em perfeição com toda a envolvente. Entre as espécies mais raras destaca-se uma colecção de cicas, considerados fósseis vivos e que têm a forma de uma pinha. Das 72 espécies conhecidas, este jardim conta com cerca de 60 variedades.
As lagoas existentes no jardim foram enriquecidas com a introdução de peixes koi, de variados tamanhos e cores, podendo viver até aos 100 anos. Quedas de água são frequentes e algumas evidenciam-se pela sua dimensão. Também acompanhámos o “cantar” da água deslizando em algumas levadas. Pelos passeios do jardim fomos apreciando as ornamentações de cantaria, as janelas, os nichos, os pagodes e os budas, as lanternas e as esculturas, vindas de diferentes partes do Mundo, culturas e épocas. Lindos cisnes brancos originários da Islândia e da Escandinávia habituados aos muitos visitantes que por ali vão passando diariamente deslizavam vaidosa e suavemente para a nossa fotografia.
As duas guias Neuza Sofia e Vera Serôdio foram as grandes e principais responsáveis pelo sucesso desta excursão. A União Progressiva e os participantes podem e devem agradecer-lhes por termos tido a sorte de nos acompanharem. Tivemos em ambas a excelência de grandes conhecedoras da história da Madeira, da sua cultura, das suas belezas, das suas curiosidades locais e da sua gastronomia. Sem qualquer esforço conseguiram captar a atenção dos excursionistas pela empatia com que de imediato com eles estabeleceram. A simpatia e boa disposição sempre presentes, a disponibilidade para responderem às mais variadas solicitações fizeram delas guias exemplares que conquistaram todo o grupo do Colmeal. Depois de uma prova de vinho da Madeira continuámos a nossa visita tendo passado revista a uma guarda de honra feita por garbosos guerreiros de terracota. Imperdível seria não visitarmos a esplêndida colecção de minerais e gemas que o Comendador Joe Berardo tem vindo a reunir ao longo de mais de quinze anos. Determinado a partilhar esta sua paixão com o público, montou esta exposição da qual constam cerca de 1000 exemplares, provenientes na sua maioria do Brasil, Portugal, África do Sul, Zâmbia, Peru, Argentina e América do Norte. De realçar as cores, brilho e formas geométricas aliadas à variada dimensão e também alguns belíssimos exemplares de troncos petrificados. Também a sua paixão pela escultura africana levou Joe Berardo a apresentar-nos uma colecção interessantíssima em que sobressaem belas esculturas em pedra do Zimbabué, uma forma de arte africana contemporânea.
Depois fomos até à Igreja do Monte, construída no séc. XVIII no local de uma ermida do séc. XV. Mas depois contamos-lhe. Agora ficamos por aqui.
Fotos de A. Domingos Santos

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