.
No extinto boletim “O Colmeal” fomos encontrar três interessantes apontamentos coligidos pelo saudoso António Santos Almeida (Fontes) e que, tudo indica, seriam os primeiros capítulos da História da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.
Em Julho de 1973, o Eng.º Fontes dá-nos a conhecer os “primeiros passos” da colectividade e a primeira reunião que foi realizada em casa de seus pais, na Rua João do Outeiro, 16 – 2º.
Passámos por lá. O prédio sofreu alterações (os anos não perdoam) e já não tem segundo andar. Na fotografia identifica-se facilmente por ser o mais pequeno. Também não encontrámos conterrâneos como acontecia naqueles idos tempos dos anos trinta, quarenta ou mais proximamente, de há duas ou três décadas atrás. A Rua João do Outeiro está diferente como aliás toda a Mouraria.
No segundo “capítulo” já se enumeram alguns subsídios atribuídos pela União para melhoramentos como um fontanário, o calcetamento de uma rua ou uma estrada de ligação a um concelho vizinho. Os pobres da freguesia também não são esquecidos.
No capítulo seguinte e publicado em Fevereiro de 1974, o Eng.º Fontes refere-se com pormenor à primeira obra da União – a ponte sobre o ribeiro do Soito, à estrada que viria a ser conhecida como a do “Vale do Ceira” e concretizada muitas décadas depois, às encomendas postais e assistência médica, às escolas e à futura fonte (chafariz) no Colmeal, que viria a ser realidade em 26 de Setembro de 1937.
Muitos mais capítulos haverão para escrever na história da colectividade. Por agora iremos limitar-nos a recordar este excelente trabalho de pesquisa do Eng.º Fontes.
A. Domingos Santos
Foto de Francisco Silva
A UNIÃO PROGRESSIVA DA FREGUESIA DO COLMEAL
e… a sua HISTÓRIA
I – PRIMEIROS PASSOS
Foi em 20 de Setembro de 1931, que no antigo Grémio Regionalista da Comarca de Arganil, se reuniu uma Comissão Provisória da UNIÃO PROGRESSIVA DA FREGUESIA DO COLMEAL, sob a presidência de Joaquim Fontes de Almeida, em que estiveram presentes além de outros, os Senhores Manuel João Miranda e Joaquim Francisco Neves, que exprimiram o seu desejo de colaborarem e prestarem o seu auxílio. Presentes também os saudosos Abel Joaquim de Oliveira, José Antunes André e José Henriques de Almeida.
Pode dizer-se que nesta reunião e nas que se seguiram, na residência de Joaquim Fontes de Almeida na Rua João do Outeiro, 16 – 2º em Lisboa, se alicerçaram as bases e as estruturas da nova Agremiação Regionalista e do movimento regionalista da Freguesia do Colmeal que se lhe continuou e que hoje (1973) conta com mais 5 Comissões de Melhoramentos além da União Progressiva da Freguesia do Colmeal. Foi nela que se determinou a primeira Assembleia-Geral, que viria a ter lugar em 4 de Outubro de 1931. Dos primeiros corpos gerentes faziam parte entre outros:
Na Direcção
Joaquim Fontes de Almeida (Presidente)
Francisco Domingos (1º Secretário)
Aníbal Gonçalves (2º Secretário)
José Henriques de Almeida (Tesoureiro)
José Antunes André (Vogal)
Na Assembleia-Geral
Joaquim Francisco Neves
António Martins Mendes
No Conselho Técnico
Abel Joaquim de Oliveira
Uma das primeiras resoluções tomadas por esta gerência, na sua primeira reunião de 15 de Outubro de 1931, foi o envio de circulares aos Senhores Benjamim Domingos, António de Almeida Freire e Manuel de Almeida Esteves.
Logo na primeira reunião, se atribuiu um voto de louvor ao «Jornal de Arganil» e à «Comarca de Arganil» pela ajuda valiosa que tem sido prestada e começa-se a desenhar o desejo de obtenção das encomendas postais para a freguesia do Colmeal, de que o presidente ficou de dar seguimento.
Nas actas seguintes são exarados votos de louvor aos Senhores Alfredo Ferreira e Marcelino de Almeida, pela forma como se têm interessado na angariação de sócios para a Colectividade, que nesta altura se computavam já em 72.
Recebe-se o primeiro ofício da Câmara Municipal de Góis com data de 17 de Outubro de 1931.
A quarta reunião que consta no livro de actas da Direcção refere-se já à primeira sede social da Colectividade em Lisboa, na Rua da Fé, 23 – 1º e nela foi alvitrado pelo Sr. José Henriques de Almeida a necessidade de se fundar uma escola para o sexo feminino na sede da freguesia, bem como uma residência para os professores, assunto com que o Sr. José Antunes André concordou, salientando embora a impossibilidade momentânea de a Colectividade dispor de capital para esse fim. Ainda dentro do assunto em discussão, foi apreciada na altura, uma oferta do Sr. Manuel Ferreira para se aproveitar o assento de uma casa que ele possuía ao Soladinho e que punha ao dispor da União para aí se construir a desejada escola.
Foi ainda nesta reunião que o Tesoureiro Sr. José Henriques de Almeida levantou o problema das vias de comunicação e referindo-se à célebre estrada Góis a Cebola, propôs que fosse nomeada uma Comissão para se solicitar aos Ministérios a sua efectivação, tendo o Sr. Abel Joaquim de Oliveira sugerido agradecer-se ao Grémio Regionalista da Comarca de Arganil a forma como se tem interessado por este assunto de capital importância para a nossa região.
Foi aprovado um voto de louvor ao «Diário de Notícias» pela sua patriótica campanha contra o analfabetismo.
O primeiro voto de pesar foi lavrado em acta pelo falecimento ocorrido em 30 de Outubro de 1931 do Director do «Jornal de Arganil» Sr. António Pimenta de Carvalho.
Em 20 de Novembro de 1931, o Presidente da Direcção, Sr. Joaquim Fontes de Almeida, promovia uma reunião na sua residência, para anunciar a sua decisão de se demitir, não só porque não se achava capaz de dirigir com competência a Colectividade, mas também por observar que alguns elementos que constituíam a Direcção não estavam a colaborar como deviam, deixando em completo desleixo toda a escrituração e porque a maior parte das vezes não compareciam às reuniões previamente estipuladas, pelo que entendia dever ser a Direcção toda remodelada. Esta sugestão teve o acordo do Presidente da Assembleia-Geral e em 29 de Novembro tomaram posse os novos corpos gerentes.
Eis a história da União Progressiva da Freguesia do Colmeal no período que medeia entre 20 de Setembro e 29 de Novembro de 1931, período difícil, certamente, para os dirigentes de então, que levou a uma decisão também difícil, mas honesta, e que a atestar os factos apontados pelo então Presidente da Direcção, Joaquim Fontes de Almeida, ressaltam as primeiras cinco actas da Direcção que são assinadas apenas pelo Presidente e pelo Tesoureiro José Henriques de Almeida, homens que, apesar de tudo, nunca deixaram de acreditar no ideal que os levara à criação da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, pois eles continuaram a dar a sua colaboração à Colectividade aceitando ser nomeados membros efectivos da 2ª Direcção eleita, em que figuravam os nomes de:
Manuel Nunes de Almeida
Abel Joaquim de Oliveira
Joaquim Fontes de Almeida
José Henriques de Almeida
José Antunes André
in Boletim “O Colmeal” Nº 117, de Julho de 1973
Sem comentários:
Enviar um comentário