30 novembro 2009

Freguesia do Colmeal (História) X

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PASSADO – PRESENTE Capítulo X TERRA ERMA
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Depois do período romano, é de admitir que outros povos invasores da Ibéria, nomeadamente o Mouro (1), tivessem por aqui passado mais com o fim de exploração mineira – os cursos de água sempre foram uma tentação (2) que propriamente de se enraizarem, visto a ocupação árabe, ter sido feita principalmente por homens de guerra, em vez de famílias inteiras (3). Sobre o ponto de vista agrícola o árabe procurou terras mais ricas a sul do Mondego (Ribatejo, Alentejo e Algarve e muito em especial a Andaluzia) (4), cuja agricultura transformaram de alto a baixo. Na nossa região as perspectivas não seriam as mais agradáveis, nem melhores, tendo em consideração o acidentado do terreno (5) com inúmeras ravinas e aos socalcos. Foi pois efémera a passagem deste povo, ficando depois a região durante vários séculos, pura e simplesmente desabitada e erma (6) porque se assim não fosse não se tinha verificado ao tempo dos primeiros Donatários, o seu povoamento ou repovoamento e nem a futura freguesia do Colmial, nos apareceria três séculos volvidos, mais precisamente em 1527 (7) com tão irrisório número de habitantes. Das primeiras aldeias, caso do colueal, caraulhar do ssapo e Adella (8) esta última é a única que se presume tenha sido efectivamente habitada pelos árabes, tendo em conta não só a possível existência de ouro (9) como a sua raiz toponímica: «… seria Abderramão, mas pronunciava-se…, com a última breve, como se vê da forma francesa Abdérame, e a portuguesa e hespanhola de Abderrame ou Abderrahme, na crónicado mouro Rasis; … também soava Abdala ou Abdella, ou por assimilação do b ao d Adella, …» (10) ABDERRAMÃO – ABDALA – ABDELLA – ADELLA – ÁDELA. (1) O domínio árabe em Portugal, verificou-se desde 711 a 1249, mas em séculos anteriores já se tinha processado a norte do Mondego a reconquista cristã. (2) Vol. 3/4 – Arquivo Histórico de Góis, folh. 123. «Quanto ao ouro parece que abunda na região embora se não saiba ao certo de onde vem… arrastado pelas águas e areias do Ceira, depositando-se nas margens do rio…» (3) Vol I – História de Portugal – Prof. Damião Peres, folh. 422. (4) Vol VI – História Universal – Carl Grimberg, folh. 114 «… Ainda que toda a população da actual Península Ibérica não ultrapasse 40 milhões de habitantes, só a Andaluzia, no tempo do Califado contava 34milhões …». (5) História Topographica da Villa de Goes, folh. 67/68. «Colmeal… a sua agricultura é escassa por falta de terrenos susceptíveis de amanho…». (6) Vol. 3 / 4 – Arquivo Histórico de Góis, folh. 129. «Por quanto pela Doação da terra de Goes… e ao tempo della era a terra Erma, e despovoada e os primeiros Donatários a fizerão, romper e povoar, e crecendo Povoações…». (7) Gráfico publicado no Capítulo II. (8) Escrevia-se com dois eles. (9) Em 1968 foram feitos na C.M.G. dois registos para exploração de ouro, nos locais de Penedo Velho e Cova, ambos em Ádela («O Século» de 4-9-68). (10) Nomes árabes de terras portuguesas – David Lopes – folh. 53. As reticências substituem os caracteres árabes que figuram na obra citada. in Boletim “O Colmeal” Nº 109, Fevereiro de 1971

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