Tínhamos ficado na Igreja de Nossa Senhora do Monte, a padroeira da ilha, e que foi construída no séc. XVIII no mesmo local onde antes existira uma ermida do séc. XV. Esta igreja é o destino da procissão que se realiza todos os anos a 15 de Agosto, quando os “arrependidos” sobem os 74 degraus de joelhos. Verdadeiramente impressionante é a escadaria que dá acesso a esta igreja, algo desconcertante para quem está do lado de cima.
O Monte é uma pequena freguesia situada nas montanhas por cima do Funchal e a cerca de seis quilómetros. De lugar de férias para os habitantes do centro da capital, devido ao clima mais fresco que apresenta, depressa cresceu. Uma das principais características do Monte, que ainda se mantém na memória dos mais velhos mas que se encontra há muito perdida, era uma linha de caminho de ferro, que desde o Terreiro da Luta fazia a ligação Monte-Funchal.
O imperador austríaco Carlos I está sepultado na Igreja, numa capela lateral.
Carlos de Habsburgo que foi imperador da Áustria, da Hungria e Boémia encontrara asilo na ilha após ter abdicado do trono, no decorrer da primeira guerra mundial, mas seis meses depois morreu de pneumonia, em 1 de Abril de 1922.
A freguesia do Monte é uma das mais visitadas da ilha da Madeira fundamentalmente por três pontos de interesse. Para além da igreja e do teleférico é dali que partem os tradicionais carros de cesto, feitos em vime e madeira, que conduzidos por experientes carreiros, percorrem em velocidade controlada, em cerca de 10 minutos, o inclinado caminho do Monte até ao Livramento.
O interesse dos nossos companheiros excursionistas era grande mas a fila de espera ainda era maior e alguns tiveram que lá voltar na parte da tarde, que era de tempo livre, para sentirem a emoção da descida, com os pés dos carreiros a fazer de travões.
A caminho do almoço atravessámos o Parque Municipal do Monte, também conhecido por Parque Leite Monteiro. Fica situado entre os 500 e os 600 metros de altitude e constitui o coração da freguesia de Nossa Senhora do Monte. Começou a ser construído em 1894 e a primeira fase ficou concluída cinco anos depois. Em finais do século XX, entre1997 e 1999, passou por importantes obras de requalificação e foram introduzidas árvores, arbustos e plantas herbáceas indígenas da ilha da Madeira.
As fortes chuvadas de 20 de Fevereiro provocaram um grande deslizamento na parte sul e as águas revoltas do Ribeiro de Santa Maria danificaram alguns canteiros.
O Palácio de São Lourenço destacava-se à nossa esquerda quando nos dirigíamos para almoçar na Marina do Funchal. Fortificação portuguesa dos séculos XVI e XVII chegou até aos nossos dias como uma das construções militares melhor preservadas. Foi residência de capitães e governadores da ilha e actualmente é a do Ministro da República para a Região Autónoma e alberga também o Museu Militar.
Uma das iguarias mais apreciadas na gastronomia regional madeirense e que fez parte do nosso almoço foi o bife de atum, espécie muito abundante nos mares da ilha.
A Marina do Funchal, local turístico por excelência, onde diária e temporariamente aportam veleiros e grandes navios de cruzeiro provenientes das mais diversas paragens, estava mesmo ali perto de nós, convidando-nos a um passeio.
O Mercado dos Lavradores, o principal mercado da Madeira, encontra-se instalado num edifício lindíssimo, dos anos 30, combinando art deco e modernismo.
Há um pouco de tudo, desde as flores típicas madeirenses, às verduras, fruta, carne e peixe, especiarias e ervas aromáticas e naturalmente, produtos regionais, em que se destaca o famoso bolo do caco.
A roupa colorida e os pregões das vendedoras, a diversidade de produtos e a azáfama dos funchalenses fazem da ida às compras uma experiência inigualável.
Originalmente, vendiam sobretudo flores, o que não é de estranhar, se tivermos em conta que a ilha da Madeira é muito rica em espécies que dão a estes mercados um colorido especial. Estrelícias, orquídeas, proteias, rosas, antúrios, azáleas, glicínias e camélias são apenas algumas das flores que se podem comprar.
A magnífica Sé do Funchal ficou concluída em 1514 e é um dos poucos edifícios que desde então quase se manteve intacto. Com a sua torre sineira é um bonito monumento, característico do gótico tardio, situado bem no centro histórico da cidade e constitui a mais emblemática obra do período manuelino na ilha da Madeira. No seu interior, tem várias capelas distintas e um altar-mor do século XVI em que se destacam os assentos que mostram santos, profetas e apóstolos em trajos dessa época e em cujos apoios de braço são retratadas cenas da vida madeirense. O interior é rico com diversas obras de estatuária, pintura e azulejaria.
O Parque de Santa Catarina é o maior espaço verde existente na baixa da cidade. Ocupa uma área de 36 mil metros quadrados e possui uma grande variedade de árvores e arbustos tropicais. A lagoa com os seus repuxos constitui um dos atractivos do parque, que se encontra estrategicamente instalado na plataforma fronteira ao porto e de onde se desfruta de uma notável vista da baía até à ponta da Garajau.
Chegada a hora do jantar transportaram-nos para o restaurante onde uma Noite Típica Madeirense nos aguardava. O delicioso e variado menu incluía a famosa espetada madeirense, fados, folclore e ainda música para dançar. A espetada já não é feita em pau de louro como antes, por uma questão ambiental e de preservação do loureiro.
Enquanto uns bailavam havia outros que não perdiam a oportunidade de registar estes momentos para a posteridade. O convite para a dança formulado pelos elementos do agrupamento folclórico teve enorme adesão, e depressa se viu que os continentais também têm “pezinho para pôr ali ao pé do seu”.
Outro grande momento da noite aguardado com muita expectativa foi o da realização do sorteio que iria contemplar um dos participantes com um cheque oferecido pelo operador turístico. A cada um dos presentes foi dada uma senha numerada e a nossa guia Vera Serôdio teve a enorme responsabilidade de tirar o papelinho que iria ditar o sortudo. Ladeada pelos dois dirigentes da União Progressiva, António Santos e Santos Almeida, no meio de grande silêncio e frenesim, com tambores a rufar, tirou a senha que quase ia fazendo desmaiar a feliz contemplada.
Maria Teresa Galrito ainda mal refeita da emoção mas com a felicidade espelhada nos olhos quis ter um gesto simpático para com a Colectividade e fez um donativo à União no montante de cem euros.
Depois e finalizando mais este maravilhoso dia passado na idílica “Pérola do Atlântico” bailou-se com alegria, apesar de todos sabermos que no dia seguinte seria o regresso.
Fotos de A. Domingos Santos
2 comentários:
Obrigado Henrique pela cedência das três fotos dos cestos.
Estou a roer-me toda por não ter ido com vocês.
Depois do que tenho lido e pelas fotografias que vocês têm aqui posto já me estou a mentalizar de que na próxima vou mesmo.
E pelo que me têm contado ainda me torço mais porque foi um sucesso.
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