Habitação na Beira Serra. Do Passado e do Presente para o Futuro
Foi
na passada terça-feira, 2 de Abril, data em que se comemora o Dia Internacional
do Livro Infantil. No Espaço Multiusos da Casa da Cultura de Góis. Por ocasião
da 23ª Feira do Livro de Góis.
Catarina
Matos, espelhando felicidade, apresentou-nos a autora, sua mãe, perante um
atento e interessado auditório.
Lisete
Paula de Almeida de Matos é natural da pequena mas simpática aldeia do Açor (ex
freguesia do Colmeal), onde reside, aldeia de uma só rua e com cada vez menos
habitantes.
“Sem ser especialista
na matéria e fazendo uma abordagem multidisciplinar, Habitação na Beira Serra. Do
Passado e do Presente para o Futuro
(2018) é um trabalho muito singelo, com o qual se pretende partilhar o
fascínio com que se observa a paisagem e as aldeias transformadas em
repositórios de engenho e tenacidade, afeto e história, das pessoas e dos seus
modos de vida!
Como em outras
oportunidades, para além de homenagear os “operários em construção” do passado
e do presente, pretende-se contribuir para o reforço da identidade e da
pertença à serra e à terra, ao mesmo
tempo que se atribui estatuto e confere visibilidade e confere riqueza e
diversidade do património edificado serrano. Um património cultural
simultaneamente material e imaterial que abunda, constituindo um recurso
assinalável, porventura um dos principais que podem ser potenciados ao serviço
da economia e do desenvolvimento sustentado, no âmbito da imparável evolução
das aldeias para espaços e tempos de transitoriedade e lazer. A segunda
habitação e o turismo já prevalecem em muitas delas.
Agradecem-se
comentários e contributos, para que alguém possa dar continuidade ao trabalho.”
(1)
Um livro que também
aconselhamos vivamente. Um livro que deverá estar em nossas casas, e nas dos
nossos amigos e conterrâneos, pois reflecte um trabalho feito nos concelhos de
Arganil, Góis e Pampilhosa da Serra, e na aldeia do Candal (Lousã). Fotografias
que connosco partilha «na ternura do abraço» e abrangem um espaço temporal de
trinta anos (a mais antiga é de 1988), algumas das quais preservarão nas nossas
memórias o que era/existia antes dos terríveis incêndios de Junho e Outubro de
2017.
De leitura fácil e
muito acessiva. Como escreveu João Nogueira Ramos em “Postal de um beirão”, «dominando
a escrita com sensibilidade, a Lisete move-se com segurança na evolução temporal
das casas aldeãs da nossa Beira. Um olhar atento, com poesia e sentimento, em
filme bem realizado e bem documentado, que desbobinamos com deleite.»
Dos Objectos para as
Pessoas (1997) é
um outro livro da autora “elaborado com o objectivo de contribuir para a
afirmação identitária, para o reforço da pertença à serra e para o registo da
memória colectiva que funda as representações e os valores de muitos dos
naturais e oriundos da região. Pretende ainda demonstrar que a serra e as aldeias
são um ecomuseu vivo e aberto, que importa preservar e potenciar ao serviço do
futuro. Como refere Paulo Carvalho na introdução, “sob a aparência de um
catálogo etnográfico, o que (se) nos propõe é um discreto álbum de intercepções
e afectos. Espreitamos para dentro das fotos e, em cada peça, vislumbramos
recordações, histórias, pessoas, pormenores que cintilam por um momento e
deixam um rasto nos nossos sentidos (…) ” (1)
Gente da Serra. Do seu
Quotidiano e Costumes (1990) é uma obra elaborada para preservar a memória dos modos de vida e da
cultura das gentes da serra. É uma obra inacabada, muito especialmente porque a
vida continua. Dê-lhe continuidade, agindo e escrevendo você também. Eventuais
contributos revertem, agora, a favor da Associação Amigos do Açor. (1)
Da Introdução deste
livro retiramos o seguinte:
“Num momento de rápida
evolução da sociedade portuguesa para novas formas de estar, ser e produzir,
valorizar e identificar-se criticamente com o passado e o presente é contribuir
para a construção do futuro. Neste contexto, a recolha efectuada, que não é
exaustiva, é um desafio para que nos orgulhemos da nossa terra e do nosso
passado rural e deles falemos aos nossos filhos e netos. Eu falo da vida no
Açor e nas aldeias limítrofes, acreditando falar um pouco da vida na região.
Mas muito mais há para dizer. Vamos todos fazê-lo? É a sua vez agora!”.
O desafio está lançado
pela Lisete de Matos. Se cada um de nós der um pequeno contributo e
partilharmos um pouquinho do nosso conhecimento, todos teremos a ganhar. Vamos
responder com entusiasmo, vamos agir, vamos escrever, vamos dar continuidade a
este tão precioso trabalho. VAMOS!
Gente da Serra: Modos de
Vida entre a Cidade e a Aldeia
(2000). No âmbito de uma perspetiva compreensiva
da realidade social, o objectivo da investigação é caracterizar e elucidar os
modos de vida de uma população que escolheu Lisboa como destino privilegiado,
quando tomou a iniciativa de partir, em busca de oportunidades mais satisfatórias
de vida e trabalho para si e para os seus.
Complementarmente,
visam-se dois outros objectivos: por um lado, produzir conhecimento tanto
quanto possível com os protagonistas, promovendo a sua autoexpressão a fixar
pela escrita; por outro, contribuir para a inclusão e visibilidade dos grupos
sociais menos favorecidos em matéria de interesse científico, apesar da
capacidade de iniciativa demonstrada e da sua importância enquanto segmento
social e força de trabalho.
Obra não publicada,
pode ser consultada na biblioteca da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova, bem como em bibliotecas locais. (1)
Lisete de Matos é
Presidente da Assembleia-Geral da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.
Participa no blogue http//upfc-colmeal-gois.blogspot,pt e n’ O Varzeense.
Sentimos muito orgulho
em a ter connosco. É um privilégio. É um exemplo para todos nós. O concelho de
Góis deve orgulhar-se de ter entre os seus residentes uma tão ilustre filha das
suas aldeias.
A.
Domingos Santos
Fotos
de A. Domingos Santos e facebook CMG
(1) De um apenso ao livro
apresentado
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