03 abril 2019

LISETE DE MATOS apresentou o seu recente livro


Habitação na Beira Serra. Do Passado e do Presente para o Futuro





Foi na passada terça-feira, 2 de Abril, data em que se comemora o Dia Internacional do Livro Infantil. No Espaço Multiusos da Casa da Cultura de Góis. Por ocasião da 23ª Feira do Livro de Góis.

Catarina Matos, espelhando felicidade, apresentou-nos a autora, sua mãe, perante um atento e interessado auditório.




Lisete Paula de Almeida de Matos é natural da pequena mas simpática aldeia do Açor (ex freguesia do Colmeal), onde reside, aldeia de uma só rua e com cada vez menos habitantes.



“Sem ser especialista na matéria e fazendo uma abordagem multidisciplinar, Habitação na Beira Serra. Do Passado e do Presente para o Futuro (2018) é um trabalho muito singelo, com o qual se pretende partilhar o fascínio com que se observa a paisagem e as aldeias transformadas em repositórios de engenho e tenacidade, afeto e história, das pessoas e dos seus modos de vida!
Como em outras oportunidades, para além de homenagear os “operários em construção” do passado e do presente, pretende-se contribuir para o reforço da identidade e da pertença à serra e à terra, ao mesmo tempo que se atribui estatuto e confere visibilidade e confere riqueza e diversidade do património edificado serrano. Um património cultural simultaneamente material e imaterial que abunda, constituindo um recurso assinalável, porventura um dos principais que podem ser potenciados ao serviço da economia e do desenvolvimento sustentado, no âmbito da imparável evolução das aldeias para espaços e tempos de transitoriedade e lazer. A segunda habitação e o turismo já prevalecem em muitas delas.
Agradecem-se comentários e contributos, para que alguém possa dar continuidade ao trabalho.” (1)



Um livro que também aconselhamos vivamente. Um livro que deverá estar em nossas casas, e nas dos nossos amigos e conterrâneos, pois reflecte um trabalho feito nos concelhos de Arganil, Góis e Pampilhosa da Serra, e na aldeia do Candal (Lousã). Fotografias que connosco partilha «na ternura do abraço» e abrangem um espaço temporal de trinta anos (a mais antiga é de 1988), algumas das quais preservarão nas nossas memórias o que era/existia antes dos terríveis incêndios de Junho e Outubro de 2017.


De leitura fácil e muito acessiva. Como escreveu João Nogueira Ramos em “Postal de um beirão”, «dominando a escrita com sensibilidade, a Lisete move-se com segurança na evolução temporal das casas aldeãs da nossa Beira. Um olhar atento, com poesia e sentimento, em filme bem realizado e bem documentado, que desbobinamos com deleite.»

      
Dos Objectos para as Pessoas (1997) é um outro livro da autora “elaborado com o objectivo de contribuir para a afirmação identitária, para o reforço da pertença à serra e para o registo da memória colectiva que funda as representações e os valores de muitos dos naturais e oriundos da região. Pretende ainda demonstrar que a serra e as aldeias são um ecomuseu vivo e aberto, que importa preservar e potenciar ao serviço do futuro. Como refere Paulo Carvalho na introdução, “sob a aparência de um catálogo etnográfico, o que (se) nos propõe é um discreto álbum de intercepções e afectos. Espreitamos para dentro das fotos e, em cada peça, vislumbramos recordações, histórias, pessoas, pormenores que cintilam por um momento e deixam um rasto nos nossos sentidos (…) ” (1)


Gente da Serra. Do seu Quotidiano e Costumes (1990) é uma obra elaborada para preservar a memória dos modos de vida e da cultura das gentes da serra. É uma obra inacabada, muito especialmente porque a vida continua. Dê-lhe continuidade, agindo e escrevendo você também. Eventuais contributos revertem, agora, a favor da Associação Amigos do Açor. (1)
Da Introdução deste livro retiramos o seguinte:
“Num momento de rápida evolução da sociedade portuguesa para novas formas de estar, ser e produzir, valorizar e identificar-se criticamente com o passado e o presente é contribuir para a construção do futuro. Neste contexto, a recolha efectuada, que não é exaustiva, é um desafio para que nos orgulhemos da nossa terra e do nosso passado rural e deles falemos aos nossos filhos e netos. Eu falo da vida no Açor e nas aldeias limítrofes, acreditando falar um pouco da vida na região. Mas muito mais há para dizer. Vamos todos fazê-lo? É a sua vez agora!”.

O desafio está lançado pela Lisete de Matos. Se cada um de nós der um pequeno contributo e partilharmos um pouquinho do nosso conhecimento, todos teremos a ganhar. Vamos responder com entusiasmo, vamos agir, vamos escrever, vamos dar continuidade a este tão precioso trabalho. VAMOS!


Gente da Serra: Modos de Vida entre a Cidade e a Aldeia (2000). No âmbito de uma perspetiva compreensiva da realidade social, o objectivo da investigação é caracterizar e elucidar os modos de vida de uma população que escolheu Lisboa como destino privilegiado, quando tomou a iniciativa de partir, em busca de oportunidades mais satisfatórias de vida e trabalho para si e para os seus.
Complementarmente, visam-se dois outros objectivos: por um lado, produzir conhecimento tanto quanto possível com os protagonistas, promovendo a sua autoexpressão a fixar pela escrita; por outro, contribuir para a inclusão e visibilidade dos grupos sociais menos favorecidos em matéria de interesse científico, apesar da capacidade de iniciativa demonstrada e da sua importância enquanto segmento social e força de trabalho.
Obra não publicada, pode ser consultada na biblioteca da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, bem como em bibliotecas locais. (1)

Lisete de Matos é Presidente da Assembleia-Geral da União Progressiva da Freguesia do Colmeal. Participa no blogue http//upfc-colmeal-gois.blogspot,pt e n’ O Varzeense.
Sentimos muito orgulho em a ter connosco. É um privilégio. É um exemplo para todos nós. O concelho de Góis deve orgulhar-se de ter entre os seus residentes uma tão ilustre filha das suas aldeias.

A. Domingos Santos
Fotos de A. Domingos Santos e facebook CMG
(1) De um apenso ao livro apresentado 

Sem comentários: