23 abril 2019

DIA MUNDIAL DO LIVRO – 23 ABRIL


Os livros


O meu pai está sempre a dizer que os livros são os nossos melhores amigos, depois das pessoas e dos animais, os mansinhos, está claro, que nos dão muita coisa de que a gente precisa para comer, vestir e calçar.

O meu pai também já me disse que nunca teve um pequeno desgosto na vida, que não lhe passasse depois de ler um bom livro.

Deve ser por isso que o meu pai tem tantos livros e sabe tanta coisa que me explica. E eu também gostava de saber tanto como ele e ter tantos livros como ele. Já tenho muitos, e o meu pai diz que os livros ensinam tudo. Eu já sei muitas coisas que li nos livros, e muitas histórias e coisas que se passam no mundo, de animais e plantas e de tudo quanto há.

Também leio os livros da escola. Às vezes custam-me a perceber, porque são difíceis, e eu sei que ainda sou pequeno para perceber tudo. Mas leio outra vez ou peço que me expliquem, e explicam-me, e então eu já percebo.

Ricardo Alberty
in “Na Rota das Palavras” Fundação Calouste Gulbenkian - Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas – Dezembro de 1990

                                  
SOMOS LIVROS
                           
O Fim é o princípio.
                                  Uma página que se vira.
                                 Somos a tinta fresca em folha áspera.
A capa dura. Aquilo que procura.
Somos a História.
Desde sempre.
O terramoto de 55 e a revolução de 74.
Somos todos os nomes.
As pessoas do Pessoa.
Alexandre Herculano
e Ramalho Ortigão.
O Mundo na mão.
Ponto de encontro.
De quem pensa. De quem faz pensar.
Temos pele enrugada
de acontecimento.
As páginas são nossas.
E o pó que descansa na capa também.
Sabemos falar de guerra e de paz,
explicar a origem das espécies
e dizer qual a causa das coisas.
Somos o que temos.
A tradição e a vocação.
A atenção. A opinião.
A história de dor e de amor.
Somos o nome do escritor.
A mão do leitor.

MANIFESTO BERTRAND

in “SOMOS LIVROS
BERTRAND LIVREIROS
A Revista da Livraria Mais Antiga do Mundo – Abril 2019


1 comentário:

António Santos disse...


Devolvo-lhe esta relíquia que, tão amavelmente, me emprestou.
Há livros que se devoram, página a página… não é o caso deste!
Este é daqueles que se saboreiam gostosamente, com toda a serenidade, voltando frequentemente à pág. anterior para reler, como quem revive a infância e toda a ternura que essas memórias evocam.
É um livro magnífico e inesquecível, de um escritor sublime.
Bem haja!!!
D