Os livros
O
meu pai está sempre a dizer que os livros são os nossos melhores amigos, depois
das pessoas e dos animais, os mansinhos, está claro, que nos dão muita coisa de
que a gente precisa para comer, vestir e calçar.
O
meu pai também já me disse que nunca teve um pequeno desgosto na vida, que não
lhe passasse depois de ler um bom livro.
Deve
ser por isso que o meu pai tem tantos livros e sabe tanta coisa que me explica.
E eu também gostava de saber tanto como ele e ter tantos livros como ele. Já
tenho muitos, e o meu pai diz que os livros ensinam tudo. Eu já sei muitas
coisas que li nos livros, e muitas histórias e coisas que se passam no mundo,
de animais e plantas e de tudo quanto há.
Também
leio os livros da escola. Às vezes custam-me a perceber, porque são difíceis, e
eu sei que ainda sou pequeno para perceber tudo. Mas leio outra vez ou peço que
me expliquem, e explicam-me, e então eu já percebo.
Ricardo
Alberty
in
“Na Rota das Palavras” Fundação
Calouste Gulbenkian - Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas – Dezembro de
1990
SOMOS LIVROS
O Fim é o princípio.
Uma página que se vira.
Somos a tinta fresca em folha
áspera.
A capa dura. Aquilo que procura.
Somos a História.
Desde sempre.
O terramoto de 55 e a revolução de 74.
Somos todos os nomes.
As pessoas do Pessoa.
Alexandre Herculano
e Ramalho Ortigão.
O Mundo na mão.
Ponto de encontro.
De quem pensa. De quem faz pensar.
Temos pele enrugada
de acontecimento.
As páginas são nossas.
E o pó que descansa na capa também.
Sabemos falar de guerra e de paz,
explicar a origem das espécies
e dizer qual a causa das coisas.
Somos o que temos.
A tradição e a vocação.
A atenção. A opinião.
A história de dor e de amor.
Somos o nome do escritor.
A mão do leitor.
MANIFESTO BERTRAND
in
“SOMOS LIVROS”
BERTRAND
LIVREIROS
A
Revista da Livraria Mais Antiga do Mundo – Abril 2019
1 comentário:
…
Devolvo-lhe esta relíquia que, tão amavelmente, me emprestou.
Há livros que se devoram, página a página… não é o caso deste!
Este é daqueles que se saboreiam gostosamente, com toda a serenidade, voltando frequentemente à pág. anterior para reler, como quem revive a infância e toda a ternura que essas memórias evocam.
É um livro magnífico e inesquecível, de um escritor sublime.
Bem haja!!!
D
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