16 maio 2019

Colmeal - União Progressiva - Natureza, Cultura e Gastronomia



Foi um fim-de-semana diferente, este de 4 e 5 de Maio, que nos levou a Arouca e aos Passadiços do Paiva. Natureza, cultura e gastronomia, no seu melhor.







O Mosteiro de Santa Maria de Arouca já surge documentado desde o século X. Exclusivamente feminino desde 1154, por ordem de S. Bento, afirma-se sobretudo a partir do séc. XIII, após Dona Mafalda, filha de D. Sancho I, ali ter ingressado. Doado por D. Sancho a sua filha, o convento recebeu muitas dádivas do monarca, que por sua vontade vem a transferir a comunidade monástica em 1226 para a Ordem de Cister. É a maior construção granítica do género, em Portugal. Ao longo dos tempos foi objecto de várias intervenções, datando o actual edifício dos séculos XVII e XVIII.




















Na visita guiada tivemos oportunidade de visitar e apreciar a Sala do Capítulo, a Cozinha, o Claustro, o Cadeiral, bem como parte considerável do Museu de Arte Sacra, considerado um dos mais ricos da Península Ibérica, com múltiplos objectos de culto, peças de mobiliário, manuscritos litúrgicos, paramentos e peças raríssimas de escultura, pintura, ourivesaria e tapeçaria. 







Em 1886, com a morte da última freira, o Mosteiro foi extinto e todos os seus bens transitaram para a Fazenda Pública. 

Após o almoço dirigimo-nos para a Casa das Pedras Parideiras. Uma paragem para nos deslumbrarmos com a imperdível Frecha da Mizarela, com o rio Caima a projectar-se de mais de sessenta metros, de altura. Um espectáculo natural que não podíamos deixar de contemplar. 








Em Castanheira deparamo-nos com um dos geossítios mais emblemáticos do Arouca Geopark. Fenómeno único no mundo, que levou os habitantes desta pequena aldeia a chamar a esta rocha de «Pedra Parideira», por ser «a pedra que pare pedra». Geologicamente, esta rocha é designada por «granito nodular da Castanheira». O granito, de cor clara, apresenta uma invulgar quantidade de nódulos, de forma discóide e biconvexa, que por acção da erosão se soltam da rocha mãe, deixando cavidades. As datações mais recentes apontam para idades de mais de 300 milhões de anos. 








Escutadas as explicações e visionado um interessante filme em 3D, melhor se ficou a compreender a origem e particularidades deste geossítio. O Centro de Interpretação tem por objectivo contribuir para a conservação, compreensão e valorização deste importante património geológico. 





Seguimos depois para uma visita ao Centro de Interpretação e Investigação Geológica de Canelas. O Museu das Trilobites Gigantes, de iniciativa particular, foi inaugurado em 1 de Julho de 2006, e é conhecido internacionalmente pela recolha, inventariação e exposição das maiores trilobites do mundo. Exemplo de extraordinária cooperação entre indústria extractiva, a ciência e a educação. Muitos fósseis ganharam nova vida neste Centro e contam-nos alguns dos capítulos mais longínquos da evolução da vida do planeta, mas são as trilobites que se destacam como os maiores exemplares do mundo da sua espécie. 









O jantar, tal como o almoço, foi servido no Hotel S. Pedro. Para além de tudo o mais, destacamos a excelente posta arouquesa e o bacalhau com broa. Bem situado, na avenida principal, ainda possibilitou um pequeno passeio nocturno. 

Na manhã de domingo, os passadiços esperavam-nos. Localizados na margem esquerda do rio Paiva e com cerca de oito km, proporcionam um passeio por um autêntico santuário natural, onde são ainda visíveis espécies em vias de extinção na Europa, rodeado de paisagens de beleza ímpar, perto de descidas de águas bravas tão apreciadas por canoístas. Iniciado o percurso perto da praia fluvial do Areinho, passando pela Garganta do Vau, Cascata das Aguieiras, praia fluvial do Vau, Gola do Salto, Falha de Espiunca e com o final na Espiunca. 





























Para retemperar as forças nada melhor que uma vitela assada em forno a lenha e bife à moda de Alvarenga para o almoço. 





Uma última passagem por Arouca e uma surpresa. Uma surpresa UNIK. 

A doçaria conventual é das mais requintadas doçarias monásticas. 
Confeccionada pelas freiras, a doçaria era o ex-libris do convento e com ela eram presenteadas entidades civis e eclesiásticas, merecedoras de proventos de tão reais monjas. 
A doce riqueza das freiras de Arouca perdurou para lá da extinção da vida religiosa no convento por intervenção da sua criadagem, que perpetuou as receitas e as transmitiram como herança familiar. 
A doçaria conventual continua a privilegiar as melhores matérias-primas e, na sua confecção, segue os métodos ancestrais, mantendo o cariz e as fórmulas primitivas. 



Foi na Casa dos Doces Conventuais de Arouca, situada no coração da vila de Arouca, mesmo em frente ao Mosteiro, que fomos obsequiados com uma degustação da variada doçaria conventual. Casa em que “cada um dos seus produtos é mais do que um pedaço de cultura arouquense, é uma lição de história nacional”. 

No regresso a Lisboa as pernas aproveitaram para descansar… 

Notas coligidas por A. Domingos Santos

2 comentários:

Anónimo disse...

Não conhecia o mosteiro. Fabuloso! Parabéns aos participantes e aos organizadores, obrigada pela elucidativa reportagem. A próxima caminhada é já amanhã, mais uma oportunidade de convívio e atividade salutar, na qual participarei em pensamento.
Abraço.
Lisete de Matos

Deonilde Almeida disse...

Excelente reportagem, que nos permite viajar, conhecer,"lavar os olhos" nessas paisagens lindas... (quase lhe senti o cheiro a serra) sem sair de casa. Fiquei «augada» pelos doces!

Deonilde Almeida (Colmeal)