27 janeiro 2013

UM CONSOLO!


Era depois da tempestade sem bonança do passado dia 19.



As levadas e os barrocos espumavam de água cintilante, formando cascatas ruidosas que corriam apressadas para a ribeira, e ela para o rio, que ainda flui farto e verde, no Colmeal.





Caídas, as árvores cansadas de morrerem de pé obstruíam os caminhos e as estradas, as pessoas limpavam-nas para poderem passar.


Faltavam a eletricidade, o telefone fixo e o móvel, o isolamento e a solidão tolhiam e sufocavam. Por aí, idosos na escuridão, um deficiente movimentado à força pouca dos braços da irmã e do cunhado, cidadãos sem transporte próprio, cidadãos incontatáveis. Pairavam a desolação e o medo.

Da GNR ou da chamada proteção civil, nem sinais. Quanta fragilidade a das infraestruturas e dos serviços que nos servem, quanta vulnerabilidade a das nossas condições de existência! Desta vez, um pouco por toda a parte.

Os telefones foram recuperando, embora o fixo tenha desertado de novo com a neve de ontem, a eletricidade regressou ao fim de três dias e duas noites de ausência. Regressou quando o Jorge já tinha chegado com um gerador para refrescar as arcas e os congeladores, e quando, com a ajuda da Paula e do Fernando, já o tinha ligado precisamente em minha casa.

Os efeitos do temporal passarão (ou não), mas o gesto de solidariedade e generosidade do Jorge não. Perdurará na nossa memória e nos nossos corações, a mitigar a dor das faltas, e a lembrar que temos de ser uns para os outros, como costuma dizer!

Um consolo!

Lisete de Matos

Açor, Colmeal, 23/01/2013




Sem comentários: