Tudo começou assim. Na noite de 1 de Outubro, no Terminal 2 do Aeroporto de Lisboa, embarcaram os primeiros vinte e nove participantes de um total de oitenta e três pela necessidade de desdobrar o grupo face à anulação do voo inicialmente programado e à limitação do avião, mais pequeno do que o previsto.
Os restantes 54 embarcaram na manhã do dia seguinte rumo ao Funchal, capital da ilha e que é cidade desde 21 de Agosto de 1508. O mais importante centro comercial, turístico e cultural de todo o arquipélago da Madeira.
Chegados ao Hotel Suites Jardins d’Ajuda todo o grupo se reuniu para almoço, após o qual se partiu para o “trabalho duro” que os esperava – visitar a bonita ilha da Madeira.
Oficialmente designada por Região Autónoma da Madeira é um arquipélago constituído pelas ilhas da Madeira e Porto Santo e pelos ilhéus não habitados das Desertas e das Selvagens. De origem vulcânica e de relevo muito acidentado, os vales são apertados, os declives muito acentuados e com regimes hídricos torrenciais (quem não se lembra de 20 de Fevereiro último?). O clima é caracterizado por grande regularidade térmica durante todo o ano, sobretudo próximo do nível do mar. Arquipélago dotado de autonomia política e administrativa tem o estatuto de região ultraperiférica do território da União Europeia.
A ilha da Madeira foi descoberta primeiro pelos Romanos e mais tarde redescoberta pelos portugueses, João Gonçalves Zarco e Bartolomeu Perestrelo em 1419. O povoamento da ilha começou cerca de 1425
Iniciou-se a visita pelo Pico dos Barcelos, onde do seu miradouro qual autêntica varanda, situado a 335 metros de altitude se desfruta de uma paisagem ímpar sobre a cidade do Funchal e todo o seu anfiteatro.
O Pico dos Barcelos, situado na freguesia de Santo António, é um dos sítios do Funchal que merece uma visita, quando se quer conhecer a capital madeirense. Também permite uma vista para as zonas altas de Santo António e São Roque e ainda para o Cabo Girão, já no concelho vizinho, Câmara de Lobos.
Além de ser muito povoado, tem um miradouro que atrai diariamente centenas de turistas que procuram captar a melhor fotografia da baía do Funchal. É muito procurado na noite de fim de ano para quem pretende assistir ao espectáculo pirotécnico.
Seguiu-se a Eira do Serrado a 1095m de altitude, um miradouro por excelência, pela sua localização privilegiada. Depois de atravessada uma paisagem massacrada pelos fogos devastadores de Agosto tivemos uma espectacular panorâmica sobre o Curral das Freiras que parece a cratera de um vulcão mas que não é mais do que a bacia de recepção da ribeira dos Socorridos. Uma das zonas mais pitorescas da ilha e um dos poucos locais que não é visível do mar. A sua forma deve-se à forte capacidade erosiva das águas torrenciais sobre rochas com diferentes resistências durante milhões de anos. O Curral das Freiras começou a ser habitado na primeira metade do século XV e para estas terras isoladas por abismos e denso arvoredo vieram escravos fugidos das terras do Sul da ilha e criminosos que se escapavam das malhas da justiça. Aqui se esconderam as freiras do Convento de Santa Clara para fugirem dos ataques dos piratas e corsários que assolavam a Madeira no século XVI.
Esta vila, pertencente ao concelho de Câmara de Lobos, esteve sempre muito isolada até ao ano de 1959, quando se construiu a estrada que descemos e nos permitiu ir saborear o delicioso Bolo de Mel e fazer a prova de Ginja do Curral.
Os associados Maria Clara Loureiro e o Fernando de Jesus Martins (aqui numa “freira mais malandreca…) foram dos muitos que quiseram “vestir” o hábito para a fotografia.
Colmeal. Também aqui encontrámos um Colmeal mas não o “nosso”. Fajã Escura, Pico Furão, Colmeal e Fajã dos Cardos são pequenos aglomerados ligados por uma estrada que corre paralelamente à linha de água por entre campos hortícolas, castanheiros, vimeiros e algumas vinhas.
Duzentos metros abaixo do nível a que se encontra a sede de freguesia, vive quase metade da população do Curral. Lombo Chão, Seara Velha, Balseiras, Terra Chã e Capela são pequenos aglomerados onde se concentra a população do Curral de Baixo. Apertadas entre as rochas talhadas a pique, estas gentes padecem ainda hoje das marcas de um isolamento que a televisão não conseguiu dissipar.
No Curral das Freiras não há indústrias, pelo que a população se dedica sobretudo à agricultura, nomeadamente à horticultura. Contudo, a produção agrícola mais típica é a da castanha, seguindo-se a da ginja, o que fez ultimamente surgir alguma produção com características artesanais de licores preparados com base nestes produtos.
Pormenor do interior da igreja matriz de Curral das Freiras, única edificação religiosa existente, construída em princípios do século XIX. Havia em tempos uma capela em honra de Santo António, construída por volta de 1644 e que se perdeu. Entre 1916/18 a igreja sofreu importantes obras tendo sido construídos os altares laterais em honra da Senhora do Livramento e do Sagrado Coração de Jesus. Na mesma altura é também construído o altar-mor da igreja.
Regressados ao hotel e após breve descanso seguiu-se o jantar. No final alguém ficou surpreendido quando se começaram a cantar os “parabéns a você” e surgiu um lindo bolo com as velas para apagar. A aniversariante Maria Manuela Almeida Guerra ladeada pelos nossos dirigentes António Santos Almeida e António Domingos Santos não queria acreditar no que via e dificilmente conseguia esconder a sua emoção. Sendo da povoação da Lomba, do vizinho concelho de Arganil, tomara conhecimento desta nossa excursão através da imprensa regional – Jornal de Arganil, onde normalmente acompanha as actividades da União Progressiva. O marido e mais quatro familiares acompanharam-na nesta “descoberta” à bonita ilha da Madeira. O primeiro dia estava a terminar. Havia que descansar pois mais “trabalho duro” nos esperava para a etapa seguinte.
Fotos de A. Domingos Santos
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