10 junho 2010

A SERRA E A CIDADE

Numa iniciativa da Câmara Municipal de Góis integrada no âmbito das Comemorações Municipais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, foi hoje apresentado em Góis o livro “ A Serra e a Cidade – O Triângulo Dourado do Regionalismo”, da autoria de Maria Beatriz Rocha-Trindade. Como escreve o professor João Alves das Neves no prefácio desta obra “chega-nos o estudo que faltava, referido especificamente aos concelhos de Arganil, Pampilhosa da Serra e Góis. A documentação produzida pela autorizada estudiosa da nossa Emigração é pormenorizada, fundamentada e cientificamente interpretada. Afinal, as questões da Diáspora e do Regionalismo cruzam-se frequentemente, dado o contexto de migrações internas característico nestes concelhos, conforme observou a autora no decurso de duas dezenas de anos de investigações, tanto directamente no terreno, como por intermédio de numerosos depoimentos que recolheu e de acções que pôde acompanhar, como ainda por via de extensa pesquisa documental.”
Na primeira parte deste trabalho “fica-se a conhecer a visão do visitante provindo do exterior e a impressão que lhe é transmitida pela beleza da paisagem, frequentemente marcada pela nudez Depois, segue-se a “história das migrações das aldeias serranas para o exterior e a narração de factos característicos dos primórdios da fixação na Capital, em que a integração não faz esquecer os problemas e as insuficiências das terras de origem.” Um capítulo é “inteiramente dedicado à explicação do fenómeno regionalista, quanto aos seus objectivos genéricos e específicos, a sua forma de organização e de instituição e resultando finalmente na proliferação das respectivas estruturas associativas, desde as grandes Casas Regionais às mais pequenas das Ligas e Comissões de Melhoramentos, a nível de freguesia e, até, de lugar.” Ainda aqui “se pode melhor aperceber por que forma se estabeleceram as pontes de solidariedade entre os residentes na região da Capital e os conterrâneos que permaneceram nas terras de origem, em termos de combater o isolamento e melhorar a sua qualidade de vida.” De acordo com João Alves das Neves, “a investigadora procura resumir numa única frase, a sua opinião quanto ao papel actual do Regionalismo da Serra: «Aquilo que no passado poderia por algumas pessoas ser considerado apenas como acessório ou lateral passou a ter duas funções principais, nitidamente diferentes uma da outra: por um lado, visar a melhoria da qualidade de vida dos mais idosos, quer os residentes nas aldeias, quer aqueles que a elas regressarão após a reforma; por outro, criar atractivos às populações mais jovens, tanto os residentes como os visitantes por ocasião de férias, além de proporcionar às crianças e jovens o gosto de estar na terra dos seus ascendentes». João Alves das Neves acrescenta ainda que “é muito valiosa a contribuição da Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade ao salientar a importância do Movimento Regionalista dos três concelhos, até porque não tem importância similar em Portugal, nem sequer nos outros municípios da Beira-Serra, embora se trate, toda ela, de uma área empobrecida e em fase de desertificação e que, por isso mesmo, não deveria ser ignorada pelos poderes públicos, antes pelo contrário.”
“As linhas finais do livro, indicam claramente o quanto a autora aprecia e confia nas potencialidades do Movimento Regionalista, do qual as Gentes da Serra são simultaneamente os actores, com diferentes graus de protagonismo, os garantes e os principais beneficiários. Verifica-se que o Movimento tem contado, ao longo dos anos, com um conjunto de lideranças empenhadas e esclarecidas, qualquer que seja a dimensão da estrutura a que respeita, seja ela uma Casa Concelhia ou uma Liga ou uma Comissão de Melhoramentos de freguesia ou de lugar. Na realidade, têm tido sempre, em geral, dirigentes capazes de dinamizar as actividades associativas, mobilizar apoios e recursos, promover as suas terras de origem e melhorar os mais diversos aspectos da vida das respectivas populações.”
Maria Beatriz Rocha-Trindade na sua Nota Prévia diz-nos que “No presente contexto, é nosso propósito mostrar ao grande público o que é realmente o Regionalismo das comunidades originárias das povoações da Serra do Açor, abrangidas nos três concelhos de Arganil, Góis e Pampilhosa da Serra; mas foi decidido que o estilo da obra, agora publicada, assentasse, também, na percepção visual das imagens que apresenta, em que a componente de texto serve mais o objectivo de enquadrá-las, do que visar subsistir como elemento autónomo de consulta.”
A finalizar a sua Nota Prévia, a autora esclarece-nos que “pretendeu-se que o trabalho realizado pudesse suscitar o saboreio estético da realidade que se pode observar naquela lindíssima região do País, prestando simultaneamente um tributo e o muito apreço pela acção dedicada que os Regionalistas desenvolvem, desde há décadas e onde quer que se encontrem, para fazer sobreviver as comunidades de origem e para melhorar a qualidade de vida das populações residentes. É sobretudo, uma homenagem sincera que se intenta prestar, com esta obra, às Gentes da Serra.” A. Domingos Santos in “A Serra e a Cidade – O Triângulo Dourado do Regionalismo” Maria Beatriz Rocha-Trindade 1ª Edição: Dezembro de 2009

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