São cerca de seis dezenas de comissões e ligas de melhoramentos ou de moradores que existem no concelho de Góis. A maioria tem sede na Casa do Concelho, em Lisboa, cidade que acolheu grande parte dos goienses que, nas décadas de 40, 50 e 60 deixou o mundo rural na busca de melhores condições de vida. Deixou, mas não abandonou, porque, efectivamente, os muitos munícipes nunca esqueceram as terras de origem e foram contribuindo, através das comissões e ligas de melhoramentos, para a criação de melhores condições de vida nas suas localidades e aos familiares e populações que continuaram no mundo rural. «Em boa verdade, eles estavam “ausentes”, mas continuavam “presentes”, como se a cidade se fundisse no campo e vice-versa», destaca a autarquia de Góis que celebra hoje o Dia de Camões de olhos postos nestes muitos munícipes que contribuíram e continuam a contribuir para a causa do regionalismo. É com um programa – o lançamento de um livro e a inauguração de uma exposição – que o município «pretende enaltecer e homenagear todos aqueles que se dedicaram e dedicam à causa do regionalismo, auxiliando e criando melhores condições de vida às populações, qualquer que seja o lugar onde se encontrem», justifica a Câmara de Góis.
A homenagem ao regionalismo começa pelas 10h00, na Biblioteca Municipal de Góis, onde vai ser lançado o livro “A serra e a cidade – o triângulo dourado do regionalismo”, da autoria de Maria Beatriz Rocha-Trindade. Uma obra que, segundo a autora, pretende dar a conhecer aquela região do país, «prestando, simultaneamente, um tributo e o muito apreço pela acção dedicada que os regionalistas desenvolvem, desde há décadas e onde quer que se encontrem, para fazer sobreviver as comunidades de origem e para melhorar a qualidade de vida das populações residentes».
E a partir desta ideia, dos regionalistas “ausentes” mas “presentes”, que se desenrola a exposição de fotografia que hoje também é inaugurada. A mostra, intitulada “Os presentes, os ausentes”, resulta de um desafio lançado pela autarquia de Góis à fotógrafa Luísa Ferreira, cujos laços familiares a unem à freguesia de Vila Nova do Ceira. A autora reúne assim, nesta mostra que hoje é inaugurada às 11h30, na Casa do Artista, um conjunto de fotografia datadas de 1987 a 2010. E aproximando-se o 17 de Junho, dia da Desertificação, a autarquia de Góis pretende, com a visualização das fotografias expostas, promover uma reflexão sobre o abandono do mundo rural para as cidades, nomeadamente Lisboa, onde residem várias gerações de goienses. Além da mostra, patente até final de Junho, os visitantes podem ainda assistir a um vídeo elaborado pela artista.
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in Diário de Coimbra 10/6/2010
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