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A União Progressiva da Freguesia do Colmeal no dia em que comemora os seus 78 anos de existência vai visitar o Palácio Nacional de Mafra (antigo Real Convento de Mafra), considerado o mais importante monumento do barroco português.
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O Palácio foi mandado construir por D. João V (1689-1750), em cumprimento de um voto para obter sucessão do seu casamento com D. Maria Ana de Áustria, ou a cura para uma grave enfermidade de que padecia.
O conjunto arquitectónico desenvolve-se simetricamente a partir de um eixo central, a Basílica, ponto culminante de uma longa fachada ladeada por dois torreões.
Construído em pedra lioz da região de Pêro Pinheiro e Sintra, o edifício ocupa uma área de 37 790 m2, compreendendo 1200 divisões, mais de 4700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pisos e saguões.
Aqui trabalharam operários vindos de todo o reino, chegando a atingir cerca de 50 000 num mesmo ano. Tal magnificência só foi possível devido ao ouro proveniente do Brasil, que permitiu ao monarca pôr em prática uma política mecenática e de reforço da autoridade régia.
A direcção da Real Obra foi entregue a João Frederico Ludovice, ourives alemão, mas com formação de arquitecto em Itália. O modelo adoptado inspira-se na Roma Papal, um barroco influenciado por Bernini, sem esquecer algumas influências germânicas.
A 17 de Novembro de 1717 lançou D. João V a primeira pedra, abençoada pelo Patriarca de Lisboa Ocidental perante toda a Corte.
Pensado inicialmente para treze frades, o projecto sofrerá entretanto sucessivas alterações para comunidades de 40, 80 e, finalmente, 300 religiosos.
No domingo 22 de Outubro de 1730, data do 41º aniversário do Rei, realizou-se a Sagração Solene da Basílica, dedicada a Nossa Senhora e Santo António, que durou oito dias no meio de um fausto e magnificência nunca vistos.
Para o Real Convento de Mafra encomendou o monarca obras de escultura e pintura de grandes mestres italianos e portugueses, bem como, em França e Itália, todos os paramentos e alfaias religiosas.
Na Flandres encomendou ainda dois carrilhões com 92 sinos, que constituem o maior conjunto do mundo.
Este monumento possui uma das mais importantes bibliotecas portuguesas com cerca de 40 000 obras, verdadeira síntese do saber enciclopédico do século XVIII.
Muitos destes volumes foram encadernados nas oficinas que funcionavam junto à Casa da Livraria, projectada por Manuel Caetano de Sousa em estilo rocaille, por encomenda dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
Visitado apenas por curtos períodos pela Família Real, este Palácio foi, no entanto, habitado durante todo o ano de 1807 por D. João VI (1767-1826), antes da partida da Corte para o Brasil em consequência das Invasões Francesas.
Com este monarca teve início um programa decorativo de que são exemplo as pinturas murais de algumas salas, como a Sala do Trono, da Guarda e de Diana. Também neste período, foram encomendados seis novos órgãos para a Basílica.
Regressada a Portugal, a Corte retomou o hábito das visitas a Mafra para celebrar algumas festas religiosas ou passar parte do Verão caçando na Tapada.
Foi deste Palácio que o último rei de Portugal, D. Manuel II, partiu para o exílio, a 5 de Outubro de 1910, depois de proclamada a República.
Para os altares da Real Basílica, para as diversas capelas e áreas conventuais, como a portaria e o refeitório, D. João V encomendou uma colecção de pintura religiosa que se conta entre as mais significativas do século XVIII.
A colecção de escultura compreende toda a estatutária da Basílica, encomenda joanina a grandes mestres italianos, constituindo a mais significativa colecção de escultura barroca existente em Portugal, a qual inclui ainda os seus modelos em terracota, bem como a produção da Escola de Escultura de Mafra, aqui criada no reinado de D. José I (1714-1777).
A colecção de paramentos é também de encomenda real em Itália (Génova e Milão) e em França. São obras de grande qualidade de execução, distinguindo-se das suas contemporâneas por serem bordadas com a técnica do ouro, mas utilizando apenas o fio de seda desta cor.
O Jardim do Cerco que também merecerá a nossa visita, foi construído e traçado entre o Palácio e a Tapada de Mafra, a maior zona natural murada a nível nacional.
Este jardim tem o potencial único de articular os valores arquitectónicos e ecológico e juntar as duas peças da mais forte afirmação cultural da época barroca em Portugal.
Como jardim barroco, destacam-se os jogos de água com cascatas e lagos, bem como os caminhos largos propícios à conversa e à contemplação.
2 comentários:
Vai ser interessante voltar a Mafra, onde passei três meses da minha vida, preparando-me para o que esperava aos jovens do meu tempo - a ida para o Ultramar.
É uma visita que vale a pena pela grandiosidade do monumento.
Visitar o Palácio é imperdível. Louvo-vos pelas iniciativas e pela parte cultural que tentam imprimir no que fazem. Um exemplo que outras colectividades poderiam seguir.
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