PASSADO – PRESENTE
Capítulo V
a) Origem da povoação ao Canto
b) Valados da Cova ao Curtinhal
c) Indústria de Cerâmica e Olaria
Tudo nos indica que a povoação se iniciou ao Canto, não só por meras suposições, mas sim por fortes razões naturais que passamos a explicar: o foco principal desta afirmação é a sua relativa planície e muito em especial a posição cardeal em que se encontra, ficando voltado para nascente, recebendo assim a luz solar durante todo o dia de que beneficiavam, como é lógico, as habitações ali construídas que consequentemente usufruíam uma maior e mais duradoira iluminação natural em relação a qualquer outro local.
Mas, e para além de todas estas suposições de origem natural, outras de ordem toponímica nos levam a aceitar como tendo sido ao Canto a origem do nosso Colmeal. Como tal temos a própria palavra Canto que significa: superfície, lugar afastado, sítio esconso. Esconso: inclinado, oblíquo, pendido. Superfície: que traduz a parte superior dos corpos (isto em sentido figurado). Ora em contraste com todos os terrenos que circundam o local, temos de concordar e é «uma superfície ligeiramente inclinada ou pendida e superior em relação e nível ao restante».
A povoação abastecia-se de água de nascente da ravina da Fontinha (1) e a qual ia para o Canto através do que restava da levada construída séculos antes pelos romanos.
Tomando em consideração que são parcialmente artificiais os valados contínuos em forma de semi-círculo (2), desde a Cova, Estreitinho ao Curtinhal, onde existe veia de barro, temos de visionar que o local teria sido um «plano», embora sem algum fundamento que certifique integralmente as ideias. Estes valados iniciados por nossos avoengos, para extracção de barro, chegaram ao presente como autênticas trincheiras, motivado pela erosão e mutação constante da natureza, porque com tão reduzido número de habitantes (3) era impossível a sua abertura ter sido totalmente efectuada pelo braço do homem.
As regulares quantidades camadas de tijolos que surgiam quando de escavações efectuadas outrora levam a crer (4) ter existido indústria de olaria e cerâmica, a qual acabou por se perder, não chegando a nossos dias fragmentos dessa laboração nem a sua transmissão de ascendentes para descendentes.
(1) Era uma ravina, visto o largo e terrenos de cultivo sobrepostos ao fontanário serem aterros artificiais.
(2) Analisado da «Poesia», o Bairro da Eira, dá o aspecto de formar uma «ilhota», motivado pelo declive em direcção ao rio e da «ferradura» que formam os valados.
(3) Em 1527, existiam somente 24 habitantes.
(4) Esses tijolos que dizem apareciam outrora com frequência e em quantidades regulares não provam ter existido indústria de cerâmica. A base número um seria encontrar-se um forno de épocas remotas. Essa abundância de tijolos teria sido derivada de destruição de restos desses fornos?
in Boletim “O Colmeal” Nº 106, Julho de 1970
Sem comentários:
Enviar um comentário