12 setembro 2009

Freguesia do Colmeal (História) IV

PASSADO – PRESENTE Capítulo IV NO LIMIAR DA HISTÓRIA
Colmeal (1) foi povoado por D. Sancho I (2), no século XII, por volta do ano 1190 (3), ou seja passado um lustro após ter sido aclamado rei (4); todavia, as suas iniciais formação e denominação – CULMUM (5), se perdem entre a bruma dos séculos. Seus fundadores e primitivos habitantes foram os Romanos que vieram até aqui, mediante as suas aventuras migratórias e conquistadoras. Esta terra era-lhes devera agradável, pois aqui encontraram meios propícios à sua subsistência, tais como: abundância demasiada de caça nas densas florestas; frescas nascentes de água, onde a notabilidade se evidenciava; abundância de peixe existente no rio; existência de terras próprias para serem cultivadas, após se efectuar previamente o seu desbravamento e ainda importantes atractivos, como o ouro e a prata que neste local abundava. Contudo o único vestígio de existência Romana e da inserção da sua civilização, que chegou até esta época, é apenas a levada (6) talhada na rocha, a qual entra na freguesia pelo nascente, no sítio denominado Ribeira de Ádela, e a qual seguia sensivelmente o traçado actual da estrada, desde o Porto Ribeiro, Longo das Vinhas, Largo da Fonte, entrando no Porral em direcção ao Canto, onde a existência das primeiras habitações nos parece certa, mediante todas estas indicações. O Romano era um povo belicoso, combativo, e também era um verdadeiro povo de agricultores, onde se destaca o caso de o grande proprietário pegar na charrua e lavrar ao lado do pequeno agricultor. A levada foi concebida como conduta de água, com a finalidade de ao longo de todo o seu percurso (7) se proceder à separação de minérios e simultaneamente se regar os terrenos de cultivo, obtendo-se assim colheitas mais abundantes. Nas intermitências onde não havia rocha, era aplicada e adaptada, uma espécie de cal hidráulica, igual àquela utilizada na construção de condutas italianas, construídas no século I, antes da nossa era, e as quais ainda estão em funcionamento. A mina de Alfândega, que lendariamente se diz atravessar toda a Cova na sua extensão e que passa a algumas dezenas de metros abaixo do Centro Paroquial (8), foi perfurada com o fim de explorar o ouro, assim como a de Ádela (9), que também segundo a lenda, parece atravessar a serra em direcção a Celeviza. (1) Antigo Colmial (2) Torre do Tombo. Vol. III – Inq. da Beira e Além Douro, folhas 10, lê-se o seguinte: «E dizem que o cadafaz e o caraulhar do ssapo e o colueal e a folgosa e a Cerdeira e a abegoaria foram pobradas em tempo del Rey dom ssancho e del Rey com afõsso prestumeiros e dellas em tempo rey herdamentos que comprarom filhos dalgo de gooes domes dessa villa.» (3) Vol II – História de Portugal – Prof. Damião Peres, folhas 119, consta: «Nos primeiros anos de governo próprio, Sancho não descura a povoação doutras regiões, como a Beira Alta e…» (4) Reinou de 1185 a 1210 (5) Ver Capítulo I – Toponímica. (6) Atribuída sem razão aos mouros e cuja lenda nos diz que semelhante construção foi originada por um rei ter uma filha lindíssima e dois pretendentes, não sabendo a qual conceder, prometeu sua filha ao que primeiro viesse a construir um castelo ou que a água corrente do Ceira viesse a conseguir levar ao local do acampamento. (7) Dizem ter tido início no local denominado Ponte de Cartamil e terminar em Bobadela. (8) Também aqui a lenda diz que a largos metros de profundidade a mina é interrompida, surgindo um grande poço e na sua frente uma estátua de guerreiro, «proibindo a passagem de intrusos». (9) No local foram em tempos, encontradas várias mós e peças de olaria, mas como nunca foram analisadas por pessoa competente, acabaram por se perder, desconhecendo-se o seu valor arqueológico. in Boletim “O Colmeal” Nº 105, Julho de 1970

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