Tinha um bom carácter e um bom carácter é meio caminho andado para um moço vir a vencer na vida, para se impor pelos seus dotes naturais de verticalidade, com a cabeça no lugar, como era seu timbre.
Tantos anos volvidos, talvez por crescermos juntos, paredes-meias, não esquecemos facilmente as descritas virtudes dum moço da nossa geração, muito cedo órfão de pai, que chegou a frequentar o Seminário, infelizmente desaparecido, se ousarmos dizê-lo, quando já se adivinhava o despontar das fratricidas guerras coloniais.
Estamos falando de Américo Martins Brás, filho de António Martins Brás e de Lucinda Lopes, nascido na nossa aldeia em 6 de Novembro de 1934 3 falecido aos 22 anos, em 24 de Maio de 1957, na Índia, ao serviço do nosso exército.
Era um cidadão do mundo, como tantos outros. No entanto ele procurou ter sempre um grande sentido familiar, de união constante feita através da harmonia, sempre rodeado de amigos, de colmealenses, estivesse na aldeia ou na capital onde trabalhava na indústria hoteleira.
Também na Índia, onde o seu corpo havia de ficar para sempre, deixou ficar amizades, saudades que perduram ainda entre ex-colegas do exército. Treze anos volvidos, em 24 de Maio de 1970 e por iniciativa de ex-militares que se deslocaram ao Colmeal, é celebrada missa na igreja matriz por intenção do infortunado militar colmealense.
Por muitos conterrâneos desconhecerem, revelamos: por puro amadorismo, por vocação, praticava hóquei em campo. Era atleta de vincada personalidade, muito calmo, regular técnica, com impressionante precisão no tempo de entrega e a antecipar-se ao adversário para chegar primeiro à bola. Preciosas entregas de esférico aos colegas colocados mais à frente, bons centros (alinhava a extremo direito), muita energia, voluntariedade e a juntar a todas estas faculdades de hoquista, bom poder de remate, sentido do golo.
Embora modestamente, como preito da nossa homenagem póstuma, assim podemos retratar este falecido colmealense e hoquista, nalguns jogos a que assistimos no «pelado» anexo ao antigo estádio das Salésias, envergando a camisola de «Os Belenenses».
Fernando Costa
Do espólio de Fernando Costa
in “O Varzeense” Nº 217, de 15 de Fevereiro de 1991
Foto cedida por Aurora Domingos Henriques
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