Quem não conhece as Escadinhas de Santo Estêvão em Alfama? Ou uma das suas muitas vielas?
Local privilegiado de poiso e acolhimento para muitos dos nossos conterrâneos dos concelhos de Pampilhosa da Serra, Arganil e também de Góis, quando nas primeiras décadas do século passado debandavam das suas aldeias à procura de vidas melhores.
E na Mouraria, nas suas ruelas estreitinhas, no Capelão, na João do Outeiro, onde em tempos tanto se falou de regionalismo e hoje mora a tristeza.
Num dos domingos de primavera, o chão deste bairro lisboeta cobre-se de um tapete de rosmaninho e alecrim, por onde passa uma imagem de Nossa Senhora, vestida e coroada de rainha.
"Há festa na Mouraria,
É dia da procissão
da Senhora da Saúde;
Até a Rosa Maria,
Da rua do Capelão,
parece que tem virtude."
Fotos de "Lisboa e os seus encantos", CML, 1959
4 comentários:
Naquele bairro fadista
Calaram-se as guitarradas,
Não se canta nesse dia;
Velha tradição bairrista,
Vibram no ar badaladas,
Há festa na Mouraria.
Mas Lisboa não é só Mouraria.
É para cima, em todas as colinas.
De noite iluminada, em pequenos focos de oiro estrelado, parece uma rutilância irisada. Quando uma luz se acende, apaga-se outra...
Tambem por lá viveram meu avô, minha avó, meu pai e eu.
Sandra Henriques
É bom revisitar estes recantos desta Lisboa de outras eras.
Para cada casa ou para cada janela que olhamos, sempre teremos algo que nos recorda alguém que lá morou, que por lá passou os seus melhores anos ou anos de muita canseira.
Ali morava o Alfredo, ali era a casa do Fontes, daquele lado morava o Reis, etc.
Naquela esquina falava-se de regionalismo, naquela tasca bebia-se um copo e punha-se a escrita em dia.
Sempre é bom revisitar estes recantos.
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