16 fevereiro 2009

Figuras e Factos ( 2 )

Abel dos Santos “ Esta secção surgida em Outubro de 1964, mas já existente antes, embora sem título definitivo, manteve-se até determinada altura com alguma regularidade focando «figuras» que, de algum modo, individual ou colectivamente, directa ou indirectamente, deram o sei contributo, ou estiveram na origem de determinados «factos» de que hoje beneficiam as nossas aldeias e as suas populações. Por aqui passaram os mais variados nomes, a maioria dos quais ligados ao Regionalismo, em cujo movimento se destacaram pelo seu dinamismo, devoção e interesse na solução de problemas comuns. Todavia, para quem conhece os bastidores e os meandros das agremiações regionalistas, não desconhece que aqueles que mais sobressaem não são unicamente pelo seu valor e dedicação a uma causa. O percurso regionalista de várias dessas personalidades de primeiro plano ficou-se devendo, em muitos casos, porque tiveram por colaboradores, em cargos directivos de menor responsabilidade, homens de menor cultura, menor poder de palavra – caso do improviso – mas muito mais conhecedores dos problemas das nossas terras e das nossa gentes. Mais conhecedores porque aqui nasceram, aqui andaram descalços na sua adolescência e juventude ao mato, à lenha, a cavar, a semear, a guardar o gado ou, em face das dificuldades do agregado familiar, mal frequentaram a escola porque tiveram de ir servir para ser menos uma boca a comer e um corpo a vestir. Isso não significava menos amor maternal. Era a lei da sobrevivência por um lado e da exploração pelo outro. Esses sacrificados homens que nem meninos foram, não escondem nem renegam o seu passado, aliás digno, antes o divulgam e contam, embora posteriormente tenham vencido na vida, tenham conseguido alguma cultura. A eles ficaram muitos dirigentes a dever a sua posição de destaque porque seguiram os alvitres, as sugestões desses homens humildes mas extraordinariamente válidos. Um presidente da direcção necessita desses regionalistas, tal como o arquitecto precisa do engenheiro para lhe fazer os cálculos do empreendimento e, depois, do empreiteiro, dos serventes, dos pedreiros, carpinteiros, etc., para executar a obra. Igualmente o mesmo se passa no futebol: são indispensáveis os tecnicistas mas estes sem os «duros», os que fazem uso da cabeça, dos pés e de todas as habilidades, não iam longe. No Regionalismo é a mesma coisa. São precisos os «tecnicistas», os «serventes» e aqueles que dão tudo por tudo. Como já se devem ter apercebido, nós estamos a pretender referir-nos ao Abel dos Santos, nascido no Soito. Abel dos Santos é um regionalista da velha guarda, um dos continuadores do regionalismo da freguesia, dos que dão tudo, mas sempre modesto, sempre despercebido, sempre útil e disposto a servir uma causa e uma comunidade que é a nossa. No 50º aniversário da União Progressiva da Freguesia do Colmeal, que ele sempre serviu zelosamente, parece-nos lógica e justa esta referência embora simples.
DANIEL”
in Boletim “O Colmeal”, Nº 175 de Julho/Agosto de 1981 No ano em que assinalamos o centenário do nascimento deste Regionalista (1909-1989) parece-nos ser de toda a justiça recordá-lo aqui neste espaço. Abel dos Santos, como se realça no texto, teve uma intervenção modesta ao longo dos anos, não deixando nunca de acompanhar as situações e de dar o seu contributo, o seu parecer, o seu conselho, no sentido de um consenso que a todos beneficiasse. O seu nome aparece pela primeira vez em 1941, quando em 21 de Dezembro é eleito como Secretário para o Conselho Fiscal. António Nunes dos Reis liderava a Direcção e a Assembleia-Geral era presidida por Joaquim Francisco Neves. Na Assembleia-Geral realizada em 20 de Dezembro de 1942 propõe a constituição de uma Comissão, com um elemento de cada terra, para estudar o assunto “Beneficência”, que viria a ser aprovada em 30 de Janeiro de 1944. Ocupou vários cargos na Direcção e no Conselho Fiscal, onde “terminou” a sua carreira trinta e cinco anos depois, presidindo a este Órgão, no período de 21 de Julho de 1976 a 2 de Abril de 1977. UPFC

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