08 maio 2008

Eu fui ao Açor...


Açor. Talvez o nome desta pequena aldeia provenha do de uma ave de rapina, semelhante à águia e ao milhafre.
Há um século atrás, em 1908, o Açor tinha apenas 7 fogos. (in "O Colmeal", n.º 4 - Maio de 1960).
Uma das aldeias da freguesia do Colmeal que vale a pena visitar.


Casario pouco, mas cuidado. Recuperado. Manto verde envolvendo as casas e bordejando a única rua da povoação. Oliveiras perto da porta com o lagar cada vez mais distante. Pedaços de terra que ainda vão tendo a mão de quem a acarinha e a amanha.

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Laranjas à distância de um braço para saciar a sede de alguém que passe. Bonitas, sem maleita.


Cenário multicolorido tendo ao fundo as mesmas casas num enquadramento onde se ouve o silêncio apenas perturbado pelo zumbido de uma abelha.



A parte que nos faltava ver e onde a recuperação cuidada das casas é bem visível. A mesma rua. A única. Limpa. Termina junto à capelinha que acolhe Nossa Senhora da Saúde.
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Camélias olhando e sorrindo para quem passa. Rosas em vários tons que dão um colorido bonito e diferente a esta aldeia. Pequenos jardins que alegram e aliviam o peso dos anos e a solidão de quem resiste às agruras dos invernos.


A única placa na aldeia. Na única rua da aldeia. Quem terá sido António d'Almeida, ainda por cima Cirurgião e nascido há quase duzentos anos? Lisete de Matos preparou recentemente uma pequena brochura que disponibilizou gratuitamente aos participantes da caminhada "Trilhos da Ribeira de Ádela/Caminhos da Escola", recuperando um trabalho de pesquisa que Fernando Costa fizera nos anos oitenta. Visite o Açor e tente descobrir quem foi este "Cirurgião do Caratão".


Sossegada, no cantinho, à espera que os participantes na caminhada passassem por aqui. Vestida e calçada por Lisete de Matos e maquilhada pela sua filha Catarina aqui me deixei ficar. Mas ao sentir aproximarem-se todos aqueles que quiseram recrear os caminhos da escola saltei do meu lugar e fui procurar outro de onde os pudesse ver melhor.



E nada melhor do que esta oliveira, junto à rua por onde eles vinham. Fiquei contente e feliz por ver tanta gente. A minha aldeia estava alegre, colorida, risonha. E no meu pequeno cartaz eu pedia-lhes que voltassem. Que voltassem sempre. Para eu, o Açor e todos nós voltarmos a recebê-los com um sorriso.

A. Domingos Santos

2 comentários:

Anónimo disse...

Enquanto residente, apreciei o olhar e a sensibilidade das observações, como apreciei as que foram feitas quando da visita a outras localidades. Bem interessante, o papel de dar visibilidade às terras que o "blogue" tem desempenhado!

Em tempos de natalidade exuberante, em 1908, o Açor teria, de facto, sete fogos e cerca de trinta habitantes. Hoje tem seis fogos habitados permanentemente e apenas onze habitantes, quatro dos quais activos empregados e um criança em idade escolar. Nada mau, face à recessão demográfica vigente! Em termos relativos, considerada a dimensão das povoações, é bem possível que o Açor seja uma das localidades da freguesia com mais população e população mais jovem. Em termos relativos, sublinho. Pena que isso não se traduza nas intervenções e estímulos necessários ao quotidiano, e à própria continuidade da fixação, em condições aceitáveis e socialmente justas!

Terra florida, dizem os que passam na estrada, o Açor é também uma terra muito acolhedora. É por isso que a segunda espantalha costuma estar ali a atrair pássaros descarados e visitantes desejados, enquanto a primeira se destinava a vestir uma capucha que não houve tempo para confeccionar, vendida que foi a última a um cavalheiro da Lousã. Fica para a próxima, até porque ao Verão se seguirá o Inverno, que também é muito bonito. O sorriso estará à espera!

Lisete de Matos

Elisabete disse...

Olha olha.... quem é ela!!!! A senhora da fotografia é a feirante que costuma ir à FACIG que se realiza em Góis no mês de Agosto.
Está sempre no stand da Junta de Freguesia do Colmeal a "vender" artesanato! :) Faz muito sucesso e ainda ouve umas graçolas dos rapazes que vão passando por ali.

(Esta ou uma irmã gémea, tão gentilmente cedida pela Senhora Lisete Matos, do Açor. Obrigada)