12 setembro 2016

COLMEAL foi a CABO VERDE (III)


Prometíamos continuar pela Baía das Gatas e terminamos o segundo bloco sobre a nossa recente viagem a Cabo Verde, com o poema “Cais”, de Manuel Lopes.
Começamos este, com Onésimo da Silveira, poeta e diplomata, nascido também na Ilha de São Vicente, em 10 de Fevereiro de 1935.
                                              
Lá vem nhô Cacai da ourela do mar
Acenando a sua desilusão
De todos os continentes!
Ele traz o peito afogado em maresias
E os olhos cansados da distancia das horas...

Lá vem nhô Cacai
Com a boca amarga de sal
A boiar o seu corpo morto
Na calmaria da tarde!

Nhô Cacai vem alimentar os seus filhos
Com histórias de sereias...
Com histórias das farturas das Américas...

Os seus filhos acreditam nas Américas
E sabem dormir com fome...
                   
 (Hora grande, 1962)

E agora estamos prontos para ir até à Baía das Gatas. É uma pequena localidade onde todos os anos se realiza, no primeiro fim-de-semana de lua cheia de Agosto, um festival de música internacionalmente famoso. Uma bela baía, uma enorme piscina natural de águas calmas e cristalinas, protegida por rochas que fazem uma barreira. O seu nome deriva da abundância nas suas águas de uma espécie de tubarão, o tubarão-gata. Ninguém quis perder a oportunidade de tomar um refrescante banho e confirmar a excelência daquelas águas cristalinas. O almoço estava divinal. Alegria e boa disposição estiveram sempre presentes.







A leste da Baía das Gatas fica a Praia Grande ou Praia do Norte, com o seu areal a perder de vista. Salamansa e Calhau, antes de iniciarmos o regresso ao Mindelo, sempre com o mar por perto.
















Uma breve paragem no Cemitério, junto à campa de Cesária Évora, a “diva dos pés descalços”, que maior reconhecimento internacional teve em toda a história da música popular cabo-verdiana. Quem não conhece “Sodade”?
No mesmo cemitério encontram-se sessenta e quatro campas de soldados das tropas expedicionárias portuguesas que ali morreram, a maior parte por doença, durante a 2ª Guerra Mundial. Alguns, militares das duas baterias de antiaérea de Monte Sossego, quartel que havíamos visitado de manhã.
A caminho do Hotel, um pequeno desvio pela casa onde viveu Cesária Évora.


















São Vicente foi sempre uma ilha fértil em termos culturais. A cidade do Mindelo é informalmente considerada a capital cultural de Cabo Verde e as suas noites são famosas pelos seus bares animados com música ao vivo, nos quais, por exemplo, teve início a carreira de Cesária Évora. Além da música, a cultura são-vicentina destaca-se em diversas áreas como o teatro e a literatura.
As noites do Mindelo constituem, talvez, o maior atractivo turístico desta ilha. Uma perfeita miscelânea com música, dança e gastronomia. O nosso jantar típico iria contemplar tudo isso. Degustando a famosa “cachupa”, e ouvindo e dançando mornas e coladeras, embalados no calor da noite. E com um aniversário para festejar.
Para recordar os 50 anos da chegada do seu pelotão ao Mindelo, o nosso presidente, então jovem oficial de cavalaria, ofereceu a todos os participantes uma placa alusiva.  
As noites do Mindelo são realmente diferentes.

















Sobre a visita que vamos fazer pela cidade do Mindelo, uma cidade universal onde as culturas e os costumes se cruzaram e se cruzam e o calor humano das suas gentes acolhe aquele que chega, vos daremos conta no próximo “capítulo”.

UPFC
Fotos de vários participantes

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta segunda reportagem,trás à lembrança as horas passadas em S. Vicente e no Mindelo, foram momentos divertidos. Bem comidos, bebidos e dançantes com as coladeiras e mornas ao som da bela música. O mar e as praias sempre por perto. Nós os viajantes, sendo um grupo heterogéneo, mas de uma camaradagem exemplar. Bem haja ao Colmeal.
Saudações.
Manuel Lemos