Continuamos
a dar-vos nota do que foi o excelente passeio que a União Progressiva da
Freguesia do Colmeal organizou para os seus associados e que de 12 a 15 de
Setembro os levou à descoberta do Nordeste Transmontano. Vamos prosseguir a
nossa visita à bonita cidade de Bragança.
A “Domus Municipalis” é
um monumento singular (e ainda enigmático) da arquitectura românica civil e um
exemplar arquitectónico eloquente do período tardo medieval. A sua edificação
data, muito provavelmente, do primeiro terço de quatrocentos, podendo ter
coincidido com a do castelo. A "Domus" é constituída por dois corpos
distintos. As denominações primitivas -"cisterna", "sala de
água" - indicam que os objectivos, que presidiram à edificação, teriam
sido, primordialmente, de ordem utilitária. Incorpora uma cisterna de boa
fábrica para armazenar águas pluviais e nascentes. O extra-dorso da abóbada,
que cobre a cisterna, forma o pavimento lajeado do salão. É este espaço
arquitectónico superior, constituído pelo salão fenestrado, que empresta
originalidade à edificação brigantina. Se não podemos concluir que esta "parte
aérea" tenha sido edificada para servir especificamente como Paços do
Concelho (Casa da Câmara), também não podemos afastar a hipótese de o
"salão" ter sido utilizado, logo que acabado, para nele se realizarem
reuniões dos "homens bons".
Visitámos ainda o Museu
do Abade de Baçal, criado há cerca de um século e situado no centro histórico
da cidade de Bragança.
Integra actualmente no
seu acervo parte importante do espólio proveniente do Paço Episcopal, do qual
se destaca a própria capela. Ainda das colecções de arte sacra, podem
distinguir-se um raro pluvial quinhentista, algumas esculturas barrocas de
qualidade incontestável, o tríptico Martírio de Santo Inácio a Anunciação e
ainda a Arca dos Santos Óleos. A este conjunto inaugural juntam-se mais tarde as
colecções do Museu Municipal de Bragança e as recolhas do Abade Baçal,
nomeadamente peças de arqueologia, numismática, epigrafia e etnografia, e outras
aquisições. Nos testemunhos que pretendem ilustrar a história da região do
Nordeste Transmontano destacam-se alguns das sociedades recolectoras e
metalúrgicas que a habitaram. A romanização da zona de influência do museu está
representada por colecções variadas. Os forais manuelinos, as varas de vereação
e de justiça, as medidas-padrão quinhentistas para líquidos e sólidos são
testemunhos materiais da afirmação da importância administrativa da região de
Bragança. A colecção de máscaras que mais recentemente foi constituída permite
dar conta dum importante complexo ritual do ciclo festivo tradicional e
especifico da região.
O Museu Ibérico da
Máscara e do Traje revelou-nos um esforço louvável no sentido de preservar e
mostrar as tradições locais. Quem não conhece os “caretos”?
Inaugurado em 2007, é
um espaço de divulgação das tradições relacionadas com as máscaras do Nordeste
Transmontano e da Região de Zamora. Local único onde se encontram expostas
máscaras, trajes, adereços e objectos feitos por artesãos portugueses e
espanhóis e usados nas “Festas de Inverno” em Trás-os-Montes e Alto Douro e em
Zamora.
Ao almoço, na bonita
“Quinta das Covas” em Gimonde, junto ao rio Sabor e ao Parque Natural de
Montesinho, deliciámo-nos com a inconfundível carne de porco bísaro, criado
livremente no campo e alimentado a castanha, que se distingue pelo seu sabor e
pela fina textura de gordura intramuscular que a torna marmoreada, macia e
suculenta. Mas antes das sobremesas ainda nos regalámos com um espectacular
cabrito no forno, uma especialidade à moda de Montesinho.
De regresso a Bragança
cada um procurou gerir o tempo livre como melhor entendeu para passear pelas
ruas da cidade e apreciar os produtos manufacturados na região, como sejam a
cestaria, os trabalhos de cobre e os linhos.
À noite, depois do
jantar, os participantes foram confrontados com uma agradável surpresa que a
UNIK lhes preparara – um grupo folclórico e de cantares regionais que a todos
encantou e que no final da actuação a todos levou para a pista de dança para um
animado e alegre convívio.
Foi um excelente final
de dia enquanto no exterior os trovões soavam e os relâmpagos rasgavam a noite
com uma claridade momentânea.
UPFC
Fotos
de A. Domingos Santos
Apoio
Turismo de Bragança
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